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Juarez Villela Filho
Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.
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Que Atlético é esse?
06/10/2003
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Não fui no último confronto do Atlético. Estive na Oktoberfest em Blumenau-SC e quando estava na famosa Rua XV, no centro da germânica cidade catarinense, passei por um bar e vi que estava passando ao vivo o jogo. Não resisti, pedi um chopp (mais um) e fiquei vendo o jogo. Logo mais, três jovens fizeram o mesmo. Todos cariocas, sendo dois tricolores.
Fiquei impressionado com o que ouvi. A parte boa: temos muita moral mesmo fora do Paraná. Até por causa disso, a vascaína proprietária do bar disse estar decepcionada com o Atlético, pois "em 2001 todo mundo da região torcia para vocês, mas agora a gente nem acompanha mais". O Atlético tornou-se simpático e muita gente gosta mesmo é de ver a Baixada com a "torcida furiosa e ensurdecedora que mete medo nos adversários", conforme dito pelo flamenguista ao meu lado.
Graças a Deus só vi o segundo tempo, que dizem ter sido muito melhor que o primeiro, que prefiro nem imaginar como deve ter sido. Um time extremamente ansioso, com um nível técnico baixíssimo e que teve em Adriano e Fernandinho os únicos que chamavam a responsabilidade. Ainda não havia visto jogo do Furacão, em Curitiba, pela TV e não recomendo a ninguém. Se jogo fora a derrota é quase certa e não traz grandes prejuízos ao coração, o jogo em casa com a esperança de vitória, com esse elenco, é de matar! Viva o chopp de Blumenau!
O ruim era ficar ouvindo, após o jogo, que conquistamos um título eventual. "Olha, até achamos que o Atlético tinha surgido para ficar, mas parece que é mais um Coritiba, Criciúma, Bahia da vida, que ganha um campeonato nacional e passa o resto da vida em posições intermediárias ou lutando pra não cair". Lógico que dezenas de pensamentos passaram na minha cabeça, inclusive alguns pensamentos com a mão cerrada na altura do queixo do interlocutor, mas na dúvida pedi mais um chopp. Afinal de contas, mesmo sabendo de todo o planejamento que tivemos, nossos resultados pós-2001 comprovam a tese que acabara de ouvir.
Arena, CT, o imenso número de mulheres lindas que freqüentam a Baixada, as constantes convocações em todas as Seleções Brasileiras também foram lembrados. Mas futebol é momento e ninguém entende como Ilan é titular e artilheiro do time. Um cara que "nem vai na bola, parece descompromissado com o resto do time, não pode ser titular". Tive que tomar mais um gole e concordar.
Enfim, há coisas na vida que a gente só percebe, só quer ver, quando alguém fala. Passei a me questionar: Que Atlético é esse? O time que encantou o Brasil, conquistou simpatizantes, mostrou o poder e força de uma nação apaixonada ou esse que se acovarda, que só ouve vaias nas arquibancadas e foge da responsabilidade?
Melhor perguntar: o que está sendo feito para mudar esse panorama para o ano de nosso octogésimo aniversário? Sem respostas a essas perguntas, pedi mais um chopp e fui ver as galegas de Blumenau.
RÁPIDAS
• Mário Sérgio inventa? Sim. É intransigente? Sim. Está complicando o que já é complicado? Sim. Mas se no terceiro treinador do ano temos os mesmos problemas de sempre, a culpa é de quem comanda? O time é ruim, essa é a dura realidade.
• Dizem que o casamento é uma instituição falida. Salvem as instituições de nossa sociedade! Domingo quiseram acabar com uma das poucas coisas boas que ainda temos de tradicional. Aquele Atletiba mandrake, para 600 pessoas, foi um pecado!
• Em menos de 10 anos, sob o comando de Petraglia subimos a Primeira Divisão, construímos sozinhos o melhor estádio do Brasil, temos um dos melhores CT´s do planeta, conquistamos 8 títulos, colocamos nossa camisa na cápsula do tempo, tivemos um jogador atuando como titular sendo campeão do mundo e mostramos nossa força para quem quisesse ver. Alguém quer a torcida não passe a ser mais exigente e que queira um time, ao menos, mediano?
• Um jogador injustiçado é Rogério Corrêa. Devemos alguns pontos na tabela graças a seus gols, já faz tempo que ele não dá aquelas "abandonadas" na zaga e, mesmo não tendo o perfil de comandante, xerifão, voltou a jogar bem. Poderá ser nosso herói no Atletiba, escrevam.
• Nos últimos 16 meses, o Atlético tem sido pródigo em quebrar recordes. Maior número de pênaltis perdidos, perda de jogo para time do interior na casa nova, maior seqüência de derrotas, saldo negativo de gols na competição, pior posição num estadual nos últimos anos etc. A Ponte não vence em casa faz meses e lá vai o Atlético quebrar mais esse tabu! Espero estar enganado.
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