Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Adiante

14/10/2008


Fica fácil apontar os erros que foram cometidos pela direção atleticana, em especial em 2008 mas que pensando bem, vêem se arrastando desde 2006 principalmente no futebol, razão de ser de um clube exclusivamente de futebol como é o Clube Atlético Paranaense.

Da jogada marketeira em se trazer Matthaus, passando por Givanildo de Oliveira e tendo a volta do Co Vardão, até se render ao óbvio em trazer Geninho, só que tarde demais após o estrago provocado pelo fraco Roberto Fernandes e a vinda do que nunca deveria ter voltado: Mário Sérgio. Isso sem contar jogadores como Marcelo Mariola, a volta do renegado Rodriguinho e também de Rodrigão, a inda e vinda e volta do veterano Ramon, a insistência com João Leonardo, Cristian e tendo um jogadorzinho como Danilo sendo titular absoluto e capitão, culminando com o time de aposentados, machucados e ex-atletas com sobre peso que tomam conta do departamento médico do clube atualmente.

Que ao contrário dos dois anos anteriores, quando ao menos tentou consertar a incrível sucessão de erros, ao menos se reforçando na janela de contratações do meio do ano, insistiu com os erros. Agora se foi e inclusive o afastamento dos presidentes do conselho deliberativo e do conselho gestor só aconteceram quando nada mais de efetivo poderia ser feito. Paciência, nos resta é fugir de todas as maneiras do rebaixamento.

Rebaixamento esse que ao contrário do que alguns pensam, não tem nada de benéfico. Se acontecesse como o ocorrido no Palmeiras e Grêmio, não à toa ponteiros da tabela, que passaram por ampla reformulação com troca de direção de cabo a rabo, ou como a reestruturação que se passou no então combalido Corinthians, valeria a pena. Até os coxas, sofrendo o que sofreram estão dando a volta por cima, com um candidato de oposição hoje no poder! No Atlético isso ainda não será possível, então vamos falar da linguagem que a direção entende: a linguagem financeira.

Um dos institutos ligados a Universidade de Marselha na França, faz um levantamento anual de quanto faturam os clubes europeus, temporada a temporada desde a 1996/1997. Em todos os apontamentos a Juventus de Turim esteve entre os seis clubes que mais faturavam quer seja com negociação de atletas, merchandising, vendas de produtos oficiais, cotas de TV, exposição em rádio e internet, enfim, todas as fontes de renda possíveis. Bastou jogar a segunda divisão da Itália, vencida com facilidade, tendo a Vecchia Signora ganho com tranqüilidade, lotando estádios onde ia, mais ou menos como acontece com o alvinegro paulista este ano, para terem despencado para uma posição, que não me recordo agora, superior a 10ª colocação nesse ranking. Se perde muito caindo, em especial no aspecto financeiro.

Vamos pois as finanças. Não temos muito mais a perder, então não vejo porque não colocar, em especial fora de casa, alguns de nossos garotos da base no jogo. Vencendo, estaríamos valorizando quem é da casa, perdendo, simplesmente é uma conseqüência de tudo que deu errado até agora, enfim, peso zero nas costas dos meninos que com a pressão que enfrentarão, vão se forjar homens com H maiúsculo, fato raro no frouxo elenco atual. E se não servem com 18 ou 19 anos, não servirão com 20 ou 21, aproveitamos e já selecionamos quem nos ajudará no ano que vem.

Aos mais velhos que estão aí e diferente de Gustavo, Kelly (chega a dar dó vê-lo em campo no estado em que se encontra anos depois de me ver maravilhado com suas fantásticas jogadas) e Alberto que tem história com a camisa rubro-negra para contar, se ofereça o que querem: dinheiro. Dinheiro para grandes investimentos o Dr. Marcos Maluceli, na lúcida e inteligente entrevistaque nos cedeu disse o clube não ter, mas para emergências há e além de tudo vamos usar a criatividade nesse momento.

Entrem em contato com TODOS os sócios adimplentes e lhes perguntem quem topa pagar, nos meses de novembro e dezembro, R$ 10 a mais na mensalidade. Todo este dinheiro, já debitado na conta dos sócios seria totalmente empregado para o pagamento de um bônus aos “profissionais” que nos permitiriam jogar a série A ano que vem novamente. Digamos que metade do solidário, participativo, ordeiro e eternamente paciente torcedor atleticano topasse a parada: 10 mil sócios X R$ 10 = R$ 100 mil por mês que durante os dois meses do programa renderiam R$ 200 mil. Nada mal!

Que se tenha sensibilidade em fazer um patrocínio de camisas que nos renda por um contrato de meros dois meses mais R$ 80 mil. Falando em mil, que a AMIL, desde a semana passada também nossa patrocinadora, entre na parada, pingue mais um pouco no Atlético pela extensão do contrato que tenha com o clube e forneça mais uma quantia.

Aos “profissionais” do Atlético, se é dinheiro que querem, a exemplo do capitão Danilo, que espero não ver nunca mais vestindo o manto sagrado do time principal (time B, o sub-23 faria bem ao rapaz) preocupado somente consigo, com vendas, com negócios, a todos os demais que estão aqui e com a cabeça em transferências, fruto também da política extremamente mercantilista que a direção impingiu ao clube nos últimos anos, que se dê dinheiro. Para livrar o time do inferno da segundona (ainda mais sem cerveja no estádio) a torcida, mais uma vez a torcida, a “falácia”, os marginais que nunca deveriam ter saído de seus guetos, os arruaceiros e bêbados, aqueles que não consomem sua paixão, os que querem time mas não colaboram, os que eram até a pouco proibidos de entrar com batuques , bandeiras e faixas, aqueles que foram obrigados a ouvir a fanfarra contratada pela direção para tocar no setor Buenos Aires superior, enfim, a nobre, valente e guerreira torcida atleticana, aquela que verdadeiramente nunca abandona o clube do coração, mais uma vez estará pronta a colaborar.

Pelo Atlético, tudo. Mas estamos nos cansando de fazer nossa parte quando os demais envolvidos parecem ocupados demais para simplesmente fazerem a sua.

ARREMATE

”Mas se o homem é de barro/
Cuidado com o andor, esse santo não pode quebrar”
DA LAIA DO LAMA, Ana Carolina, mais macho que parte do nosso elenco.


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