Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Personagens

18/11/2008


A reação atleticana iniciada no jogo contra o Internacional em Porto Alegre tem alguns personagens importantes que merecem destaque. Não que o grupo todo não mereça ser reconhecido pela melhora de rendimento e recuperação do time quando muitos já nos davam por rebaixados, mas alguns em especial foram determinantes nesta reta final.

Na minha opinião destaco sete importantes personagens da arrancada atleticana que ainda está em trâmite, pois só respiraremos aliviados quando o risco de rebaixamento for zerado.

São eles:

Galatto

O goleiro atleticano, reserva de Vinícius durante o Campeonato Paranaense e início do Brasileirão, tornou-se quase uma unanimidade entre os atleticanos. Com excelentes atuações ao longo do campeonato, postura correta dentro e fora de campo, técnica apurada e frieza conquistou o apoio do torcedor. Galatto já se destacava desde o dia que assumiu a posição de titular, mas por muitos jogos apenas aliviou nosso sofrimento, diminuindo a derrota sofrida, evitando-a ao garantir um empate (Grêmio) ou sendo decisivo nas poucas vitórias até então (Vasco). Com a melhora do time manteve o bom nível de atuação e ajudou o Atlético a sair da zona de rebaixamento.

Alan Bahia

O volante atleticano é um dos jogadores mais contestados do grupo atual. Não acho justa esta perseguição com este jogador que desde 2002 veste a camisa atleticana e por muitas vezes salvou o time com gols decisivos e boas atuações. Gols como na reta final do Paranaense quando garantiu o 1x0 contra Paraná Clube e Iraty, ambos fora de casa, no momento em que um empate nos eliminaria do estadual. Jogadas importantes como no perfeito lançamento para o gol de Maciel contra o Libertad na Arena pela Libertadores de 2005. Concordo que Alan Bahia esteve por várias vezes fora das condições físicas ideais, mas quando nestas condições esteve sempre manteve uma boa regularidade e foi importante ao time, como nos últimos dois jogos do Brasileiro. Com sua melhora o time também cresceu e com seus gols vai somando pontos. Pela identificação que tem com o clube e por tudo que já fez por este, Alan Bahia mereceu ser o autor do gol 1000 em Campeonatos Brasileiros.

Netinho

Netinho também vive uma relação de amor e ódio com o torcedor atleticano e parte da imprensa. Em toda a temporada deu 16 assistências para gol, número que aumentou bastante nos últimos jogos, mas mesmo assim tem quem prefira vê-lo fora do time. Quando o meia que joga improvisado na lateral esquerda, sacrificando-se pelo time, esteve fora por obra da cirurgia para tratamento de uma lombalgia, o Atlético parou de fazer gols e chegou a ostentar a pior artilharia do campeonato. Com seu retorno, ao menos de cabeça voltamos a marcar. Mesmo não estando em seu melhor dia contra o Vitória, foi responsável por quatro cruzamentos perigosos: o primeiro para Ferreira que quase marcou de cabeça, o segundo para o gol anulado de Rhodolfo, o terceiro novamente para o zagueiro que desviou para fora e o quarto para Rafael Moura empatar o jogo. Nunca acreditei que fossemos cair, mas sem Netinho certamente a recuperação seria bem mais difícil, já que gol, nesta hipótese, só por milagre!

Rafael Moura

Sempre gostei do futebol do Rafael Moura, desde que ele despontou no Paysandu após ser revelado pelo Atlético de Minas e especialmente no Corinthians quando fez muitos gols na campanha do tetracampeonato deste time. A sua contratação causou má impressão em vários atleticanos que não apostavam no atacante como o artilheiro que o clube precisava. Chegou fora de forma, sem ritmo de jogo e demorou a emplacar. Quando o fez foi condenado pelo branco que teve contra o Fluminense e pelas declarações sinceras à imprensa. Nunca se omitiu em campo, mesmo na mira da imprensa, a exemplo do amigo Netinho, e dentro de campo respondeu com gols. Um por jogo, normalmente decisivos. Enquanto Rafael Moura faz gols, seus companheiros de ataque se revezam, na esperança do torcedor atleticano que alguém corresponda em campo como tem feito o camisa 9 nesta reta final. Aliás, já recebi uma sugestão para que comparasse a trajetória de Rafael Moura em 2008 com a de Alex Mineiro em 2001, mas não acho justa, afinal em 2001 fomos campeões, Alex Mineiro foi o bola de ouro e fez oito gols em quatro jogos. Hoje, mérito para Rafael, mas a situação é outra, bem menos gloriosa que aquela. O que não tira o mérito do nosso atual atacante e o coloca em posição de destaque na reação do time.

Geninho

Geninho era ídolo da torcida atleticana desde a conquista do Brasileiro em 2001. Seu nome foi gritado pela massa atleticana de 2002 à 2008 a cada passagem de técnico ruim por aqui. Demorou uma eternidade pra voltar, mas voltou. Voltou após algumas passagens fracassadas por outros times do futebol brasileiro (foi demitido do Galo e do Botafogo neste campeonato). Mas isso não nos diz respeito, pois para nós Geninho é e sempre será o técnico do Atlético. Aqui ele está em casa, rende mais do que em outros lugares, tem afinidade com o torcedor, mística com a Arena e neste ano parece fazer milagre. Conseguiu unir um grupo fragilizado, desmontado, desunido, sem identidade e com rendimento péssimo no Brasileirão. Fez o Atlético vencer dois, três jogos seguidos, ganhou fora de casa, virou uma inédita partida neste campeonato e aos poucos vai ajeitando o time. Independente das eleições do clube, quem quer que assuma o Atlético precisa manter Geninho como nosso treinador para 2009. O resultado certamente virá em campo.

Moracy Sant’Anna

Pouca gente reconhece o trabalho de um preparador físico, mas é essencial para um clube grande ter um bom profissional nesta área. Justamente na escolha do preparador físico que o Atlético cometeu seu maior erro na temporada, em minha opinião. Com o pouco saudoso Roberto Fernandes veio Guilherme Bergamo. A partir daquele momento o rendimento dos atletas atleticanos caiu nitidamente. Perdemos inúmeros jogos no final e quando não perdemos nossos jogadores se arrastaram em campo. Se o Atlético saísse perdendo era certo de que não iria virar e o departamento médico ficava cada dia mais cheio. Ouvi informações de que um treino forçado na véspera de um jogo de final de semana, tendo jogado numa quinta-feira, lesionou o atacante Joãozinho. Moracy não fez milagre, afinal não preparou a pré-temporada e encontrou um grupo pouco homogêneo, com várias deficiências físicas, mas foi jogo a jogo ajeitando o condicionamento dos nossos atletas. Em entrevista ao portal Globo.com admitiu que até a altura do gramado prejudicava o time e que a situação era grave quando aqui chegou. Moracy Sant’Anna é um profissional consagrado que participou de seis Copas do Mundo, com um currículo excepcional e que fora dos holofotes tem muitos méritos pela mudança positiva na postura do time em campo.

Torcida

A torcida atleticana não poderia deixar de ser elencada como um dos personagens principais da reação atleticana neste campeonato. Claro que é chover no molhado falar da torcida atleticana, mas mais uma vez demonstramos nosso apoio incondicional ao time, paixão pelo rubro-negro e uma força extra fora de campo. Até mesmo os jornalistas de fora e jogadores adversários destacam a dificuldade de vencer uma partida na Arena, mas o Furacão estava adormecido. Na reta final embalamos nosso time dentro e fora de casa como no jogo contra o Figueirense, em mais uma demonstração do que o torcedor atleticano é capaz, seja nos bons momentos como na adversidade. Criar falsas premissas sobre torcidas sazonais é fácil, difícil é criar uma torcida apaixonada que sempre esteve e estará ao lado do seu time e Brasil afora é reconhecida por sua vibração e fanatismo.

Sem estes sete personagens talvez o Atlético estivesse correndo um risco muito maior de rebaixamento, por isso fiz questão de reconhecer aquilo que fizeram nos últimos jogos pelo nosso querido Atlético, sem no entanto esquecer de outros que também estão sendo importantes como os zagueiros Rhodolfo, Antonio Carlos, Chico, Rafael e Gustavos, seguros quando atuaram, Valencia, eficiente na proteção da zaga e nos desarmes, Ferreira que aos poucos vai voltando a jogar bem, mas que assim como Julio Cesar e Geílson ainda precisa melhorar sua finalização e, claro, o diretor jurídico Marcos Malucelli que apaixonado pelo Atlético assumiu o comando do futebol e com sua competência e personalidade ajudou a colocar a casa em ordem.


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