Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Vaias que revoltam

02/03/2009


Não existe pior sentimento para o ser humano que a ingratidão. A ingratidão é a prova máxima do quanto somos míopes, do quanto temos memória fraca e seletiva. A ingratidão consiste em esquecer, desconhecer ou reconhecer mal os benefícios. Sua origem está na insensibilidade, no desprezo pelas coisas que realmente valem a pena.

Ingratos foram todos aqueles que vaiaram Alberto em sua saída de campo no jogo de ontem, contra o Iraty. Não que o Alberto esteja jogando um super-futebol ou que mereça uma vaga no time titular. Mas Alberto tem algo que a grande maioria dos jogadores que passaram pelo clube não tem: HISTÓRIA!

Alberto é ídolo e as vaias que são destinadas a ídolos doem não apenas nos ouvidos, mas também no coração. Mais do que doer, vaias que são destinadas a ídolos revoltam, sufocam, indignam.

Talvez, alguns dos vaiantes sequer conheçam a história de Alberto no Atlético. Para isso, precisamos voltar apenas um pouco ao tempo. Numa época em que o Atlético não era nada no mapa do futebol brasileiro, apenas um time simpático de Curitiba. Um time simpático, aguerrido, que tinha em seu estádio e em sua torcida suas maiores forças. E naquele time de 1996, que tinha ídolos como Oséas, Ricardo Pinto e Paulo Rink, Alberto foi o grande craque e fez história. Numa época em que era praticamente impensável no futebol paranaense, ele foi considerado o melhor lateral-direita do país.

Brilhou e fez sucesso com a camisa atleticana. Numa época em que precisávamos canalizar recursos para construir a Arena, rapidamente negociamos uma dos melhores lateral-direitas da história do futebol paranaense. E Alberto se transformou em tijolos, concreto, armações de ferro da nossa Baixada. Ele ajudou, e muito, na concretização do nosso sonho, da nossa casa.

O tempo passou e ele, num gesto de puro atleticanismo, resolveu voltar. Não que precisasse nos provar algo ainda. Não que tivesse alguma dívida com o Atlético. Mas voltou porque o seu coração atleticano assim desejou. Voltou porque necessitava estar com e junto do Atlético e dos atleticanos.

Em campo, as pernas não obedecem mais como antigamente. Os lances já não são tão geniais e brilhantes como outrora. Mas ele tem a sua importância. Importância de guerreiro, de quem sabe e conhece a história do Atlético. É hora de parar? Com o futebol talvez sim. Mas com o Atlético certamente não. Alberto ainda tem muito a dar para o Furacão e certamente poderá exercer alguma função dentro do clube para aglutinar atletas, passar o seu conhecimento e o seu atleticanismo para os jogadores mais novos.

O que ele não merece é a ingratidão e a vaia de cegos e gente de memória fraca. Um ídolo merece acima de tudo uma coisa: RESPEITO!


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