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Rafael Lemos
Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da LÃngua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.
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Amigos, ainda é tempo de União!
15/09/2008
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"O que finalmente eu mais sei sobre a moral e as obrigações do homem devo ao futebol". (Albert Camus)
Era o caos e dele nasceu o lÃder. O lÃder não criou a luz, mas alcançou o interruptor que estava numa parede em ruÃnas, e a coisa começou a clarear. Não criou a noite nem o dia, mas depois de sua intervenção foi possÃvel ver que ainda havia o vermelho e o preto.
Reuniu fiéis e fanáticos seguidores no velho templo, e o templo ficou pequeno para abrigar tanta gente. O lÃder construiu um novo templo, habitou-o e surgiu uma nova religião: o Atleticanismo. Milagres lhe foram atribuÃdos. O lÃder, ovacionado por todos, reinou absoluto, como se fosse Deus.
O lÃder acertou, foi aplaudido, errou, foi apedrejado, sorriu, sofreu, combateu, foi combatido, provou a solidariedade e a solidão como se fosse Deus, mas era apenas um homem a defender suas cores, com o entusiasmo da paixão.
Dizem que o grande erro do lÃder foi acreditar ser Deus. Dizem que o grande erro do lÃder foi esquecer que era apenas homem. Dizem que todos os erros são do lÃder. Das crÃticas nasce o caos; do caos nasce o lÃder. Não há nada de novo sob o sol, desde o inÃcio dos tempos.
Todo lÃder nasce predestinado a cumprir seu destino humano: acertar e errar; sorrir e chorar; pecar e perdoar; ser perdoado e condenado; provar a solidariedade e a solidão; provar a justiça e a injustiça; viver e morrer; virar eternidade ou esquecimento.
Dentre nós, atleticanos, haverá mesmo quem queira cumprir tal destino? Dentre nós, atleticanos, haverá deuses? Haverá lÃderes? Haverá homens? Só o futuro irá nos trazer as respostas. Mas, afinal, quando começa o futuro?
Será que o futuro começa com a queda de um muro, com a queda de um lÃder, com a queda de divisão e com o advento de divisionismos - como aquele ocorrido em 2002, pouco tempo depois de termos sido campeões do Brasil? Ou começa na humildade de o lÃder se reconhecer homem, apenas homem, e como tal pedir e aceitar a ajuda dos homens comuns?
Desapegados das grandes verdade e vaidades, livres dos receios e ressentimentos, o lÃder e os homens comuns, irmanados pela causa Atleticana, acima de tudo e de todos, construiriam - além do muro - a parte do templo que falta ser edificada e escreveriam – além das lendas – outros capÃtulos vitoriosos, reeditando os triunfos dos tempos em que o Atlético, mais do que nosso time de futebol, era a nossa Religião, era a nossa razão de viver.
Amigos, ainda é tempo de União!
"Não caminhe atrás de mim; eu posso não liderar. Não caminhe na minha frente; eu posso não seguir. Simplesmente caminhe a meu lado e seja meu amigo". (Albert Camus).
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