Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Ídolos

19/01/2009


Não irei falar sobre o programa de TV onde as pessoas se divertem vendo jurados humilharem pessoas que querem brilhar no mundo musical. O papo aqui é futebol e talvez eu seja repetitivo afirmando que meu primeiro ídolo com a camisa rubro-negra (vai hífen agora???) foi Marolla. Naquela idade em que a bobeira passa pela cabeça de todo garoto, sonhei ser goleiro e Marolla, se não era tão bom quanto o genial uruguaio Rodolfo Rodriguez, pegava pênaltis como ninguém e tinha uma estrela para ser campeão aqui pelo Atlético que poucos tiveram.

Na “linha” meu primeiro ídolo foi Renato Sá e confesso que meu coração nunca mais foi o mesmo desde um gol dele, de bicicleta num Atletiba que vencemos em 1986 ou 87, juro não me recordar agora. Eu que não tive influências familiares apesar do pai ter raízes no Ferroviário e Colorado, via também jogos do Coxa com meus vizinhos e seu pai e gostava, mas não era torcedor convicto do Furacão até então. Ali não teve como não me tocar da força que emanava daquela torcida diferenciada e me sentir envolvido por toda a mística da camisa que só se veste por amor. E nasceu assim mais um ídolo pra mim. Confesso também, sem medo de externar meus sentimentos que me emocionei ao ter entrevistado Renato Sá quando estava colaborando na execução do hot site especial dos 80 anos, publicado em 2004. Coube a mim a honra de localizá-lo em Florianópolis e depois de ouvir seu depoimento falar sem vergonha nenhuma que ele foi meu ídolo no Atlético.

Ainda pertenço a um tempo de Zico do Flamengo, Roberto Dinamite do Vasco, Careca do São Paulo ou Reinaldo do Galo. Aqui mesmo tínhamos casos clássicos como Pachequinho dos coxas (apesar de ter defendido com brio, mas sem o mesmo brilho Paraná Clube e Atlético), Saulo do tricolor ou Ricardo Pinto do Atlético. Hoje no futebol brasileiro, talvez só reste o romantismo de Rogério Ceni no São Paulo e Marcos no Palmeiras. E só. Um jogador talentoso como Edmundo jogou em grandes clubes, rivais entre si como Vasco e Flamengo, Corinthians e Palmeiras, além de passagens por Santos e Fluminense.

Hoje quase não há mais identificação e nem mesmo atletas formados na base se fixam nos clubes. O Coritiba, cujo departamento de formação estava dando mais resultados que o então científico trabalho do CT do Caju, acabou de perder uma de suas maiores jóias, o talentoso Keirrison para o futebol paulista. Como mercado que virou o futebol, o alviverde paranaense não teve como segurar a saída do garoto e mais uma vez vemos a facilidade com que maiores centros levam nossos destaques.

Mas sua permanência por muito mais tempo do que se esperava creio ter sido válida. O Coritiba “bancou” sua permanência recusou propostas e ainda lucrou com sua venda, além do cara ter deixado dois troféus na galeria deles. Ou seja, aliou o retorno financeiro (menos do que efetivamente vale, mas muito mais do que seu curto contrato ainda representaria) ao retorno técnico, sendo artilheiro do clube no estadual, lhes ajudando na conquista do título e tornando o desconhecido clube da Alto da Glória notícia no final do ano devido aos seus 21 gols no certame.

Cada vez mais são raros os casos de ídolos que se identifiquem, suem a camisa e sejam a cara do clube que defendem. Apresentações solenes, beijos no escudo são somente para fotógrafos e cinegrafistas e para alegrar os torcedores mais ingênuos e românticos. Por isso acho importante valorizar jogadores que não desmerecem o time que defendem, que não o diminuem e que não fiquem por debaixo do pano lutando para sair do clube, contrariando o tal discurso de profissionalismo, se nem eles cumprem profissionalmente o contrato que honram (ou deveriam honrar) com sua assinatura.

Podem não ser craques, mas Netinho, Valência, o garoto Rhodolfo e um Lima devem ter sim todo o respeito e gratidão da torcida rubro negra. De Galatto nem falo porque esse é verdadeiramente craque e já consagrado como grande ídolo da nação atleticana.

Temos ainda jogadores de gabarito como Marcinho, Julio dos Santos, o soberbo Antonio Carlos que tem tudo para, levantando canecos, se tornarem ídolos aqui também. Nem que sejam ídolos de somente uma temporada, mas honrando a camisa atleticana, respeitando seu torcedor se possível sendo campeões, terão sempre a gratidão e a lembrança do torcedor atleticano, sempre muito sincero em suas homenagens e que grita o nome de ex-ídolos, mesmo quando jogaram por outros clubes como Kleber, Gustavo, Adriano Gabiru, Alex Mineiro e Cocito por exemplo.


ARREMATE

“Sinto que você é ligado a mim/
Sempre que estou indo, volto atrás/
Estou entregue a ponto de estar sempre só.
AMADO, Vanessa da Mata


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