Rodrigo Abud

Rodrigo Abud, 45 anos, é jornalista. Já correu dos quero-queros na Baixada, justamente quando fez um lindo gol do meio de campo. Tarado por esportes, principalmente o bretão, é também alucinado por rádio esportiva.

 

 

Todos Iguais

15/02/2009


Tem certas coisas que realmente me fazem perder o tesão de ir na Baixada. Ver um jogo ruim, pra mim é normal. Sei que o Atlético não tem o melhor time do mundo e está muito longe disso. Já vi times atleticanos muito piores, na Baixada, no Pinheirão, Couto Pereira entre outros estádios, porém o que vi NOVAMENTE, no jogo de sábado me deixou envergonhado.

Um senhor, localizado na Getúlio Vargas Superior, trajando uma camisa roxa do Corinthians foi humilhado, quase espancado e expulso de um local em que ele pagou para estar.

No intervalo do jogo a torcida começou uma lamentável caça a torcedores com qualquer material verde. Um por um, os mesmos eram obrigados a retirar a camisa por ser da cor do nosso maior rival, mas não era a camisa do nosso maior rival.

Logo na seqüência, avistaram esse senhor com a camisa do Cortinhians e subitamente um grupo de moleques (pois a maioria não tem mais que 20 anos) subiu no setor para forçar o torcedor a retirar a camisa, sob forte ameaça física. Ele se viu cercado por mais de 20 “valentes” torcedores e viveu uma situação que acredito não desejava para ninguém, mas depois do que aconteceu tenho certeza que os vândalos, que o forçaram a tirar a camisa e sair do local onde estava, jamais irão vê-lo no estádio. Conseguiram afastar um possível torcedor/simpatizante do Atlético-PR. E isso não foi só com ele, isso se multiplica a cada jogo e por isso a nossa torcida atualmente é a mais antipática do Brasil.

Outro fato que me deixa decepcionado é que a repercussão do episódio, nos sites de relacionamento, ganha tons de ameaça realizado por pessoas que ainda não saíram das fraldas, parem com isso, se preocupem apenas em torcer, esse deveria ser o principal objetivo de quem frequenta a Baixada.

Já vi inúmeros torcedores com camisas de outros clubes na Baixada e nunca me incomodei com isso, Caçam o verde, mas bandeiras do Brasil (com a sua maioria verde) são agitadas pelas mesmas pessoas que caçam quem está usando a cor do rival.

É como disse em uma coluna anteriormente, na Baixada um fanático torcedor atleticano, que trabalhe em uma empresa que use uniforme verde, estude em um colégio com uniforme verde, ou até mesmo seja militar, não pode sair do trabalho, aula e ir ao estádio. Isso é atitude de quem não torce pro Atlético, torce contra o Coritiba e o seu lugar não é na Baixada. É em casa, secando o time que você torce contra.
Já passou da hora de mudar esse quadro.

Vermelho, preto, verde, azul, amarelo são apenas cores, nada mais do que isso.

Somado a isso tudo, voltou a acontecer algo que acreditava estava superado. A famosa divisão social. Para quem assiste o jogo na Fanáticos todos os demais, que assistem ao jogo em outros locais do estádio que não seja na organizada são “playboys”, quando na realidade o valor pago por TODOS é o mesmo. Tinha uma certeza de que todos são atleticanos, mas vendo o que vi ontem e em vários outros jogos já começo a acreditar que não seja bem assim.

Por fim, espero que a direção da torcida Os Fanáticos, sob o comando do vereador Julio Sobota, pessoa que conheço e respeito por saber de tudo o que já passou e fez pela torcida e pelo Atlético, reprima ações como essas e torne a Baixada um local como sempre foi: um local para festa, jamais para confusão.


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