Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Vinte mil

10/02/2009


Ainda estão muito vivas em minha memória as reuniões que pudemos participar com a diretoria de marketing do Atlético para debater assuntos relacionados ao plano de sócios, na época ainda “plano de pacotes” do clube. Fomos gentilmente recebidos pelo nobre amigo Mauro Hollzmann e toda sua equipe, e as portas abertas do clube permitiram que levássemos sugestões, idéias e alguns “segredos” que poderiam levar o Atlético a obter um grande sucesso neste planejamento que, a princípio, estava quase desacreditado, tamanho o fracasso dos pacotes nos anos anteriores a 2008.

Na verdade, nunca houve muito segredo, e apesar da nossa visão leiga em termos de administração financeira do clube, tivemos o privilégio de mostrar que alguns ingredientes seriam essenciais na “colheita” de novos pacoteiros, os quais também tiveram o privilégio de serem conhecidos, mais tarde, como sócios do Atlético. O primeiro e mais importante ingrediente seria o aspecto financeiro, o qual precisaria se adequar à realidade atleticana. Só que isso sempre me deixou com uma fagulha de dúvida, apesar que tínhamos que, de alguma forma, na época, adequar o bolso do torcedor ao que se via dentro de campo. Eis o fracasso dos planos anteriores, especialmente nos anos de 2006 e 2007.

O desenrolar da história ficou por conta da competente administração de marketing do clube, mas hoje, recebendo a notícia da excelente marca de vinte mil associados, temos aquela pontinha de orgulho por termos, um dia, participado com nossas sugestões. Desta forma, faço questão de destacar dois pontos cruciais no sucesso do plano Sócio Furacão, além do aspecto financeiro, já citado.

Relacionamento

Aqui podemos também falar de transparência. Por muito tempo nos afastamos do Atlético, enquanto o clube, em sua estrutura e marca, evoluía. Talvez aí se confundam um pouco as críticas, quando falo em “distância” do Atlético. Estivemos sim, durante muito tempo na gestão Mario Celso Petraglia, mais distantes do Atlético. As portas se fecharam e o torcedor ficou carente até mesmo de algumas notícias simples do clube. O acesso ao CT foi proibido (o que na minha opinião é um absurdo) e até mesmo a imprensa obteve a sua restrição adquirida. Sem contar outras coisas que se perderam e que foram resgatadas com o passar do tempo, fosse através de alguma necessidade (promoções para chamar o torcedor quando o time estava fadado ao rebaixamento) fosse por trabalhos paralelos, como fizemos muitas vezes, aqui mesmo, na Furacao.com.

Hoje muitos torcedores tornaram-se sócios do clube, outros continuam sendo torcedores comuns, e por algum motivo comparecem ao estádio eventualmente, mas nem por isso são considerados menos atleticanos, pelo contrário, ao meu ver todos devem ser igualmente respeitados. E finalmente em 2009, estamos no caminho da retomada do vínculo com o nosso Atlético. Vínculo afetivo, o mais importante quando se trata de relação com o nosso time do coração. Este vínculo é o que tanto sugerimos lá em 2007, antes do lançamento do plano de sócios. Esta era a parte mais importante da receita do bolo: fazer o torcedor sentir-se parte do seu clube. O reconhecimento, a valorização, o entendimento de que ele, o torcedor do Atlético, é o patrimônio mais importante do clube. O que está aos poucos sendo resgatado, deve ser perpétuo dentro do nosso clube, como é perpétua a nossa paixão pelo nosso maior ideal que é o Atlético.

Futebol

Eis aqui o maior de todos os segredos: sucesso no ramo do futebol. Em outras palavras, bola na rede. Ou ainda em uma palavra: título. É importante que seja sempre lembrada a essência do nosso clube. Se no lançamento do plano de sócios, e com o decorrer de um ano ridículo como foi o de 2008, o Atlético já alcançou tantos sócios, imaginem quando voltarmos a conquistar títulos, ou pelo menos tivermos um time competitivo dentro de campo, com um elenco qualificado e voltado simplesmente para o futebol!

Se hoje o clube alcançou a bela marca de vinte mil sócios, penso em quando, muito brevemente, voltarmos a vestir a faixa de campeão paranaense, quando formos novamente os “cabeças” da Copa do Brasil, quando chutarmos o Coxa da Sul-Americana deste ano e quando, de uma vez por todas, fincarmos nosso nome e retomarmos o respeito dentro do campeonato brasileiro. A Baixada ficará pequena para todos nós, diante de tantos adeptos e apaixonados Rubro-negros. Haja Brasilio Itiberê para segurar e acomodar essa turma. Haja espaço para nos suportar, seja contra o Engenheiro Beltrão, seja contra o Cruzeiro, São Paulo ou Internacional.

A grande verdade é que os passos, desta vez, no que se refere ao futebol e ao reconhecimento ao torcedor, estão precisos. Não há como dar errado. Tudo está trilhado, como está trilhada a grande meta do Atlético e de sua imensa e magnífica torcida: ser um clube vencedor também dentro de campo.

Parabéns Atlético! Somos mais de 20 mil, entre milhares e milhares de apaixonados.


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