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Juarez Villela Filho
Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.
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As verdades de cada um
28/10/2008
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Antes de mais nada e longe de querer ser mal interpretado abro um parênteses: nada tenho contra times do eixo Rio – São Paulo. Pertenço ainda a uma geração que via Super Ézio pela tela da Band com a narração sensacional de Januário de Oliveira (tá lá um corpo estendido no chão. Lá vem os maqueiros para o primeiro carreto da noite...) e era bastante comum torcermos para o nosso Atlético ou os amigos pelo coxa e mesmo assim termos camisa do Flamengo e eles do Palmeiras, até mesmo pela similaridade das cores talvez.
Numa época de recursos de comunicação muito inferiores a hoje em dia, ver Zico pela televisão e assistir partidas no Morumbi lotado com gols de Careca pelo São Paulo ou ver a fenomenal torcida corinthiana num Pacambu lotado era tão comum quanto vermos marcarem quantos pênaltis fossem necessários para o Vasco de Geovani e Sorato conseguir virar o placar diante do Itaperuna no final de tarde de domingo. Atlético pela televisão? Lembro que depois de anos, salvo engano no Brasileiro de 1992, com o veterano Rafael no gol, assisti uma derrota nossa diante do Corinthians num Pacaembu efervescido.
Hoje se o Sportv não passa um jogo nosso fazemos um griteiro. Se o jogo só passa pelo sistema pay per view já começamos a “alugar” aquele amigo que tem o pacote completo e reservar mesa em bares que tenham aceso aos canais restritos para ver o jogo. A influência pois dos times cariocas e paulistas na mente deste já não tão jovem de três décadas de vida não tinha como passar desapercebida. Porém as coisa mudaram. E por isso mesmo a velha e arcaica imprensa esportiva deveria ter se atentado ao fato.
Não dá mais é vermos em canais pagos, “especialistas” falando que torcem para que o Fluminense e o Vasco não caiam. Acreditar que times que mesmo fracos, mas com jogadores de grande qualidade individual como são Washington, Conca e Arouca pelo tricolor ou Edmundo e Leandro Amaral pelo cruz maltino vão escapar, acreditar que a liderança de René Simões e a maneira franca de fazer futebol de Renato Gaúcho podem fazer a diferença é uma coisa, outra é a explícita torcida para que eles escapem sobrando a bomba para os Ipatinga´s, Atlético´s, Portuguesa´s, Náutico´s e Figueirense´s da vida.
As análises passam ao largo em ver as dificuldades que um Náutico, por estar num Estado periférico no futebol nacional e longe dos grande centros passa para deixar sua folha salarial em dia e tentar competir com os grandes. Os analistas, do alto de sua confortáveis cadeiras, não conseguem visualizar que o único caso de um clube que de estruturou patrimonialmente e junto disso conquistou seus maiores títulos é o do Atlético Paranaense. Compare com a história de qualquer grande clube do Brasil e descubra o período de “vacas magras” que clubes que possuem há anos, décadas seu patrimônio passaram até constituírem o que tem hoje.
Falando em patrimônio, mais clubes exibem maquetes, croquis, estudos, mas levantar um estádio, da estaca zero até o que possui hoje somente o Atlético, capitaneado, mas nunca com Petraglia isolado é que foi capaz. O papel aceita tudo, até dejetos feitos na solidão de um WC.
O que me irrita é essa coisa de que o Vasco não pode cair. Um dos clubes mais populares não só do Rio de Janeiro como de todo o Brasil, um clube que foi talvez o primeiro do Brasil a se abrir a todos, sem distinção, a ser o verdadeiro clube popular da sociedade carioca ainda nas décadas de 20 e 30, o que aceitava “negros, pobres e caixeiros viajantes” em suas colunas, o clube que construiu sozinho o então maior estádio do Brasil, hoje sucateado e ultrapassado São Januário não pode cair, segundo a análise dos críticos da imprensa nacional, porque Roberto Dinamite literalmente pegou uma bomba e não merece esse castigo. E o que nós atleticanos, que também pagamos em 2008 pelos sucessivos pecados na direção quanto ao futebol, temos com isso?
O que o torcedor do Figueirense, outro time que tenta lutar mesmo em extrema desigualdade de condições em relação a cotas de TV e patrocínio, de mídia espontânea com os grandes do eixo, tem a ver com o problema psicológico dos jogadores do Fluminense que perderam uma Libertadores que julgavam ganha e os fizeram simplesmente “brincar” no Brasileiro como disse seu treinador na época? Por que estes times, em especial o tricolor das Laranjeiras que subiu da Terceira para a Primeira Divisão de uma vez só contando com o misterioso silêncio da grande imprensa nacional merecem ficar, por uma questão de tradição, entre os grandes e outros clubes não merecem?
Se fosse por tradição, que América Mineiro, Bangu, América do Rio em especial e o gigante Bahia que permanecessem ad eternum entre os melhores e que o resto, a sobra disputasse outros torneios, sem acesso e nem descenso como parecem querer alguns.
Quem tiver mais competência, mais coração, mais garra nesse momento que se salve. E que a grande imprensa nacional analise o que ocorre em campo, falando e escrevendo daquilo que vê e não do que sente, porque se é para escrever sobre o time do coração, que abandone seus microfones, que saiam das redações de jornais e se junte a milhares de torcedores que pagam ingresso e estão nas arquibancadas sofrendo com seus times do coração todo santo jogo.
Preferir que caiam alguns times em detrimento do que fizeram ou do que representam times mais tradicionais e de rica e bonita história no cenário nacional já é demais. Todo cuidado, em especial com as arbitragens e com os vide tapes editados nessas derradeiras rodadas será pouco.
ARREMATE
“Deus me fará Justiça” frase escrita na cela onde Edmond Dantes, personagem do clássico O CONDE DE MONTE CRISTO de Alexandre Dumas viu durante os 13 anos de reclusão que sofreu sem ao menos saber do que era acusado.
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