Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

X da questão

06/10/2008


O “X” da questão atleticano é básico: se acontecer o rebaixamento, não será este ano, é um processo de apequenamento que se estende desde 2006! Hoje mais do que o X que marca o Atlético Paranaense como o time do coração na Timemania, o X que vem ao lado do nome do clube é quando os adversários nos enfrentam dentro de casa. Ao ver a tabela, não tem adversário que não ouse cravar o X de vitória em casa ao receber o outrora Furacão.

O “X” da questão agora é sobre as crises de relacionamento. O torcedor que deveria ter sua vontade, que é de conquistas como prioridade na administração do clube pouco se importa se esse é amigo daquele, se o jogador “X” fala com o jogador Y ou se a esposa do fulaninho vai gastar seu salário com a esposa do beltraninho enquanto os maridos estão jogando futebol, suas profissões. Se há problemas de relacionamento, inveja, olho gordo ou o que quer que seja, que os atletas sejam profissionais, assim como o são para exigir que seus contratos sejam cumpridos, assim como exigem transporte e hospedagem decentes nas viagens e exigem receber religiosamente em dia para não colocar o clube na justiça, esse mesmo profissionalismo deveria entrar em campo e todos fazerem sua parte em prol do clube que lhes paga o salário. Menos frescuras, mais trabalho e o trabalho de vocês jogadores é jogar futebol!

O “X” da questão reside também na falta de planejamento na concepção do futebol atleticano. Com jogadores há meses, alguns já há um ano sem jogar, outros sem contrato desprezados pelo mercado, outros ainda vindos de eternas contusões e com muito tempo sem um jogo de verdade, por fim, mandando embora um treinador de verdade como demoramos anos para conseguir e trazer e principalmente, insistir por quase um turno todo com Roberto Fernandes e depois, pior ainda, tentar com que o já fracassado e de antemão sabido que não daria certo, Mário Sérgio Ponte de Paiva, fomos nos afundando e jogamos uma bomba nas mãos de Geninho, que é bom, mas não é milagreiro não poderia ser esperado muito mais do que o que infelizmente vemos.

Impressionante como demoram para ver exatamente onde estava o “X” da questão, não sei se por teimosia ou falta de um intelecto mais apurado para o futebol. A má avaliação do elenco, superstimando o futebol de craques do nível de Danilo, Alan Bahia e Rodriguinho e achando que para o lugar que já foi de Kléber, Alex Mineiro, Washington ou mesmo de Marcelo Ramos caberia Anderson Aquino são outro interessante “X” da questão.

A questão é a seguinte: temos time para evitar o rebaixamento? Na verdade talvez não, mas este mesmo time, com um pouco mais de vergonha na cara pode sim nos dar melhores resultados. Por outro lado, quatro dos cinco próximos adversários dentro de casa possuem times melhores (Cruzeiro e Flamengo são MUITO melhores) e nada nos dá certeza que venceremos Sport Recife e Vitória. Ainda não conseguimos duas vitórias consecutivas no campeonato e não vejo hombridade, caráter, honra e vergonha na cara deste time para chegar em São Januário e fazer o que muitos tem feito graças a fragilidade do time cruzmaltino: vencer o Vasco mesmo em casa.

Por fim, hoje pode-se começar a escrever um novo “X” nas questões que dizem respeito ao futuro atleticano. Há eleição de novos integrantes para o Conselho Deliberativo do clube e se os atuais conselheiros tiverem o discernimento, a compreensão, a sensibilidade para ajudar a eleger e colocar dentro do clube novos integrantes que tem por objetivo fazer do Atlético um respeitado clube de futebol, gente mais interessada em títulos e conquistas do clube com menos apostas e mais certezas, o futuro pode ser redesenhado.

Permanecendo como estamos, com a mesma política, com os interesses sendo voltados não somente ao futebol, mas principalmente as finanças o caminho trilhado será o mesmo deste triênio de desgraças com 2006, 2007 e 2008 sem títulos e somente buscando fugir do rebaixamento, após vexames, eliminações, insucessos e goleadas sofridas dentro de nosso santuário sagrado, a eterna Baixada. O “X” da questão pode estar nas mãos dos senhores conselheiros hoje a noite e nos pés deste time que dispensa adjetivos negativos, mas que somos obrigados a torcer dentro de campo atualmente.

ARREMATE

“Tristeza não tem fim/
Felicidade sim.”
A FELICIDADE, Tom Jobim e Vinicius de Morais.


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