Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Esperança

17/10/2008


Vencer, pode ser que sim e o vença. Perder, pode ser que o perca e o faça. Jogar pode ser que jogue e tem que jogar. Desistir que não desista nunca!

Qualquer resultado é possível a partir do momento que a bola rola. Mesmo com um time enfraquecido nos últimos anos contra um poderoso adversário que joga em casa, o Atlético pode fazer o imponderável acontecer. Difícil? Sem dúvidas. Impossível? Jamais.

Este time pode cair, mas que caia de pé. Lembro de partidas em que a torcida atleticana soube valorizar a luta, empenho e dedicação mesmo com derrota. Parte dela aplaudiu até mesmo a vexatória eliminação em casa diante do fraco Chivas pela Sul Americana, em mais uma noite de horrores de Danilo & Cia., mas o time ao menos lutou, tentou, se jogou desesperadamente ao ataque e buscou algo melhor até o final. Se cair, que caia de pé, mantendo acesa a chama da esperança!

Em 2000, após fazer a melhor primeira fase entre todos os participantes em sua primeira disputa de Libertadores da América, sucumbimos em casa diante do Galo Mineiro e o pênalti derradeiro foi justamente de um de nossos ídolos, do incansável campeoníssimo Adriano Gabiru (que fez o Atlético campeão do mundo desfalcado de 10 em 2006). O time saiu aplaudido pela luta, dedicação, afinal a inigualável torcida atleticana sabe dar valor aqueles que valorizam essa camisa. Em 1992 perdemos de 3 X 1 uma partida realizada no Couto Pereira para o então forte Paraná Clube, com direito a um golaço de voleio de João Antonio na entrada da área no gol dos fundos do Couto Pereira. O time batalhou, fez o que pôde, sucumbiu ao adversário que era sabidamente mais forte, mas cantamos tanto, vibramos tanto por vermos um jogo equilibrado que mesmo a derrota não nos calou. Aqueles atletas, Paulo Rink entre eles, cumprimentaram a torcida ao final do jogo num ritual estranho pela derrota, mas que só quem é atleticano entende.

Não exijo que Netinho dê um passe milimétrico de 30 metros nos pé de Pedro Oldoni e que este gire o corpo enganando a marcação, passe para Ferreira ganhar em velocidade e que este abra para que Márcio Azevedo domine, cruze com perfeição para o gol de cabeça de Geilson. Não, isso é improvável que aconteça.

Mas exijo sim que Netinho dê o combate até roubar a bola do atleta colorado, que faça o passe mais simples possível, que Pedro trombe com a zaga e a bola sobre espirrada para Ferreira ter mais velocidade e dê de biquinho para Márcio cruzar rasteiro mesmo, mas com força e que esta bola bata em Geilson e vá morre no fundo do barbante. Assim o Atlético fará seu gol, assim manterá viva a esperança, a única que não pode morrer.

Eu quero ver este time lutando o tempo todo. Que Gustavo seja substituído aos 40´do segundo tempo para matar tempo, já que estaremos sofrendo pressão do Inter para o empate com câimbras de tanto se esforçar. Que Antonio Carlos esteja imundo, fruto dos carrinhos que dará em campo. Que o menino Chico continue sua luta por um Atlético melhor, inutilizando o excelente meio campo gaúcho. Que Galatto vibre com cada defesa como se ele tivesse feito um gol, que Alan Bahia marque com firmeza e sem firulas e que todos comemorem juntos o gol da vitória, abraçando Geninho e nos enchendo de esperanças.

Eu tenho a esperança de que semana que vem, ao escovar os dentes, brincar com minha cachorrinha, dar um beijo na minha mãe lhe dizendo que a amo, dar aquele abraço gostoso em minha sobrinha, vestir minha camisa para ir à Baixada ver o duro jogo diante do Cruzeiro, eu não o faça com aquele sentimento do condenado indo à cadeira elétrica, à forca, aquela sensação de que está tudo bem e daqui a pouco vai começar o martírio. Quero que, independente do resultado final em Porto Alegre, o time atleticano nos dê esperanças, nos dê a certeza de que até podemos cair, mas cairemos como homens, sem aquele chororô ridículo diante das câmeras, que se cairmos o faremos de pé.

Mantenham viva a esperança da torcida atleticana jogadores. No momento precisamos disso, o resto a gente vai atrás.

ARREMATE

”Zumbi é o Senhor da guerra/
Zumbi é o Senhor da demanda/
Quando Zumbi chega/
É Zumbi quem manda”
CRENÇA POPULAR. Atletas, acreditem, não duvidem nunca, nem de si, nem da força da torcida e muito menos da mística da camisa atleticana.


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