Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Decisões

03/01/2009


Em primeiro lugar decidi deixar meu desejo de um excelente 2009 a todos os leitores, independentemente de concordarem com minha maneira de pensar o Atlético, independentemente até mesmo do fato de serem atleticanos ou não. Que se faça neste ano absolutamente tudo melhor do que foi feito em 2008: aos estudantes que se apliquem mais e consigam melhores notas, a quem trabalha que seja merecedor daquela esperada promoção ou de um reajuste, a quem espera a alma gêmea que a encontre, a quem a tenha que renove os votos de amor eterno. Que em tudo possamos ser melhores em 2009 do que fomos ano passado.

Obviamente aí também quero que em 2009 o nosso amado Atlético também faça tudo melhor do que tem feito nos últimos três anos. A priorização do futebol, mote da campanha da chapa oposicionista da qual com muita honra fiz parte e que perdeu as últimas eleições, mas que fez a situação se abrir ao debate e ter que tocar neste ponto é o que esperamos. Por enquanto poucas novidades, mas o fato da direção ter afastado alguns inúteis, estar procurando desinchar o elenco e ter se livrado de algumas laranjas podres já enraizadas no clube é sim um bom sinal. Discordo sobre o tal “manter a base”, visto nossa base ser bastante fraca e ter nos dado diversos sustos no último ano. Uma reformulação mais ampla é o que espero, pois a alegria de termos escapado como o fizemos, os resultados depois da chegada de Geninho e a alegria de darmos sorte em entrar na zona da Sul Americana não podem nos anestesiar a tal ponto de achar que com essa base conseguiremos algo melhor do que o colhemos no último triênio.

São decisões difíceis, mas que julgo essa direção capaz o suficiente para solucionar. A permanência de Geninho já foi sim uma outra boa conquista, mas tão importante quanto ele foi o trabalho desenvolvido por Moraci Sant´Anna que infelizmente não ficou e até o momento ainda não sabemos a quem ficará o importantíssimo trabalho de pré-temporada para este ano.

Este ano vamos cobrar sim avanços no futebol do Atlético, sua razão de ser e para o qual não esteve focado nos últimos anos em que ficou claro com a política que rezava que “pode-se perder um campeonato, mas não se perde um bom negócio”. Bom negócio para quem afinal, já que um clube essencialmente de futebol como o Furacão deveria se voltar para a conquista de títulos, que trazem por si só mais torcedores e admiradores, venda de produtos, valorização da marca, mídia espontânea que desperta o interesse de patrocinadores em potencial? Concordo com a tese de que futebol só se faz com dinheiro e por isso mesmo o esporte se tornou em suma um grande negócio. Mas há maneira mais inteligente do que voltar a ser um time reconhecidamente vencedor e com isso conseguir melhores negócios?

Sei que não fomos a potência que a antiga direção gostava de propagar, como se nossos rivais fossem o River Plate e o São Paulo (já que sequer conseguimos contratar e bancar jogadores que Goiás, Sport, Vitória e mesmo o Coritiba, clubes mais ou menos do nosso tamanho conseguem) mas assim mesmo é fácil entender como a burra matemática empregada não funciona. Times fracos, débeis tecnicamente, com comando técnico beirando o bizarro, ausência de títulos e, por óbvio, poucos negócios que não geram os lucros que a direção esperava no começo da temporada. Não tenho dúvidas que por mais limitado que seja um Pedro Oldoni, ele teria mais mercado e visibilidade se o clube que defende fosse campeão estadual e fizesse uma campanha média no Brasileiro. Um meia avançado como Ferreira seria facilmente negociado se fosse o rei das assistências e até mesmo jogadores contestados como Alan Bahia teriam mil e uma propostas se o time que defendessem estivesse na ponta da tabela.

Essa decisão em primeiro formar times competitivos e que depois por si só gerariam lucros não é novidade, não é a invenção da roda e nem a descoberta da pólvora. Assim vieram Lucas, Gustavo, Adriano, Kelly só para citar alguns que chegaram, se tornaram ídolos, campeões e depois ainda geraram lucro ao clube que pode reinvestir parte do dinheiro em obras estruturais, parte na captação de outros bons valores, alguns desconhecidos e que deram retorno ao clube, como Kleber, os meninos do PSTC e outros formados na base do clube. Mas o foco era o futebol e isso acabou se perdendo nos últimos anos, quando somente o lucro foi visado e tivemos uma negra fase de declínio técnico com perigosas incursões pelo pouco atrativo grupo do rebaixamento no Brasileiro.

A questão é de escolhas, decisões e que se tenha em mente que toda decisão tomada gera conseqüências. Nos filmes “O Efeito Borboleta” e “Vanila Sky” isso fica bastante explicitado, fica a dica. Cabe ao Atlético reescrever seu destino como clube de futebol forte e respeitado ou continuar a se afundar nos próprios fantasmas que teimou em criar. Eu decidi que é melhor acreditar, ter fé e principalmente torcer para que esta mudança seja implementada o quanto antes.


ARREMATE

“O fogo queima, sem saber o nome/
Sem saber pra onde, nem de onde veio/
O fogo anda comigo.”
- O FOGO ANDA COMIGO, Nação Zumbi


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