Sergio Surugi

Sergio Surugi de Siqueira, 66 anos, é Atleticano desde que nasceu. Neto de um dos fundadores, filho de um ex-presidente do Atlético, pai e avô de Atleticanos apaixonados, é doutor em Fisiologia e professor. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Finalmente a lucidez

21/01/2009


Com muita alegria vejo que finalmente os três grandes clubes de futebol da Capital reúnem-se para tentar estabelecer a união de forças. Talvez seja um pouco difícil para o torcedor apaixonado entender e aceitar que sempre que houver interesses comuns nos bastidores, os rivais dentro de campo deverão comportar-se como aliados.

Se isso vier realmente a ocorrer, estará marcado o fim do terrível perde-perde, do mata-mata que tanto enfraqueceu o futebol do nosso Estado e fez com que os times paulistas tivessem mais torcedores até do que os mais tradicionais clubes locais.

Continuaremos a nos odiar, mas dentro do campo de jogo. A rivalidade saudável e principalmente inteligente deve ser fomentada e incentivada, deixando de lado o fanatismo desvairado que não raras vezes tem produzido crimes contra a pessoa ou o patrimônio.

É absolutamente aceitável e até desejável que o dirigente tenha paixão pelo clube que administra, porém é inconcebível que gente que recebeu a responsabilidade de fazer do futebol um negócio viável passe a incorporar o lado mau do torcedor, atuando muitas vezes como um celerado. Tivemos exemplos recentes disso quando um a um, os três grandes times de Curitiba sofreram algum tipo de violência criminosa ao jogar em São Januário, ainda no tempo da antiga administração cruzmaltina.

Quantas vezes demos gargalhadas ao ver um de nossos rivais ser afanado por árbitros comprometidos com times de maior expressão, de outros estados? Ah, foi divertido! Mas foi só por um momento, pois na rodada seguinte as vítimas fomos nós.

Finalmente e talvez devido à necessidade, a lucidez apareceu e tomara Deus que não seja somente um lampejo.

Se quisermos ser respeitados nacionalmente, o primeiro e decisivo passo consiste em entender de uma vez por todas que em muitas situações estamos todos no mesmo barco e que a competição deve fundamentar-se em buscar ser maior do que o rival, jamais continuar pequeno, vencendo o outro apenas por conseguir torná-lo menor.

Paixão não é e nunca será sinônimo de burrice e não pode estar a serviço da mediocridade.

Parabéns aos dirigentes de Atlético, Coritiba e Paraná (assim mesmo, por ordem alfabética).


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