Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Lágrimas de chuva - Caos em SC

27/11/2008


O céu escuro e as típicas nuvens cinzentas noticiavam: vai chover. Como em qualquer dia normal de Santa Catarina, naquele dia choveu. E choveu muito. E não parou mais de chover. E a chuva, em pouco tempo, transformou a vida de Santa Catarina em tragédia. Tragédia e caos. Por dias e mais dias, noites e mais noites, a chuva incessante anunciava que chegara para mudar o destino de um povo. E ainda não parou de chover, e a chuva ainda não deu tréguas, mesmo diante de uma corrente de orações de todo o povo brasileiro.

Por que? Mas por que meu Deus? Por que tanta chuva, tanta desgraça, tanta tristeza? Por que tantas e tantas vezes nós imploramos pela chuva, e essa mesma chuva chega e nos castiga cruelmente? Por que Deus, a natureza chega sem avisar e resolve nos devastar, nos ameaçar e nos maltratar tanto?

Por que? Não temos a resposta. Mas se não temos a resposta, temos a oportunidade de tentar, ao menos, tirar alguma lição deste “tsunami” brasileiro. Quem sabe seja uma grande oportunidade de reflexão e de deixarmos um pouco de lado as nossas vaidades, nossas ganâncias e os nossos interesses e voltar um pouco o nosso pensamento aos “porquês” que nos assombram e nos ameaçam, às vezes até a morte. Para algumas coisas nós temos resposta, para outras, jamais.

Vejam só o que aconteceu em Santa Catarina. Águas que encobrem a cidade, nos dão a certeza de que Deus, em sua infinita providência, e que deu ao homem uma pá de inteligência, quer nos dizer alguma coisa. Alguma coisa que não depende Dele, mas de nós. Casas foram por água abaixo. Escolas e empresas foram por água abaixo. Sonhos foram por água abaixo. Planos e construções, que ainda estavam sendo arquitetados pelas mãos dos homens, também foram por água abaixo. Vidas foram por água abaixo. Para muitos, nada sobrou, para outros, sobrou a pouca certeza de que a vida, por um instante ou por vários minutos, não vale nada. Para muitos ainda há esperança, para outros, a esperança, desde o primeiro dia de chuva, nunca existiu.

De todo este caos, tiramos algumas conclusões, as quais estão diante dos nossos olhos. A principal delas, de que o povo brasileiro é o mais solidário do mundo. Bairros, cidades, estados, regiões inteiras realizando uma expressiva mobilização apenas por um ideal: “salvar vidas”. Roupas, alimentos, cobertores, móveis... e olhem que ironia: água, muita água. Um povo todo que está debaixo dágua, precisa de água para sobreviver. Uma grande região de Santa Catarina está desidratada de tanta água. São mesmo insinuações que devem nos tirar minutos, horas, dias de reflexão. Busquemos, nós mesmos, os porquês.

Mas há algumas verdades diante desta tragédia. A verdade de que perdemos, muitas vezes, a oportunidade de sermos pessoas melhores. A verdade de que a vida é boa, e passa muitas vezes em nossa frente, nos dizendo que hoje é um belo dia, mas muitas vezes a ignoramos e reclamamos, em voz alta, que o café está sem açúcar, que um dos nossos sapatos está muito apertado, que ficamos revoltados com a fila do mercado, do banco ou da padaria. Existem muitas verdades que estão aí, na nossa frente, em forma de água. Basta procurarmos, ao invés de respostas, as verdades da vida.

A maior delas, a de que não nos basta apenas “viver a vida”. É preciso “valorizá-la”.

Solidariedade

É com imensa tristeza que estamos acompanhando o sofrimento do povo de Santa Catarina. Abaixo transcrevo a matéria publicada aqui na Furacao.com, em 25/11/2008, e reforço o apelo do atleticano Antonio Carlos, embaixador atleticano em Itajaí.

"Como todos devem saber está ocorrendo a pior enchente da história do Vale do Itajaí. As cidades de Itajaí, Brusque, Blumenau, Luiz Alves, Piçarras, Navegantes, Rio dos Cedros, Penha e outras estão em baixo d'água. A situação está triste mesmo. Eu mesmo fui afetado, perdendo praticamente a casa, mas graças a Deus eu pelo menos tenho condições de me recuperar. Todos estão sem água ou em racionamento, mesma coisa a luz e o gás. Assim como estamos na luta pelo nosso Atlético.”

Como ajudar

Peço que se puderem ajudem essa região. Trabalho na Alfa Transportes. Essa empresa atua em totalidade no RS, SC, PR e SP. Então quem puder ajudar com roupas, cesta básica, colchões procurem a Alfa na sua região. Acessem o site www.alfatransportes.com.br e vejam as cidades pólos que a Alfa está.

Assim quando amenizar a situação nas estradas esses mantimentos podem chegar até mim. Só na empresa aqui em Itajaí existem mais de 35 funcionários (35 famíllias). No total são mais de 30 mil desabrigados em Itajaí e mais de 60 mortes no Vale.

Agradeço a todos.

O ATLÉTICO NOS UNE E A UNIÃO NOS FORTALECE.

Antonio Carlos
embaixada.itajai@atleticopr.com.br


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