Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

A motivação de cada um

11/02/2009


Motivação, segundo o dicionário, é o conjunto de fatores os quais agem entre si, e determinam a conduta de um indivíduo. Na psicologia diz-se da motivação como algo essencialmente interno. Não há motivação que possam colocar dentro de você. O que existe é o chamado fator motivacional.

Nesses dias meio mornos fiquei me perguntando sobre a motivação das pessoas do Atlético. Muita coisa passou pela mente, pois tem muita coisa acontecendo (especialmente fora de campo). Hoje vou falar dos jogadores. Já aviso que essa análise não tem a menor pretensão de ser um estudo acadêmico, mas pode nos ajudar a entender certas atitudes e tomarmos a posição que nos parece mais adequada.

Qual será, comparativamente, a motivação de um Valencia e um Rafael Moura? Penso que a posição é determinante. Sim, no futebol dos atacantes milionários, é mais fácil existirem jogadores desta posição com uma postura muito mais individualista do que a de um volante. O volante deve se esforçar coletivamente para se destacar individualmente. O atacante pode dizer “não fiz gol porque a bola não chegou”. O volante pode dizer o quê? Ou ele se esforça ou não tem. Portanto, acredito que o nosso atual herói dos campos (Valencia, é claro) tem como fator motivacional o coletivo, provavelmente o Atlético (como time) e certamente a nossa torcida que o agrada tanto. E ele ainda faz tudo na maior simplicidade. Não quer ser mais real que o rei. Bom seria se mais jogadores tivessem tanta consciência do seu papel. Sorte a nossa se os atacantes fossem motivados como este volante.

Citei estes dois exemplos reais, Valencia e Rafael Moura, não por preferência pessoal, simplesmente por serem os destaques dos últimos jogos. Não conheço nenhum dos dois fora das quatro linhas. Também não os comparo quanto ao valor que cada um tem. Afinal seria uma estupidez por conta da diferença de encargos de cada um pelas suas posições. Entendo que um atacante seja mais cobrado do que um volante. Mas é assim: quanto maior o risco, maior o retorno. Cada um assume sua vida, com os ganhos e as perdas que ela tem. Só posso dizer, já que o assunto é esse, que ver o Valencia jogando é um fator motivacional para mim. Ele tem garra, tem vontade, talento nato, mas o mais importante: está preparado - física e psicologicamente - para fazer o que faz.

Enfim, podemos estender. Qual a motivação que pode ter um muito bom lateral esquerdo que muitas vezes é improvisado na direita, com resultados “regulares”? Qual a motivação de um zagueiro improvisado na lateral direita? Qual a motivação em não promover um lateral direito que foi tão bem na “copinha”? Qual a motivação de um lateral direito que obteve tanto sucesso na sua vida, mas que atualmente não tem apresentado (talvez 10%?) do seu potencial rendimento? Muitas são as perguntas, infinitas as respostas. Para quê elas servem?

Sendo a motivação o conjunto de motivos criado pela pessoa para impulsionar sua vida, nada mal pensar nisso de vez em quando. Depois é só ir para o “jogo”, dentro e fora de campo, bem consciente das suas reais motivações.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.