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Patricia Bahr
Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.
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Copa do Brasil, 1997. Pelas quartas-de-final da competição, o Atlético joga contra o Corinthians. Na primeira partida, em São Paulo, o Rubro-Negro deu show e venceu por 2 a 1. Evidente que depois da apresentação convincente no primeiro jogo, todos os atleticanos apostavam na ida para a semifinal. “Era a nossa vez”, pensaram muitos.
Na véspera do jogo, muitos torcedores foram acompanhar os treinamentos, passar para os jogadores a confiança que tomava conta do lado vermelho-e-preto da cidade. Tinha fila para comprar ingresso, para assistir ao último treino, para falar com os nossos craques. Era uma bonita festa atleticana, de uma torcida que sentia a chance de ver o Furacão soprar mais longe para todo o Brasil.
E foi exatamente com esse sentimento que me dirigi ao estádio do Pinheirão, certa de mais um sucesso atleticano. Estádio superlotado, a torcida Rubro-Negra fazendo uma festa contagiante. Um jogo inesquecível. Não sei por que, mas eu tinha plena certeza da vitória – alimentada, lógico, pelo bom placar do primeiro jogo. Uma certeza que, pouco a pouco, foi desaparecendo. Nunca me senti tão humilhada, derrotada. 6 a 2 para o Corinthians. No apito final do árbitro, chorei como uma criança. Era o desabafo de quem se sentiu totalmente dominada, incapaz e vencida. Nunca chorei tanto por causa do Atlético. E vi que outras pessoas também choravam. Era a nossa chance, mas não conseguimos vencer...
Desde essa partida, sempre que tem Atlético e Corinthians eu sinto o gostinho da revanche. Há cinco anos o Atlético não perde para os corintianos em Campeonatos Brasileiros. E cada vitória tem um sabor especial. Pode ser goleada, virada com um jogador a menos no último minuto. Basta vencê-los, dar o troco e com juros. E, depois daquele 6 a 2, eu sempre digo: “vencer é muito bom, mas vencer o Corinthians é bom demais”.
Corinthians 2 X 3 Atlético
E “São Douglas Silva” salvou o Atlético. Primeiro, impediu o terceiro gol corintiano, no início do segundo tempo. E depois, numa bela cobrança de falta, no último minuto, consagrou a virada rubro-negra. Nada como um dia após o outro...
Da partida de ontem, vale a pena mencionar apenas o segundo tempo, pois foi quando os dois times se propuseram a jogar futebol. Apesar do Corinthians ter aberto 2 a 0, era um placar mentiroso, pois nenhum dos dois times se propôs a jogar ofensivamente na primeira etapa.
Mas bastaram as entradas de Fabrício e, principalmente, Fernandinho para mudar o rumo da partida. Os donos da casa recuaram e o Atlético foi com tudo. Jogava melhor e merecia vencer. Mais uma vez ficou provado que quando se coloca em campo um time competitivo, que agride o adversário, o Atlético tem condições de ganhar. E com um gol de falta, no último minuto, para mostrar todo o drama do time nesta temporada. As coisas nunca foram fáceis para a gente mesmo...
A partida desse domingo foi diferente. Diego falhou, Douglas Silva salvou e o Atlético ganhou seu segundo jogo fora de casa. Foi uma virada para lavar a alma. Com um time guerreiro em campo, mesmo com um a menos o Atlético era melhor. Foi a vitória com gostinho de 1ª Divisão em 2004, quando esperamos que a trajetória vencedora deste domingo se torne regra, e não exceção.
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