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Daniel Machado
Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.
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Um técnico para sempre
19/12/2008
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"Duas coisas nunca deveriam mudar. FHC, presidente do Brasil para sempre; e Geninho, técnico do Furacão para sempre." Muito boa a piada, contada esses dias ali no Amarelo's Bar. Sem desmerecer Lula, Juscelino, Evaristo ou Motorzinho, sem convicções partidárias ou preferências táticas. Só uma daquelas reflexões despretensiosas, entre um gole e outro.
Depois dos risos, um breve silêncio, os últimos chorinhos da garrafa em cada um dos copos. Aquilo nos fez refletir. Eu e o próprio autor da utopia. Colega de sorte este que tenho, aliás; de sorte nos punhos e no sobrenome.
Nem eu nem ele querÃamos falar de polÃtica naquele momento. A esperança de tempos melhores para o nosso paÃs parece cada vez mais distante. É um assunto que não vale a pena discutir. Crescem a cada dia a violência, a corrupção e a impunidade. O Clube Atlético Paranaense, por outro lado, é uma pátria à parte, próspera. Nunca lhe faltarão militantes, para o que der e vier, para acreditar e fazer acontecer. Afinal, os caras-pintadas que conheço usam vermelho e preto.
Ergueu-se uma mão e logo veio a Eliane com uma nova rodada.
Eis que Geninho era o assunto. Para ser técnico de um clube para sempre, concluÃmos que não basta montar um elenco competitivo, tampouco saber motivar, conhecer o 4-4-2, o 3-5-2 e suas variantes, conquistar 12 vitórias consecutivas ou até sagrar-se campeão. Campeão por campeão, até Flávio Lopes foi. É preciso integridade, confiança, bons resultados, ... e um algo mais.
É preciso o que só existe entre Atlético e Geninho, intangÃvel, inexplicável. Algo como entre Sir Alex Ferguson e o Manchester United, algo como havia um dia entre Telê e o São Paulo.
São rarÃssimos casos assim no futebol. Torcida, conselheiros e o próprio Geninho precisam reconhecer esta magia e trabalhar para que a parceria seja duradoura. Podemos juntos traçar planos de (muito) longo prazo.
Àquela altura, não sabia se estávamos na quarta ou na quinta Skol. Olhei no relógio, ainda estava cedo. Então pedimos a quinta, ou a sexta, e um rollmops.
E seguiu o papo. Durante sua carreira, tanto como guarda-metas quanto como técnico, Geninho já passou por muitas bimbocas e até por alguns desafios além-mar que mais parecem missões do agente secreto 007: Francana, São Carlense, Matonense, União São João, Vitória de Guimarães e Al-Ahli. Aos 60 anos, ele não demonstra exatamente o perfil de quem curte aventuras. Já deve estar a fim de um pouco de sossego e de um emprego seguro.
O Atlético também já fez muitas experiências desastrosas, entre elas Casemiro, Givanildo e Bob. Nosso departamento de futebol profissional não pode ser um laboratório para estagiários e trainees. Chega disso, por favor.
Se é bom para o Geninho e bom para o Atlético, então por que não acreditar que podemos mantê-lo, não por mais uma ou duas temporadas, mas indefinidamente? Se nosso clube é mesmo de vanguarda, vamos quebrar mais este paradigma do futebol brasileiro: se um time vai mal, manda-se embora o técnico.
Daqui Geninho não sairá nunca. Jamais demitiremos nosso treinador. Só jogadores como o Danilo, por exemplo, ou outro que não estiver a fim de trabalhar. Boleiro que quiser ser mais rei que a majestade estará fora. Ou submete-se aos ensinamentos do nosso gênio, ou que prepare suas trouxas.
Geninho será, enfim, eterno, conforme profetizava o cartaz de um fanático rubro-negro. Geninho será ao mesmo tempo sócio, Ãdolo e patrimônio do Furacão.
Quando me fui, cambaleando, tudo parecia muito fácil. Geninho, técnico para sempre. Seria pedir demais? Ou teria eu exagerado na cerveja?
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