Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Pela volta do jabá

29/09/2008


O Atlético tentou. Profissionalizou todos os seus setores, tomou algumas medidas antipáticas, até mesmo contra sua torcida, voltou atrás de algumas medidas, quebrou paradigmas, quebrou a cara, enfim, pagou o preço de ser vanguarda em vários segmentos. Mas o futebol brasileiro ainda é retrógrado, anda em círculos e algumas mudanças devem ser feitas mais paulatinamente, não tanto de supetão.

Não tenho dúvidas que as rádios, num futuro muito próximo, pagarão a todos os clubes pela transmissão das partidas. Assim como todos os clubes, ou a maioria deles da primeira divisão ao menos, têm as tais “janelas” de entrevistas, mas não ouvi o setorista coxa reclamar que não pôde falar com ninguém quinta porque a “janela” de entrevistas era sexta-feira e ele queria noticiar se o alviverde teria alguma mudança para o clássico. Mas a mesma queixa, o mesmo choro é ouvido diariamente dos profissionais que trabalham cobrindo o Atlético.

Um colunista de jornal já bastante senil, adepto do Viagra pois tinha um filho de menos de 20 anos, escreveu que o Atlético virou o intervalo com vantagem (final da primeira etapa: 0 X 0), “dando a impressão de que iria interromper tantos e tantos anos sem vencer seu rival” , talvez se esquecendo que não perdemos desde 2003 em Brasileiros e que na última partida do estadual, ainda que o título tenho ficado com os coxas, vencemos por 2 X1! Este cidadão era, até a pouco, Ouvidor oficial do Coritiba, como podem lhe dar espaço na imprensa?

No estádio verde, cada vez mais degradado, sujo, insalubre e arcaico são jogadas bombas, um extintor é arremessado contra a torcida rival e ontem lamentavelmente uma faixa rubro-negra foi exposta na organizada alviverde e nada foi noticiado. Falam e escrevem apenas do incidente no intervalo, onde a PM de maneira arbitrária, completamente equivocada e porque não dizer covarde, partiu para a guerra contra a nação atleticana que estava no Couto Pereira, arrancando a faixa levada pela torcida e ficando de maneira intimidatória junto dos atleticanos durante grande parte da segunda etapa. A atitude era tão errada que, percebendo que eu digitava algo no celular enquanto olhava para alguns policiais perto de mim, um deles veio perguntar o que eu estava fazendo. Não respondi a ele, perguntando onde estava sua identificação que deve ficar com a patente e o “nome de guerra” do policial ao lado direito do peito, tendo o policial dito que isso não era do meu interesse, que eu devia me importar com a minha vida. Respondi a mesma coisa sobre o uso do meu celular e ele se afastou.

Aliás a polícia já sabia que havia sido roubada uma faixa da Comissão de Mosaicos, que deixou a faixa para ser repintada na empresa Publique Faixas (guardem esse nome) e de lá ela foi subtraída, existe um Boletim de Ocorrência sobre o crime e durante a semana a polícia foi avisada que membros da torcida coxa-branca falavam abertamente que exibiriam a faixa dentro do estádio. Para quem não teve o desprazer de ver a cena, segue link com foto (http://img530.imageshack.us/img530/1900/imagem019ld2.jpg).

Estranho ainda é ver que a faixa foi desfraldada justo no meio da Torcida Império Alviverde, cujo presidente, um sujeito que sempre pareceu bastante ponderado e equilibrado e que é candidato a vereador nas próximas eleições tendo como mote a paz nos estádios, campanhas de conscientização e anti-violência. Ao menos é de uma contradição tremenda suas palavras e as atitudes de seus comandados ainda mais dentro do estádio, tendo alguma ajuda da direção coxa-branca ou conivência da Polícia Militar, que já não é a primeira vez trata as maiores torcidas da capital de maneira bem diferente.

Mas isso parece que não vende jornal! Se o caneludo Ariel agora é craque por ter feito um gol num lance em que vários árbitros interpretariam como falta sobre o goleiro atleticano (afinal, não é essa mesma imprensa “especializada” que diz que o goleiro é intocável dentro da pequena área?), o mesmo não se diz de outro caneludo, também autor de gol e que jogou infinitamente melhor, o guerreiro Rafael Moura. Se por um lado vão gastar metade do tempo dos programas esportivos para mandar abraços, agradecer jantares, vinhos degustados, churrascos e fazer toda espécie de escambo em troca de uma peça de costela ou um jogo novo de rodas para seus carros, gastarão a outra metade para exaltar o Real Madrid das Araucárias, o portentoso coxa que “tropeçou” em casa e vê cada vez mais longe o sonho da Libertadores no ano do seu centenário.

Da mesma forma como o Atlético teve que voltar a pagar o “bicho” para seus jogadores, talvez tenha que pensar em voltar com os mimos para alguns membros da imprensa. Antes ao menos disfarçavam, mas a cada programa esportivo, a cada transmissão, quer seja da rádio ou da TV, fica mais clara a má vontade, a má intenção, as cutucadas, a falta de ética dos ditos profissionais da imprensa esportiva paranaense.

Que sejam como Binho, Leandro e o Sérgio do Tribuna da Massa, que sejam como nós da furacao.com, o simpático e sempre gentil pessoal do coxanautas ou os paranautas, vistam a camisa, comprem camisa, paguem ingresso e sejam passionais mesmo, não escondam o clube que amam, cantem vibrem, tripudiem com os rivais porque isso faz parte do jogo. Mas ficar se escondendo atrás de teclados, microfones para destilar sua raiva e veneno contra o Atlético Paranaense, chegou no limite da tolerância.

ARREMATE

A Polícia Militar do Paraná vai se pronunciar sobre os acontecimentos de ontem ou silenciará por bem lhe convir?


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