Ricardo Barrionuevo

Ricardo Barrionuevo, 51 anos, é médico. Ainda na Faculdade, em um de seus experimentos científicos, testou o QI de seus três irmãos. O mais novo obteve 135 pontos e é visto com freqüência na Arena da Baixada. Os outros dois obtiveram 1,35 e consideram Keirrison melhor que Pelé. Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2009.

 

 

A queda de um império

11/01/2009


“Tudo o que sobe, desce. – Lei da gravidade – Sir Isaac Newton”

Historicamente, nenhum império no auge, sobreviveu ao tempo. Inúmeras nações atingiram o ápice com seus grandes “heróis expansionistas conquistadores”, porém, o tempo se encarregou de levá-las, uma a uma, ao declínio. Muitas delas desaparecendo por completo no tempo.

O Grande Egito dos Faraós e de Cleópatra; Cartago de Aníbal e Amílcar; Os Persas de Ciro, o Grande, de Dario e de Xerxes; A Grécia de Alexandre o Grande; O Império Romano de Júlio César e dos Césares; O Império Bizantino de Constantino, O Grande; os Astecas de Montezuma; A Rússia de Pedro, o Grande e de Catarina, A Grande; A China de Shi Huang Di; Os Mongóis de Gengis Khan; A França de Luis XIV e de Napoleão; A Inglaterra de Henrique VIII e Elisabeth e inúmeros outros impérios e civilizações que ao longo dos séculos, atingiram o esplendor e após o ápice, a queda.

Antes de ir “direto ao ponto” quero deixar bem claro que isto não é um ataque pessoal muito menos uma crítica a um povo ou uma nação, mas sim, uma triste constatação, onde dois desses belos impérios que por um período histórico tiveram o domínio da sua região, hoje encontram-se em processo melancólico de decadência absoluta.

“Dai a César o que é de César”.

A Argentina e seu povo sempre foram a “nata”, o “Supra-sumo” da América do Sul. De rica colonização, “os Portenhos” como são conhecidos os Argentinos da Capital Buenos Aires, sempre foram o mais culto e elegante povo da América do Sul. Buenos Aires é linda indiscutivelmente. Seu povo esbanja cultura e elegância. Algumas coisas permanecem inalteradas. Porém, os sinais do declínio são evidentes. Se não fosse a arrogância daqueles que não fazem a menor questão de esconder que não gostam dos brasileiros, me causaria pena ver nossos “hermanos” nesse estado de decadência absoluta.

Dizer que gosto de Argentino, é mais ou menos como dizer que gosto de coxa branca. Tenho, para minha infelicidade, dois irmãos coxas. Mas graças ao bom Deus, ele não me premiou com mais um irmão Argentino. Imaginem crescer com dois irmãos coxas e um irmão Argentino?

Como diria minha filha adolescente: - Ninguém merece!

Pois bem, fui a Buenos Aires passar o Réveillon desse ano com meus pais, mulher, filha e amigos.

Mesmo sabendo que a recíproca é verdadeira, ou seja, que os Argentinos também não gostariam de ter um irmão brasileiro, quero deixar bem claro que a maioria do povo é educado e nos tratou muito bem.

Buenos Aires continua linda, mas não tão linda assim. Uma cidade antes impecável, hoje apresenta sinais claros de falta de restauração e manutenção em sua arquitetura estilo Europeu belíssima, mas que está sendo destruída pelo tempo. Nas ruas, o que se vê é a falta de restauração das calçadas e avenidas. O trânsito, além de caótico, apresenta o maior índice de carros velhos (entenda-se velhos, não antigos) que vi na vida. A Rua Florida, que em tempos áureos era um “desfile de moda”, talvez a mais vistosa e com o povo mais bonito e elegante da América do Sul, hoje é certamente um arremedo de outrora.

A Ruína desse império não se limita a sua beleza estrutural. Sinais de decadência na educação do povo são evidentes. Percebi de imediato a diferença de tratamento que eles dispensam as pessoas com algum tipo de deficiência física, já que tenho um pai com deficiência motora por conta de um AVC há doze anos. Estive três dias antes em São Paulo e pude comparar a diferença de tratamento dispensados aos deficientes nas duas cidades.

Desnecessário dizer que nos EUA, deficiente físico é tratado com toda prioridade, respeito e educação. Em São Paulo, por onde passei, vi que esse modelo de tratamento ao deficiente adotado nos EUA está sendo implantado com sucesso. Mas em Buenos Aires, me parece que essa preocupação ainda não chegou.

Outro aspecto lamentável é o fator “Temos que tirar vantagem do brasileiro”. Tentaram me passar a perna algumas vezes e levar mais dinheiro do que deveriam. Eu, até que muitas vezes, pago pra não me incomodar, já minha mulher... Pra passar a perna na baixinha tem que ser muito esperto, ou muito burro. Um taxista metido a galã, de chinelo de dedo e mais parecendo um maltrapilho, levou alguns pesos a mais do que deveria, mas deixou claro que eles estão empobrecendo a olhos vistos e conseqüentemente, a necessidade de operacionalizar a malandragem. Mas apesar disso, a cultura e a arrogância eles não perderam. Não foi um caso isolado, tiveram alguns outros, que não vêm ao caso.

Na real, falar mal de Argentino é como falar mal de coxa branca. Dá-nos uma sensação de alívio imediato. Só que ainda melhor do que falar mal deles, é poder ter a oportunidade de presenciar a decadência desses dois impérios que um dia foram grandes.

Só imagino o bom e velho Evangelino da Costa Neves se retorcendo no caixão ao ver o seu glorioso coxa caminhando a passos largos rumo ao abismo e extinção. Eu, particularmente, vejo o coxa hoje muito parecido com os nossos “hermanos” que um dia estiveram no topo, e hoje estão em declínio absoluto.

Quando alguém vem me falar ou querer comparar a Argentina com o Brasil, o Maradona com o Pelé (essa é ridícula) ou a mais ridícula de todas - o Coxa com o Atlético - eu sequer dou ouvidos a tamanha ignorância, já que se encontram em sentidos opostos num gráfico de crescimento. Quando vamos analisar as ações de uma empresa na bolsa de valores pra verificar se devemos ou não investir dinheiro nessa empresa, (comprar ações dessa ou daquela empresa) temos que analisar os gráficos. Todos sabemos que as ações das empresas oscilam (sobem e descem), porém, temos que ver se a empresa em questão apresenta, com o passar dos anos, uma curva crescente ou decrescente num gráfico de crescimento. Essa é a principal análise que mostra se a empresa está em fase de ascensão ou em declínio.

Se analisarmos as curvas de crescimento da Argentina e do coxa, verificamos que ambos chegaram ao seu ápice na década de 70 e de lá pra cá, vêm apresentando um declínio que culminará (se Deus for brasileiro e Atleticano, ou misericordioso como dizem) com a extinção de seus povos.

Avisamos de antemão que não repatriaremos nenhum Argentino sem terra, assim como também não daremos asilo a nenhum coxa branca sem time. Que nossos “hermanos” Argentinos vão morar na Venezuela que o “Tio Chavez” é gente fina; e que os nossos “irmãos” coxas vão torcer pro “gralha azul” ou pro time do Joel Malucelli, seu ex-presidente e que agora quer mudar de nome para Corinthians Paranaense (Já imaginaram que bela campanha publicitária daria? “Corinthians Paranaense – Nós aceitamos nossos irmãos coxas brancas”).

Quero deixar claro que não desejo nenhum mal a vocês Argentinos ou coxas brancas. Repito, infelizmente tenho dois irmãos que são coxas e muitos amigos que padecem da mesma doença.

Quero lhes descrever em detalhes o que acredito que acontecerá com o império coxa para que vocês não me interpretem mal.

Curiosamente, eu prevejo a extinção do povo coxa como a extinção do povo Maia. Até hoje, os cientistas ficam intrigados ao discutir o que houve com esta civilização e como se extinguiu. O Império Maia em seu auge, chegou a ter 42 cidades estados (modelo Grego), e com o passar do tempo, por volta do século IX, desapareceu misteriosamente.

Acredita-se que brigas entre cidades estados rivais pelo controle do império, doenças, e a chegada dos Jesuítas para catequizar os índios remanescentes foram fatores preponderantes para o fim dessa antiga civilização.

Com base nas análises gráficas anteriormente descritas, nota-se que com o declínio do Império coxa e a forte ascensão do Império Rubro-negro, cada vez mais filhos de coxas brancas irão trocar a camisa maltrapilha verde pelo manto sagrado vermelho e preto (o que já está acontecendo hoje a olhos vistos) e assim sucessivamente, diminuindo a população coxa até não restar mais nenhuma ervilha remanescente, tal qual o grande Império Maia.

Milhares de monumentos arquitetônicos Maias permanecem até hoje distribuídos ao longo da Península de Yucatán, o que prova a existência e conta a história dessa grande civilização. Caso a civilização coxa não resolva botar abaixo ou destruir o que será a única prova futura de sua existência – O Gigante da Pinga-Mijo – Iniciaremos uma campanha de cunho cultural em preservação da memória de um Império que um dia foi grande, mas que tal qual outras civilizações, sucumbiu e desapareceu por completo no tempo.

“Este templo pertenceu a uma civilização que um dia se fez notar, mas que o tempo e o destino se encarregaram de extinguir.” – Grande Civilização Coxa – 1909 - 2019.


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