Ricardo Barrionuevo

Ricardo Barrionuevo, 51 anos, é médico. Ainda na Faculdade, em um de seus experimentos científicos, testou o QI de seus três irmãos. O mais novo obteve 135 pontos e é visto com freqüência na Arena da Baixada. Os outros dois obtiveram 1,35 e consideram Keirrison melhor que Pelé. Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2009.

 

 

Vamos filosofar

10/12/2008


Filosofia (do grego philos - que ama + sophia - sabedoria, " que ama a sabedoria ")

"Quem quer colher rosas deve suportar os espinhos."

Uma das coisas que mais nos engrandece nessa vida, amigo Atleticano, é poder adquirir conhecimento. E uma das maneiras mais agradáveis de adquiri-lo é através de viagens. Visitar outros lugares, procurar conhecer a história e a cultura daquele lugar, do seu povo, isso é engrandecedor. Quando visitamos regiões distintas do nosso próprio País, vivenciamos uma variabilidade enorme de culturas e regiões completamente distintas. O que falar das diferenças da Região Sul do País em relação a região Norte ou Nordeste?

Quando saímos do nosso País e vamos para Países vizinhos, do nosso próprio continente, essas variabilidades tendem a aumentar. Mudam-se as Leis, a moeda, a língua. Quem já foi ao Paraguai ou Argentina sabe muito bem disso. Quando saímos do nosso Continente e viajamos à outros continentes, abrimos a nossa mente e começamos a ter uma visão de mundo. Bem distinta daquela visão que tínhamos antes dessa experiência.

Não sou um cara muito viajado. Tenho 35 anos e tive que estudar e trabalhar muito até o presente momento. Sou adepto à filosofia de que em primeiro lugar temos que plantar pra lá na frente, colher os frutos. Mas dos lugares por onde passei, dois deles me chamaram especialmente a atenção e sobre eles é que eu estou a fim de filosofar hoje.

O primeiro deles, é o estádio de Futebol do Chicago Bears, chamado de Soldier Field, em homenagem aos soldados mortos em combate na primeira guerra mundial. Esse estádio tem capacidade para 80 mil torcedores e quando estive em Chicago nesse ano para um Congresso Médico e quis ir ao Estádio assistir a uma partida do Chicago Bears, com um grupo de amigos, fiquei frustrado ao descobrir que 4 meses antes do jogo (era um jogo da primeira fase do campeonato), os ingressos já estavam esgotados. Infelizmente não tive o prazer de adentrar ao estádio, porém, ao ver de fora toda aquela obra majestosa, com vista parcial do interior e das galerias, através das colunas gregas gigantescas que circulavam o estádio e os maravilhosos vitrais, entendi naquele exato momento o motivo pelo qual o Presidente Petraglia se recusou a fazer qualquer tipo de "remendo" ou "puxadinho" e implodiu a velha baixada construindo a nova Arena. Pra quem quiser ter uma pequena noção do que é o estádio do Chicago Bears, o link abaixo o levará até ele. www.soldierfield.net/default.aspx

A segunda delas, e nessa irei ter que me alongar um pouco mais, é a inigualável Paris. Sempre ouvi de vários amigos meus mais cultos e viajados, que Paris era imbatível. Era Paris e o resto do mundo. Quando fui à Paris, fui da maneira como gostaria de ir, se tivesse a oportunidade de planejar... ao acaso, despretensiosamente. Fui convidado pra ir acompanhando o meu irmão mais novo em uma viagem de negócios e ele precisava que eu fosse junto com ele. Convidou-me pra ir no domingo às 2 horas da tarde e 5 horas mais tarde, estávamos embarcando. Ele já conhecia a "Cidade Luz" e, além de ser muito mais viajado do que eu, apesar de ser 4 anos mais novo, já me dizia que Paris era imbatível. Eu não botava muita fé que fosse achar tudo aquilo que diziam, mas quando eu entrei em Paris e me deparei com a Torre Eiffel, nem precisei ver o Museu do Louvre, o "Les Invalides" aonde se encontra o túmulo de Napoleão, o Arco do Triunfo, a catedral de Notre-Dame, atravessar o Sena de barco e tantas outras coisas espetaculares que a "Inigualável Paris" tinha pra oferecer, pra ter certeza de que realmente Paris era imbatível.

Pra entender da onde vinha toda essa beleza e grandiosidade, tivemos que fazer uma viagem no tempo e na história de Paris e da França. Passamos pelo Reinado de Luis XIV, onde a França atingiu o seu ápice econômico, político e territorial, o reinado do Rei Luis XVI, no qual em apenas 2 gerações subseqüentes, a França passou do seu auge ao declínio absoluto, levando a insurreição do povo e a Revolução Francesa, período de caos total e um posterior novo começo na história da França e da humanidade.

Uma viagem ao tempo e ao passado.

Luis XIV - "L'État c'est moi" - "O Estado sou eu."

O Rei da beleza, O Rei do esplendor, O Rei Sol, "Deus da beleza masculina, da música e da poesia" como era conhecido, Luis XIV governou a França por 7 décadas. O Rei Sol não poderia imaginar seu País ou o seu reinado em segundo lugar em qualquer coisa. Ele foi o maior Rei absolutista da história da França. No reinado de Luis XIV a França atingiu o auge do seu poder econômico e esplendor. Seu maior legado à humanidade foi, sem sobra de dúvidas, o Palácio de Versalhes. Construção sem igual no mundo, Versalhes abrigava a Família Real e a nobreza no século XVII e início do século XVIII. Com suas 2.000 janelas, 700 quartos, 1.250 lareiras, 1.400 fontes de água e 700 hectares de parque, dizer que Versalhes custou Bilhões de dólares a dinheiro de hoje, é subestimar o real valor do Palácio. Luis tinha grande sede de viver e era um verdadeiro show man. Foi verdadeiramente um grande monarca e o governador soberano da França em seu momento mais formidável, contudo em seu leito de morte, por um momento, pareceu se arrepender dizendo "Eu amei a guerra por demais..." Luis provavelmente foi o último grande Rei da história da humanidade.

Luis XVI

Luis XVI foi coroado Rei da França após a morte do seu avô Luis XV, tímido e hesitante, tinha poucas ou quase nenhuma qualidades de liderança, e levaria a França à ruína e ao Caos da Revolução. Casado com a Rainha Austríaca Maria Antonieta, governou a França com pulso fraco e alienado as condições de seu povo, que sucumbia à fome e a miséria total, enquanto o Iluminismo aflorava com as idéias de Voltaire, Russeau, e vozes que pregavam a Liberdade e acima de tudo a igualdade.

Com a economia em ruínas e o inverno castigando ainda mais a população, quando o custo de 1 pãozinho passou a se tornar o salário de 1 mês, a fome levou o povo ao caos e a revolução.

Em 14 de julho de 1789, quando um ajudante retorna com as notícias das revoltas e da queda da Bastilha, Luis XVI pergunta: - É uma revolta? O ajudante: - Não senhor, é uma revolução! Morreu melancolicamente, considerado como traidor de seu povo e guilhotinado em janeiro de 1793.

Revolução Francesa

No auge do século XVIII, o reino mais glorioso da Europa enfrentaria um adversário poderoso - A força do seu próprio povo. Um homem se ergueria para inspirar a nação a afastar um Rei fraco e relutante, uma Rainha odiada, e uma nova República nasceria no sangue. No sangue da Revolução Francesa. É o acontecimento mais importante da história ocidental. Foi a Revolução que mais abalou o mundo. Estabeleceu uma nova ordem na sociedade, mas o progresso custaria o seu preço.

A Declaração dos Direitos do Homem foi a tomada do poder pelo povo. Marat, Danton e Robespierre lideraram a revolução, levaram a morte dezenas de milhares de Franceses por toda a França e foram devorados por ela. Robespierre foi o último líder morto pela revolução em 1794 e com ele, o "Terror". A França entraria em um período de incertezas e após 5 anos instáveis o poder é novamente consolidado sobre a mão de um único homem - Napoleão Bonaparte. Mas isso é uma outra história.

Aqui neste País, nesta cidade, neste local daqui a 200 anos meu tatatataraneto estará explicando ao filho dele:

- Filho! Toda essa maravilha e grandiosidade que você está vendo agora, começou há 213 anos atrás com aquele homem, considerado meio polêmico e autoritário na época, que foi criticado por alguns, mas que depois seu povo reconheceu o seu devido valor e construiu aquela estatuazinha com a imagem dele de 10 metros de altura na frente do nosso templo sagrado, deram nome de avenida, de região e até da cidade que pertence ao nosso amado clube hoje. Depois vieram os seus discípulos e deram continuidade ao bom trabalho iniciado por ele.

"Todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje".


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