Carlos Antunes

Carlos Roberto Antunes dos Santos, 79 anos, é professor de História e foi Reitor da Universidade Federal do Paraná entre 1998 e 2002. Filho do ex-treinador Ruy Castro dos Santos, o famoso Motorzinho, técnico que criou o célebre Furacão de 1949. Nos anos 50 e 60, jogou nos juvenis do Atlético, sagrando-se bicampeão paranaense. Foi colunista da Furacao.com entre 2007 e 2009.

 

 

Órfãos de Petraglia

25/02/2009


Com a frase "aqui o Petraglia não manda mais”, o atual Presidente do CAP procurou sintetizar uma nova situação no Clube, de mudanças de mando, de direção, de relacionamento, de gestão e de poder. Com este gesto foi decretado o fim da era Petraglia, uma espécie de era Camelot no reino do Rei Arthur e seus cavaleiros da Távola Redonda, onde tudo no início deu certo, num ambiente de sonhos e grandes conquistas. Mas, o ex-comandante ao sair de cena, criou uma situação inusitada: a rigor, somos todos órfãos de Petraglia, pois ele foi o artífice de toda a grandeza do Atlético nos últimos 13 anos e sua marca está presente no cotidiano rubro-negro. Entretanto, além do Atlético, Petraglia exerceu uma enorme influência na realidade futebolística paranaense, que lhe trouxe prestígio e poder.

De certa forma, sendo uma pessoa de influência, Petraglia gestionou com competência, concretizou utopias, conquistou títulos e com isso conseguiu fazer a torcida recuperar o orgulho de ser atleticana. Do exposto, há uma máxima que diz: um homem de influência conhece na vida duas tragédias: não obter aquilo que deseja, ou obter. Nesse sentido, Petraglia conseguiu muito do que desejava para o Atlético, mas, acabou desgastado e derrotado pela prepotência, anemia de títulos (há alguns anos que o CAP nada conquista), o viver no fio da navalha em termos de rebaixamento e um grande isolamento institucional, pois minimizou o apoio da torcida. Na verdade, ninguém pode querer estar acima do Clube.

Diante dos novos tempos, a questão maior que hoje se coloca é como o CAP pode deixar de ser órfão de Petraglia, criar uma gestão adequada às novas realidades e enfrentar os inúmeros desafios pela frente? Nesse sentido, nas eleições passadas a oposição Faria/Fanaya, a qual apoiei, tinha a convicção da necessidade de despetraglizar o Atlético. Portanto, buscava com seus propósitos responsáveis nos retirar da orfandade. Hoje, a nova diretoria tenta erguer esta bandeira da liberdade, demarcando um espaço e se colocando como sujeita da ação.

A resposta para a questão maior colocada acima é, indiscutivelmente, começar por montar uma boa equipe de futebol, buscar resultados, ter a torcida ao seu lado e conquistar títulos. Desta forma, não há como adiar estas ambições, estes desejos, pois neste ano de 2009 o clube comemora os 85 anos de uma bela existência e os 60 anos do Furacão, Campeão de 1949, que se constituiu, com os seus feitos, na maior glória da história atleticana.

Diante de tantas perspectivas, as mentes e corações atleticanos desejam inicialmente o título de Campeão Paranaense. A aventura de ser Campeão 2009 exatamente no ano do centenário do nosso maior rival, será como saborear o Néctar dos Deuses. Não há como abrir mão desta prioridade, pois, ao contrário, a angústia e a frustração poderão criar momentos insuportáveis para a atual Diretoria. Para as etapas seguintes e simultâneas, Copa do Brasil, Sul-Americana e Campeonato Brasileiro, é fundamental montar uma equipe mais técnica e competitiva. Certamente, a partir da conquista do Campeonato Paranaense outras poderão acontecer.

O momento é de crise no CAP? Espero que não, pois nada será como antes. No entanto, um possível resquício de crise política e econômica que possa trazer no seu bojo algumas perdas e danos para o Atlético pode e deve ser capitalizada como o take-off, que recoloque as oportunidades de superação e propiciando um ambiente de criação e decolagem para uma nova era Camelot de grandes conquistas, à sombra das gloriosas tradições rubro-negras.


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