Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

O Coringa

13/03/2009


Morreu há pouco mais de um ano o ator Heath Ledger, após uma acidental combinação de remédios.

Mas a verdade é que ninguém morre misturando Neosaldina com Cataflam. Vivia problemas pessoais o jovem australiano, de apenas 28 anos. Havia acabado de se separar da mulher, depois de encerrar seu trabalho como o Coringa, em "Batman, o Cavaleiro das Trevas". Deve ter sofrido uma overdose de drogas ou antidepressivos tarja-preta.

Jack Nicholson já havia assumido o papel em 1989. Recentemente, afirmou que recorreu à terapia para se livrar do transtorno emocional causado pelo personagem.

Pode ser apenas uma coincidência mórbida, mas o vilão tentava justamente provar que até os melhores humanos podem se autodestruir. Tudo o que precisam é de um empurrãozinho das forças do mal.

Pois o Coringa é mais do que mau. Ele é cínico, sádico e inteligente. Ele não é um bandido ordinário, cuja motivação é a ganância. Queimou uma pilha de dólares para provar isso. O Coringa quer mesmo é ver o circo pegando fogo, pelo simples prazer de experimentar o desespero de suas vítimas.

Eis sua tática mortal. Aproveita-se dos pequenos pecados das pessoas, desses que todos nós temos, e cria desencontros de opiniões e informações, atuando apenas como um catalisador da discórdia. Depois, senta-se e assiste ao espetáculo.

Não é segredo para ninguém que Petraglia tem uma apimentada afeição pelo poder. Talvez a vaidade seja o seu pequeno pecado e estejam usando isso contra todos nós. Pois MCP não é o Coringa desta história. Não quero acreditar que deseje deliberadamente a desgraça do Furacão só porque perdeu prestígio político.

Todo este rebuliço foi criado por alguns veículos de comunicação, estes sim fiéis ao Coringa original, até na vestimenta verde.

Aos que pouco se importam com o poder, somente com a honra e glória do Clube Atlético Paranaense, nós, humildes torcedores, deveríamos ignorar as trocas de farpas. Não deveríamos tomar partido ou considerar retaliações, mas combatê-las com indiferença. Nossa arma é o orgulho de ser atleticano.

Ainda não temos condições de avaliar as promessas, as intenções e o modelo de gestão da atual diretoria. Por enquanto, aqueles que atacam, aqueles que revidam, aqueles que ofendem, aqueles que se sentem ofendidos, e principalmente aqueles que se deixam influenciar, passivos, são todos marionetes de um Coringa sorridente, patrocinador e expectador de nossas desavenças.

O fato incontestável é que, com ou sem Petraglia, estamos apenas no início de uma jornada de três anos, onde não há clima, espaço ou tempo para bibibis e bafafás. Petraglistas e anti-petraglistas: voltem a se cutucar só ao final de 2011 (com pelo menos um pouco mais de decência, por favor). Sejam atleticanos, acima de tudo, antes de defensores ou opositores de MCP.

Querem criar uma crise que não existe. Querem nos desestabilizar, tirar-nos o foco de crescimento e títulos. Até aí tudo bem. Pior é perceber que estamos caindo na cilada, criando facções e militantes para destruir nossos próprios interesses, nossa paixão.

Todo cuidado é pouco. Um coadjuvante saiu das telas e matou sutilmente o ator que o interpretou. Que não se desfaça a união em torno do Atlético, da mesma forma, por aqueles que vendem em manchetes o caos rubro-negro.


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