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Rafael Lemos
Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da Língua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.
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Marlos: 20 gramas de carne num litro d’água
07/03/2009
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“Eu sou é eu mesmo. Divêrjo de todo o mundo… Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa”. (Guimarães Rosa in “Grande Sertão: Veredas”).
Especula-se pela cidade que o jogador Marlos, do time verde, poderá reforçar o nosso Atlético. Ao saber da notícia, busquei na memória algumas atuações do Marlos e, sempre que fechava os olhos pra tentar resgatar alguma boa participação dele, não vinha nada. Ao tentar lembrar do Marlos, o que me aparecia era o Keirrison, este, sim, um jogador altamente capacitado, desde os tempos em que atuava pelo time vizinho do cemitério.
Acendi um cigarro ali na janela da área de serviço e comecei a matutar, estilo mineirinho de piada. Pensei, pensei e reuni algumas das experiências acumuladas nesses últimos 30 anos de futebol. “Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa”: o Marlos não me convence como jogador de futebol. Ele e o Pedro Ken não me convencem e só conseguiram boa projeção por obra e arte do Keirrison.
Ainda assim, para não me precipitar e não cometer as injustiças decorrentes das precipitações, consultei dois coxas-brancas insuportáveis, mas que me são fundamentais pelo companheirismo, pela amizade e pela rivalidade sadia. O primeiro me disse “O Marlos é o famoso enceradeira. Se for embora do “verdão” (palavras do meu amigo) será um grande negócio para nós”.
O segundo afirmou “O Marlos é um enrolador. Fica lá com aqueles driblinhos, pra lá e pra cá, e que não dão em nada e se acha o craque! Pra mim, Rafael, o Marlos se resume a 20 gramas de carne num litro d’água! Se for, já vai tarde!”.
Bom, aí eu li as duas opiniões dos bons amigos e elas vieram ao encontro do juízo que eu já tinha formado acerca do Marlos. Todavia, antes que me tachem de radical, lembro que em 1991 o Atlético e o time verde trocaram entre si jogadores e a coisa acabou dando muito certo.
Moreno, um atacante apagado no time verde, veio pro Atlético e se consagrou, caindo nas graças da exigente torcida Rubro-Negra por conta de muitos gols e de atuações cheias de disposição e entrega. Para os verdes, foi cedido um certo Luiz Carlos que, pelas bandas do time vizinho ao Hospital de Clínicas, se deu muitíssimo bem (agora me foge à memória se era Luiz Carlos Martins ou Luiz Carlos Oliveira e não duvido que apareça como certo um terceiro sobrenome).
Não quero ser rude com o Marlos - é um bom menino, trabalhador, gente de bem e consta que é atleticano - mas não me parece que seja jogador para o Atlético, até porque o próprio time verde não anda fazendo muita questão de sua permanência lá no gramado onde brilharam cracaços esmeraldinos como Petróleo, Berg e Jétson.
Muita gente em nossas fileiras vê em Marlos um jogadorzaço. Eu não vejo nada: “Divêrjo de todo o mundo…”.
P.S.:
¹Muita gente por aí está querendo me colocar ora a pecha de petraglista, ora de anti-petraglista, mas “Eu sou é eu mesmo”, Atleticano, e cada vez mais Atleticano, desde 1982. “Viver é negócio muito perigoso!” (Guimarães Rosa).
²Amanhã, será comemorado o Dia Internacional da Mulher. Ah, mulheres, eu queria apenas que vocês soubessem que a gente não é nada sem vocês. Ah, mulheres, eu queria que o Dia Internacional fosse uma forma de dizer que a gente ama todas vocês, pelo simples fato de serem belas, serem fortes, serem filhas, mães, namoradas, amantes, amadas. Que fosse uma forma de dizer que a gente ama vocês pelo simples fato de serem vida, de serem o melhor que existe nela, pelo simples fato de serem Mulheres!
³ E como não podia deixar de ser, beijos especiais para a minha namorada, Edith Aragão, e para a minha mãe, Dona Cleonice - as grandes mulheres dos meus dias, as grandes mulheres do meu mundo.
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