Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Auto-estima

22/10/2008


Já na segundona!

ão, ão, ão...

a, e, i, o meu time vai cair!

ÃO ÃO ÃO SEGUNDA DIVISÃO...

Já desistiu, Marcel?


As frases citadas acima são todas de autoria de atleticanos, pasmem! À primeira vista, teríamos a impressão de que seriam provocações de torcedores adversários, felizes com a possibilidade de queda do Atlético para a segunda divisão. Eles, os rivais, torcem para que o rubro-negro caia! Claro, não precisam ter compaixão conosco, como também não tivemos em 2005 com o rebaixamento do Coritiba e em 2007 com a derrocada do Paraná Clube. O futebol é um esporte movido à paixão e rivalidade e o adversário invariavelmente quer vê-lo derrotado, rebaixado, em crise, sofrendo com as derrotas. Isso é normal, o que não é normal é perceber seus colegas atleticanos aceitando algo que não está consumado e até mesmo achando graça nisso, escrevendo frases pessoais que demonstram a aceitação da derrota.

Amigos e inimigos, o Atlético não está rebaixado para a segunda divisão! Faltam ainda oito jogos no Campeonato Brasileiro de 2008, quatro destes na Arena da Baixada e os demais fora de casa, sendo três destes contra os também desesperados Vasco, Figueirense e Náutico. Já não sei mais se conseguiremos escapar, apesar de continuar confiando nisso. Não sou derrotado, pessimista e enquanto a chance for real vou acreditar. Afinal escolhi torcer pelo Atlético e nesta hora não posso abandoná-lo. Fácil seria escrever: Bem vindo, segunda divisão! Mas melhor é estar ao lado do time que amo, torcendo por ele até o fim, acreditando que seja possível somar 13 ou 14 pontos nestes 24 restantes para escapar do rebaixamento. Não é nenhum milagre ganhar quatro jogos, empatar mais um ou dois e perder o resto. Mesmo não tendo conseguido esta média de pontos em todo o campeonato, esta meta é bem real, factível até mesmo a um time em crise técnica.

Na semana passada a Portuguesa, rebaixada para o mundo todo, venceu o líder Grêmio em casa. Soou como zebra, mas neste campeonato equilibrado, como normalmente é o Brasileirão, qualquer um pode vencer em casa, mesmo sendo o anfitrião lanterna e o visitante líder. Ou será que nos esquecemos de 2004, quando o então líder Atlético tropeçou contra o mais do que lanterna Grêmio em Erechim após abrir vantagem de 3x0? Pois é, um jogo de futebol é realizado entre 11 atletas de cada lado e vencerá aquele que tiver mais técnica, claro, mas também aquele que correr mais, que tiver mais vontade de vencer, que apresentar um algo a mais que difere o craque do bom jogador. Talvez não tenhamos nenhum craque no elenco, mas um algo mais, um esforço maior, certamente equipará o Atlético com qualquer um dos próximos oito adversários.

Auto-estima é a qualidade de quem se valoriza, se contenta com seu modo de ser e demonstra, conseqüentemente, confiança em seus atos e julgamentos. Torcedor, jogador, treinador e diretoria atleticana, com baixa-estima cairemos mesmo, mas com um pouquinho de confiança o quadro pode mudar. Não é tão difícil quanto parece, basta um pouco mais de auto-estima.


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