Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Página virada

20/02/2009


Foram inúmeras as pessoas que se desligaram do Atlético por desentendimentos com Mario Celso Petraglia. Edilson Thiele, Paulo Brofmann, Luciana Pombo e João Souza, são apenas os nomes que rapidamente me vêm à cabeça.

Vários jogadores também já demonstraram problemas com a diretoria por ele comandada. Dagoberto, Aloísio, Danilo, Michel Bastos, e outros com passagem relâmpago, como Fahel, tiveram rusgas públicas também relacionadas a Petraglia.

Jornalistas, como Augusto Mafuz e Tiago Recchia, já disseram terem sido ameaçados por Petraglia. Sem falar nos inúmeros desentendimentos do ex-manda-chuva do Atlético com a imprensa, ou mesmo com dirigentes de outras equipes.

Ainda assim, havia quem defendesse Petraglia como o dirigente supremo, o único responsável pelo crescimento do Atlético, a quem gostariam de outorgar um mandato perpétuo, uma carta-branca para administrar o Clube do seu jeito, para sempre: um Chavez atleticano. Mesmo porque jamais havia aparecido alguém para "peitá-lo".

Ontem, esta página de absolutismo foi definitivamente virada. O atual Presidente Marcos Malucelli deixou bem claro para quem quiser ouvir. Petraglia é bem-vindo no Atlético, desde que aceite conviver em um regime democrático, em que sua palavra será ouvida, mas nunca inquestionável.

Em 2002, Petraglia lançou mão do "Fica, Petraglia", comoveu a torcida e conseguiu o que queria: foi reempossado 'nos braços do povo', com poderes plenos. Hoje, não vejo mais como este tipo de expediente dar resultados. A torcida amadureceu. Cansou da ditadura, assim como o próprio Clube, que pede pela democracia.

Não há a menor dúvida de que Petraglia teria muito a acrescentar no Atlético. Infelizmente, não da forma como ele quer, tendo a última palavra sempre, e em todos os aspectos. Eu nunca acreditei na possibilidade de uma administração em que Petraglia fosse colaborador, mas não como protagonista maior. Só não previa que haveria uma diretoria realmente firme em sustentar um regime democrático e transparente. Ainda bem que eu estava enganado.


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