Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Ecos do Atletiba

29/09/2008


O empate de ontem no Couto Pereira não foi exatamente aquilo que o Atlético precisava, já que a necessidade de uma vitória fora de casa é urgente para melhorar a situação no campeonato, mas ao menos serviu para manter o rubro-negro fora da zona de descenso. No estádio sentimos que dava pra vencer o rival, sensação que os jogadores e Geninho devem ter tido no intervalo após um primeiro tempo que nenhuma das equipes mostrou nada.

O bicho não era nem é tão feio quanto a imprensa local tenta passar. A dúvida que tive é se o Coritiba está classificado além de sua capacidade técnica ou o Atlético está aquém do que pode. O nível é parecido, individualmente os jogadores atleticanos são melhores, mas o rival tem mais conjunto e preparo físico. Deveriam se equiparar na classificação, mas creio que o Coritiba aproveitou melhor as oportunidades que teve no campeonato, como na época que venceu Santos e Vasco fora de casa, ambos em péssimo momento ou quando recebeu um presente do tricolor Tartá para vencer o Fluminense no Rio. Enquanto isto o Atlético foi deixando pontos preciosos nos minutos finais de partida contra São Paulo, Cruzeiro, Fluminense, Vitória e o próprio Coritiba no primeiro turno.

Agora não nos resta chorar o leite derramado. Então vamos à análise do Atletiba. Como citei acima, no primeiro tempo os times se respeitaram mais do que deviam e o Furacão descobriu primeiro que podia vencer o jogo se agredisse o adversário jogando no ataque mesmo fora de casa. Exerceu uma enorme pressão nos minutos iniciais da segunda etapa e abriu o placar com uma jogada característica do clube em 2008: bola parada de Netinho na cabeça dos companheiros. Depois disso só não ganhou o jogo porque o excelente Geninho lembrou o fraco Roberto Fernandes ao trocar um atacante por um volante e conseqüência disso, o Coritiba cresceu em campo, com espaços em seu campo defensivo, possibilitando a saída para o ataque diante de um Atlético mais recuado. Pedro Oldoni estava bem na partida e se saísse, acho que a opção deveria ser por Anderson Aquino mantendo dois atacantes e aproveitando sua velocidade para o contra-ataque.

Independente da substituição, o Coritiba não tinha muito para oferecer e só empatou após a falha de Valencia, em uma jogada de raça do argentino que parece o Fábio Junior (ex-Cruzeiro). Criou absolutamente nada, sequer ameaçou o gol de Gallato e depois Vinícius, enquanto o rubro-negro, mesmo mais recuado, ainda teve duas excelentes oportunidades, na falta cobrada por Netinho e na derradeira chance de Alan Bahia. Não venceu o clássico por detalhe, mas certamente saiu fortalecido do Couto Pereira, com uma nova cara moldada por Geninho em pouco tempo diante deste time que tanto necessitava orientação. O preparo físico ainda é ruim, no final do jogo nossos cansados atletas perdiam na corrida para os coxas, mas isso é problema antigo que é impossível de ser corrigido do dia pra noite, mesmo contando o clube com o competente Moracy Sant´Anna.

O gol de Rafael Moura veio de um passe de cabeça de Chico, mas não pode-se esquecer que o cruzamento saiu dos pés de Netinho. O meia atleticano, improvisado na lateral, tem sido desde o começo do ano um dos destaques do time, com inúmeras assistências e gols importantes, como aquele que fez na final do Paranaense na Baixada. Apesar disso a paciência do torcedor atleticano com o jogador é pequena. Basta um cruzamento errado ou uma cobrança ruim de falta que alguns já o xingam. Talvez o próprio Netinho tenha criado esta expectativa na torcida, tamanha a qualidade que bate na bola, mas estes que o criticam devem lembrar que é de seus pés que saíram todos os pontos conquistados fora de casa neste Brasileiro, além de vários outros na Baixada, como contra a Portuguesa quando ele cruzou para os dois gols da vitória. Mais paciência com este bom jogador que sempre se esforça em campo, atua improvisado em prol do time, mesmo estando em melhor fase que o colombiano Ferreira e, gostem ou não gostem, vem sendo o principal armador de jogadas ofensivas do Atlético em toda a temporada.


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