Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

Experiências

27/02/2009


Estive pensando em uma mulher com os cabelos ondulados de Julia Roberts, boca de Angelina Jolie, narizinho de Nicole Kidman, bochechas de Sophia Loren e olhos de Bette Davis. As pernas de Charlize Theron, a bunda de Jennifer Lopez e os seios naturais de Scarlett Johansson. Uma mulher nota mil, que de quebra me lançava o charme irresistível de Greta Garbo.

Só para eu não apanhar com um rolo de macarrão, adiciono agora a esta lista a barriguinha levemente grávida de Dona Pati.

É bom sonhar com a perfeição, mas a obsessão poderia criar um monstro feminino, um Frankenstein de saia e batom, mais feio que a Dilma Rousseff.

Enquanto isso, no campeonato paroquial, enfim experimenta os últimos retoques o fantástico Dr. Geninho, que também trabalhava em sua obra-prima, juntando peças e avaliando combinações possíveis. Bem a tempo, antes que a invenção se voltasse contra o inventor.

Descansa um goleiro, joga o outro. Puxa um zagueiro daqui, leva um volante acolá. Nas laterais, põe um guri, saca um vovô e improvisa um meio-campista. Sai um colombiano, entra um paraguaio. No ataque tem rodízio: nascidos em ano ímpar não jogam aos domingos.

Tira, bota, deixa ficar. Parecem os escravos de Jó, jogando caxangá.

PALPITES DE UMA FORMAÇÃO IDEAL

Geninho sabe muito bem quem é quem e o quanto cada um pode render. Faz tempo que já martela em sua mente a escalação do onze titular. Sua motivação para tantos testes neste início de ano não é definir o time, até mesmo porque ele sabe que um jogador precisa de uma certa sequência até engrenar. Ninguém seria capaz de julgar o rendimento do garoto Pimba, por exemplo, considerando apenas os quinze minutos que teve para demonstrar seu futebol; dez numa rodada, cinco na outra.

A verdadeira razão para o troca-troca é evitar futuros conflitos dentro do grupo. Assim, nosso gênio levará a boleirada na palma da mão até o final da temporada. “Cala a boca, não reclama e joga mais, muleque, tu teve a tua chance e não aproveitou,” então poderá dizer.

De qualquer forma, tal política de apaziguamento de ânimos serve para que a torcida conheça melhor o elenco. Afinal, quantos fulanos e siclanos já chegaram aqui, comeram de graça, engordaram, foram emprestados, retornaram, saíram na noite, encheram a cara de cachaça e mais uma vez foram embora, sem nunca terem pisado no gramado da Baixada?

Assim ficam mais sensatos os palpites de uma formação ideal. Como qualquer corneta que se preze, a seguir arrisco os meus. O time ficou mais consistente com dois marcadores, então seguirei este esquema.

No gol, Galatto e Vinícius estão no mesmo nível técnico. Ambos são bons profissionais, que se respeitam bastante. Qualquer um que estiver debaixo dos paus representará bem o Atlético, mas acho que o Vinícius transmite mais confiança. Renan Rocha está ainda um pouco abaixo. Não comprometeu, mas parecia pouco à vontade.

A vaga da ala-direita ainda aguarda a recuperação de Nei, titular, e a promoção de Raul, reserva. Para quem viu Alberto jogar há dez anos, e agora vê este ser cambaleante pelos cantos do campo, que não sabe marcar nem cruzar, fica difícil de acreditar que trata-se do mesmo atleta. É uma pena, pois torço muito por ele, e ele retribui com bastante dedicação, mas infelizmente não dá mais. Zé Antônio também jogou por ali, mas deve brigar pela posição de segundo volante.

Na ala-esquerda, Márcio Azevedo mostrou que é o melhor. Aliás, alguma coisa aconteceu para ele ter perdido a posição durante o último Campeonato Brasileiro, em mais um daqueles episódios misteriosos ambientados no CT do Caju, que ninguém vê, ninguém sabe e ninguém explica. Dá a impressão que o guri é marrento demais e um pouco desajustado emocionalmente. Talvez seja isto. Deve ter comprado alguma briga, causado desavenças e discórdia. Pois então que controle seus instintos toscos e que jogue o que sabe, pois é para isto que recebe seu cascalho. No banco, Alex Sandro.

Os zagueiros são estes que estão aí. Da direita para a esquerda, Rhodolfo, Antônio Carlos e Chico. O primeiro é muito bom zagueiro, mas alguém precisa o informar que ele não é o Baresi. Ele não é nem o Paulo André ainda. Juninho e Rafael Santos, nesta ordem, surpreenderam positivamente e são opções melhores que as do ano passado, Alex Fraga e Leandro Bambu.

Atuando como segundo homem do meio de campo, Jairo foi discreto, pois compõe bem a marcação, mas não tem muita habilidade para sair jogando. Então o colocaria na suplência de Valencia, nosso primeiro volante unânime.

Quanto ao segundo volante, aposto minhas fichas na contratação do Claiton para o segundo semestre. Até lá, o jeito é colocar Zé Antônio, Renan e Gabriel Pimba para brigarem por um lugar no time. Eu daria uma leve vantagem a Renan, dono da cabeleira mais horrorosa do mundo, que foi o melhor em campo contra o Iguaçu.

Marcinho na meia-cancha, titular absoluto. Netinho e Julio dos Santos esperam a vez para jogar por ali. Alguém pode achar que vou falar uma besteira aqui, mas não deixo de expressar minha opinião: ainda bem que Ferreira foi embora. O baixinho joga muito, ninguém pode negar. Agradeço os serviços prestados, mas acho que segura demais a bola. Com ele, perdemos os contragolpes rápidos que tanto caracterizaram as nossas equipes até 2005. Inclusive, já achei que o time esteve mais solto durante este último compromisso. O fato é que, coincidência ou não, não ganhamos mais nada desde que ele chegou. Logo, não fará falta.

No ataque, Rafael Moura está garantido. Mesmo quando joga mal, faz gol. Mesmo quando não faz gol, mostra muita raça e segura pelo menos dois zagueiros dentro da área adversária, abrindo espaços para quem vem de trás. Ao lado dele, mesmo que Júlio César tenha melhorado bastante e tenha sido decisivo contra o Paraná, mesmo que Wallyson tenha aproveitado satisfatoriamente a oportunidade que teve, a vaga deve ficar com Lima, o Diamante Negro da Baixada, que foi mais regular e tem a preferência das arquibancadas. Preá, Kamali e Patrick correm por fora.

É isso. Se sair um titular, por suspensão ou contusão, que a posição seja preenchida pelo reserva imediato. Por favor, chega de invenções pardalianas.

MORAL DA HISTÓRIA

É melhor garantir um conjunto arrumadinho logo de uma vez. Não preciso da Gisele Bündchen. Apresentem-me a Ana Paula Padrão de pijamas e eu estarei agradecido. Assim como não precisamos de um carrossel holandês. Coloquem um time entrosado e competitivo para jogar, no mínimo melhor que o dos verdes, o que não é difícil, e a nação atleticana ficará igualmente satisfeita.


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