Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Guerra? Batalha? Aflitos?

26/11/2008


Ao invés de armaduras, uniformes.

Ao invés de coturnos, chuteiras.

No lugar de escudos, brasões dos clubes que se representa.

Não é um Cerco da Lapa, nem tampouco uma Guerra dos Mascates. Não é a Guerra de Pernambuco, e nem de longe a Guerra do Contestado. Não teremos soldados e sim atletas, não teremos generais e sim treinadores, não teremos armas e sim uma bola que deve ser disputada na luta, na raça, com suor e de preferência sem sangue.

Não apoio essa idealização de “Batalha dos Aflitos”. Isso é coisa dos gremistas, é um jogo histórico dos gaúchos que obtiveram êxito, parabéns pra eles. Nós vamos jogar um jogo, somente isso, ainda que decisivo, muito mais para o time pernambucano do que para nós.

Há sim componentes extras para o jogo e o principal deles é o atual treinador do Timbu. Apoiado quando veio, mesmo com a maior parte da torcida ainda querendo a continuidade do exemplar Ney Franco no comando do time, Roberto Fernandes se mostrou ainda despreparado para desafios maiores na carreira. Se perdeu, falou demais e teve resultados de menos. Nos veio a lembrança fatídica de outro treinador que brilha por lá e fez fiasco aqui por essas plagas: Givanildo de Oliveira, “mestre” Giva para o pessoal pernambucano foi ao menos humilde ao reconhecer que veio numa hora imprópria para tentar repetir no sul o mesmo sucesso conseguido no nordeste brasileiro. Roberto nem isso o foi.

Saiu ainda desafiando qualquer outro treinador a fazer melhor do que ele com os problemas que enfrentou. O time, em minha opinião ainda bastante modesto e aquém do que um clube como o Atlético deveria colocar em campo num campeonato brasileiro é o mesmo, problemas Geninho também enfrentou, mas os resultados, o aproveitamento, a superação e crescimento na tabela de classificação falam por si só. Por outro lado, mais ambientado e contando com maior apoio, Roberto Fernandes também fez um trabalho de recuperação com o Náutico e leva o time de Recife a buscar um horizonte mais confortável e belo ano que vem.

Temos Netinho que foi ídolo e importante na ascensão do Náutico anos atrás. Hoje o garoto Ticão, após bela passagem pelo rival Sport Recife defende as cores alvi rubras do clube pernambucano. Infelizmente o Estádio dos Aflitos, ainda que em privilegiada e nobre região de Recife, carece de mais estrutura e tem sido palco de episódios lamentáveis de confronto como os ocorridos diante de Botafogo e mais recentemente o Vitória. Creio serem fatos isolados e de exceção, esperando um bom jogo, dentro das quatro linhas e com a vitória da equipe que tiver mais qualidade, tranqüilidade e garra durante os 90 minutos da partida.

É um jogo, não uma guerra, não uma luta, não uma batalha. É um jogo! que se unam as terras de Ariano Suassuna e Paulo Leminski, que se leiam Joaquim Nabuco e Dalton Trevisan, que se ouça a poesia de Helena Kolody e o som pesado (do qual sou fã confesso) e o ritmo da Nação Zumbi e também Mundo Livre S/A. Que o jogo seja jogado como se dança o fandango paranaense ou o xaxado do agreste pernambucano, com arte, com ginga e poesia.

Que vença, dentro de campo e sem pressão externa, o melhor!

ARREMATE

“Diz que prefere as coroas/
Quando começa não pára/
Este cara cismo com a minha cara”
JOÃO TEIMOSO, Noel Rosa


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.