Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

A paciência de cada um

16/09/2008


Alguns não suportam mais ver Pedro Oldoni em campo, o simples toque na bola do bom moço atleticano irrita os mesmos que não vêem os mesmos defeitos, e porque não dizer as mesmas qualidades em Rafael Moura. A paciência de parte da torcida com Ferreira e seu futebol de velocidade, ainda em baixa, concordo, mas longe de ser uma aberração anda tênue, mas se alonga com o futebol de categoria, um tanto lento e que ainda não trouxe grandes resultados de outro gringo, o Julio dos Santos.

É o conceito de cada um: o copo está meio cheio ou está meio vazio? Filosofias, pensamentos a parte.

Sabemos todos da necessidade que temos em vencer todos os confrontos em casa, mas a tabela nos reserva alguns desafios indigestos dentro da Baixada. Um deles é enfrentar o forte, por isso líder Grêmio Portoalegrense no próximo domingo. A vitória é uma obrigação, mas é bastante claro que numa partida entre um time com quase o dobro de pontos do outro, o favoritismo não é dos donos da casa. É um jogo de paciência e parte dela terá que vir das arquibancadas, com absoluta certeza lotadas para mais este desafio frente o tricolor gaúcho.

Um empate não é uma catástrofe, desde que os três pontos sejam resgatados na rodada seguinte, no clássico em que não há favorito. Se por um lado volto a bater na tecla, temos que vencer em casa, não podemos tentar obtê-la de forma desordenada, no desespero e sem paciência, pois não podemos desprezar também a hipótese de marcar ao menos 1 ponto, pouco, insuficiente ainda, mas também válido.

A situação em que o Atlético se encontra, fruto da sucessiva série de erros que se repetem sistematicamente desde 2006 requer calma, concentração, muito diálogo e uma dose extra de paciência. Os deuses do futebol nos ungiram com o tempo, mesmo que escasso mas muito bem aproveitado para que Moraci Sant´Anna colocasse um pouco de ordem no pardieiro e deixasse o time mais solto. Alberto mostra porque é inesquecível para o torcedor atleticano e Julio Cezar, por mim contestado, mostrou que é um avante como há tempos não víamos. O futebol solidário do sempre esforçado Netinho, aliado a força e impressionante garra de Valencia e volta de Rhodolfo, agora líder da defesa capitaneados por Geninho (até que enfim um timoneiro de verdade e não mais apostas tresloucadas!) podem sim nos dar um rumo mais digno neste campeonato brasileiro.

Pode parecer complicado pedir mais alguma coisa ao torcedor atleticano, já ofendido pela própria direção do Atlético, refém de um grupo de jogadores que se mostrava desinteressado, vítima de uma má gestão no futebol e que sofre ano a ano com os times montados, mas ouso mais uma vez pedir: paciência. Até mesmo para aqueles, que assim como eu acham que é válida uma mudança nos rumos do clube, que querem reais e efetivos investimentos no futebol, para conquistas no futebol e vitórias, que conseqüentemente aferem lucros financeiros, mas no futebol, dentro de campo, tenhamos paciência. Críticas, sugestões, ressalvas, enfim, qualquer tipo de mudança pode e deve ser feita no pleito de dezembro, de maneira ordeira e democrática e não agora, quando as medidas, dentro do possível e ainda que tardiamente, foram tomadas pela direção. União é a palavra e paciência o predicado a ser colocado em prática.

PACIÊNCIA, parte II

Entretanto, minha paciência bate no limite quando vejo injustiças contra o Atlético, ou ao menos a maneira injusta como somos tratados ante outros times. Hoje li a notícia sobre um suposto copo encontrado pelo 4º árbitro junto ao seu banco na partida diante da Portuguesa. Coincidentemente estive logo ali, atrás do banco de suplentes do Atlético nesta partida e o que vi foi lamentável.

O 4º árbitro, figura que deveria passar desapercebida durante uma partida, queria roubar a cena. Sabedor pois, que o treinador atleticano teria holofotes em sua volta triunfal ao Sagrado gramado do Joaquim Américo, o cidadão ficou importunando-o durante grande parte da partida. Não satisfeito em chamar a atenção por vezes com razão, do treinador atleticano, ele postava-se a frente deste, atrapalhando sua visão e simplesmente ignorava o técnico adversário, que chegou a pisar dentro do campo de jogo por mais de uma vez.

Agora, leio que o 4º árbitro, no final da partida, na segurança e conforto dos vestiários da Baixada, entregou um copo de água mineral que disse ter encontrado em campo, alegando ainda que teria sido arremessado pela torcida atleticana. Débil pensamento, ou o mesmo árbitro não teria mostrado o dito copo durante a partida, ou mesmo ignorado que há uma chance de quase 100% de certeza que este copo, achado já no chão ao lado de seu banco, não tenha sido jogado por um dos atletas, independente da equipe, ao se reidratar na beira do gramado?

Perder a paciência mesmo irei se a imprensa, a mesma que acobertou, fez ouvidos moucos, se fez de morta em relatar o grave incidente no Couto Pereira dias atrás, quando um torcedor do time de coxas-brancas, dos alemães, o time da colônia fez gestos e chamou claramente um jogador de origem negra do Botafogo de macaco continuar a campanha anti-copos na Baixada, assim como fez o maior auê na balinha erradamente atirada contra o ator Cristian do time da segunda divisão.

Aí, é de perder a paciência mesmo!

ARREMATE

“Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma/
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma/
A vida não pára
PACIÊNCIA – Zeca Baleiro


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