Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Um coração na Baixada

04/12/2008


Segunda-feira, 1º de dezembro de 2008, 08 horas da manhã. Caminho longo até o trabalho, aliás, caminho que nunca foi tão longo. Olhar perdido nas árvores secas, anunciando que a primavera, desta vez, não chegou. Coração meio dilacerado, dividido entre a tristeza, a angústia e a preocupação. Estava escrito: a semana, que começara naquele instante, seria longa e difícil.

Prometi a mim mesmo naquele momento: não vou me desgastar desde já. Quero esquecer as dores do final de semana e voltar meus pensamentos ao próximo jogo do Atlético lá por sexta ou sábado. Antes disso, nada de alimentar a gastrite, nada de perturbar a concentração ou tentar desvendar as partes do meu coração, como numa tentativa de amenizar a angústia, a tristeza e a preocupação. E lá se foi a segunda-feira. E com ela, como se fosse uma obrigação de emendar o tempo, foi-se também a terça. Nada me trazia a vontade de acompanhar as notícias sobre o futebol. Tabela de classificação então, nem pensar!

Quarta-feira, 3 de dezembro de 2008. Até então, nada de gastrite. Dia bonito na capital paranaense, sol brilhando e a certeza de que o coração estava ali, firme, seguro e decidido. Atlético x Flamengo só teria uma atenção especial na sexta ou sábado. Meu “pacto de sossego” estava em pé, e parte da semana já havia passado. Vivi intensamente a quarta-feira, como deveria ser, conforme minha promessa e meus esforços.

Hoje, quinta-feira, 08 horas da manhã. Desperto do meu sono, me olho no espelho e lavo o rosto. Estou sem fome. Algo estranho: eu, sem fome? Estranho mesmo. Toquei o carro, assumi meus primeiros compromissos e fiz a besteira de chegar no trabalho e abrir o calendário: 4 de dezembro, quinta-feira. Uma pontada avisa: dor de estômago se aproxima. Deve ser “barriga vazia”. Uma bolacha, uma fatia de pão e pronto, daqui a pouco passa. Água, muita água pra hidratar o espírito e mãos ao trabalho. Cadê a concentração? Já era.

Rapidamente aperto a mão contra o peito. Tá lá a resposta. Coração aproximadamente com uns 150 batimentos por minuto. Lavo o rosto, olho no espelho e passo bem, graças a Deus. A resposta para tudo isso só encontrei quando coloquei novamente a mão no peito. Senti mais uma vez o meu coração. Isso tem nome: Clube Atlético Paranaense!

Quase, foi por pouco. Não cumpri a minha promessa pela precisa diferença de 24 horas. Cheguei no meu limite. Hoje respiro Atlético, almoço Atlético, descanso Atlético, caminho através dos passos do Atlético. Já estou por dentro de todas as notícias, todos os detalhes, e a tristeza, a angústia e a preocupação de segunda-feira transformaram-se em esperança e fé. Estou vivo, mais vivo do que nunca, para ver o meu Atlético brilhar!

Domingo, todos os caminhos nos levam à Baixada mais linda do mundo. O meu coração já está lá!


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.