Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Um trabalhador chamado Valencia

17/11/2008


Foi difícil definir o título desta coluna. Qual a melhor palavra para definir Valencia? Seria um "leão"? Não. O "Rei da selva" dorme durante a maior parte do dia, e se alimenta de presas abatidas pela fêmea. Um "monstro", então? Talvez, mas o termo pode ter conotação negativa, ligado a susto, medo. Que tal "guerreiro"? Sem dúvidas é um bom verbete, mas carrega a idéia de violência, o que não é o caso do nosso volante.

Cheguei à conclusão de que não há melhor definição para Valencia do que trabalhador, na acepção verdadeira da palavra. O colombiano é um exemplo não só para os demais jogadores do Atlético, mas sim para todos aqueles que realizam qualquer trabalho; aqueles que se propõem a executar qualquer tarefa.

Valencia, quando bate seu "cartão ponto", ou seja, quando veste a camisa do Atlético, investe-se de uma determinação incomensurável. Não respeita obstáculos ou dificuldades. Supera a sua limitação técnica, ingora o cansaço, ou o que mais for preciso, para transformar-se em um gigante dentro de campo e executar seu trabalho com êxito.

Não é apenas "raça". Raça também tem Rafael Moura, em determinados lances. Não é só "vontade". Vontade, Alan Bahia mostra também na maioria de suas jogadas. Valencia vai além, mostrando uma disposição ilimitada e constante de desarmar os adversários, vencer as jogadas, enfim: ajudar o Atlético a ser vencedor. Sem querer aparecer, sem buscar os holofotes, e sim com a consciência do pragmatismo que beneficia o clube em que joga. A fonte da força de Valencia não está em seus músculos, tampouco em seus pulmões: está na sua mente, que o determina a lutar incessantemente.

Se Geninho é o grande mentor da transformação do "grupo" atleticano em um "time", Valencia é, sem dúvidas, o grande símbolo.

A você, Valencia:
- minha admiração: como é bom ver este espírito lutador em tempos de um futebol tão mercantil;
- minha inspiração: não só eu, como muitas pessoas certamente devem inspirar-se em seu exemplo de perseverança.
- minha eterna gratidão: por ter ajudado imensamente a transformar um time fadado ao rebaixamento em uma equipe capaz de trazer alegrias a seu torcedor.

Falta pouco

Parecia impossível. Um time que tinha um aproveitamento de 31,1% no segundo turno conseguiu, numa série de 5 jogos, obter 13 pontos (87% de aproveitamento). É espetacular, não lembro de ter visto algo assim o futebol. Tamanho feito só poderia levar as cores vermelha e preta. Porém, volto a pedir "pés no chão". Ainda resta obter uma vitória, para garantir, com boa dose de segurança, a permanência na Série A. E não há motivos para pensar que a tarefa será fácil.

Botafogo, o próximo adversário, pode estar com salários atrasados. Mas certamente receberá a famosa "mala branca" dos adversários do Atlético, que já haviam prometido prêmio ao Sport, na partida disputada na Baixada. Em seguida teremos o Náutico, de Roberto Fernandes, com retrospecto bastante favorável dentro de casa. E, na única partida que resta em casa, receberemos o Flamengo, que mostrou um futebol brilhante ontem, contra o Palmeiras, e estará precisando de pontos para assegurar a vaga na Libertadores.

Mantenhamos a seriedade e a determinação. E chegaremos lá.


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