Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Explicações

01/09/2008


Semana passada nem ouvi nem assisti o jogo diante do Galo mineiro por saber que a falta de culhão de um time de covardes quando joga fora de casa, mesmo que o adversário seja tão sofrível como nosso time tem como conseqüência uma derrota. Derrota certa! Ontem, diante do candidato ao título Palmeiras, do craque Alex Mineiro, do fenomenal Luxemburgo e do goleiro do penta, o simpático Marcos, a derrota viria ao natural. Também não ouvi e nem vi o jogo, mas não por opção e sim por estar fora de Curitiba, bem longe daqui e acompanhando os momentos finais do líder Grêmio X Vasco da Gama pela TV, fiquei sabendo do resultado e vendo os gols.

Os baianos, tanto torcedores do Vitória como do Bahia não conseguem entender e nos bons papos que tive em Salvador sobre futebol me pediam a explicação: porque o Atlético Paranaense tem um estádio desses, uma estrutura sem igual no país, dinheiro em caixa e vai cair? Sim, nem eles mais tem dúvidas que somos sim um dos fortes candidatos ao descenso ao final desta temporada!

A explicação não é fácil e sempre que tentava fazer pedia tempo para explicar o que acontece no Atlético, não só pós final da Libertadores 2005, mas desde o isolamento dos atuais comandantes do clube em abril de 2003. Uma série de erros, especialmente naquele que deveria ser o setor mais cuidado, mais importante, o fundamento do esporte em si: o futebol. O Atlético pode cair este ano e a forma bisonha do time se comportar especialmente fora da Arena nos mostram que o caminho é mesmo a série B, mesmo faltando mais de dezena e meia de rodadas.

Pior é analisar e ver que dos frágeis times montados a partir de 2006, “o ano do futebol” segundo o Presidente Fleury (onde nem chegamos as finais do estadual eliminados em casa pela Adap/Galo, eliminados em casa pelo Volta Redonda pela Copa do Brasil, surpreendentemente chegamos nas semi da desprezada Sul Americana e lutamos grande parte do nacional para fugir do rebaixamento) o deste ano é o menos fraco. Não que não seja fraco na teoria, mas é melhorzinho que os times de Herrera, João Leonardo, Michel, Erandir, ou Marcelo “Mariola”. Mas era sabido que Joãozinho, Kelly e Fernando por exemplo teriam dificuldades físicas, visto não estarem em atividade há mais de ano.

O Atlético pode cair este ano, mesmo não sendo um dos 4 piores times (a meu ver está entre os 6 ou 7 piores sim) da temporada, mas paga o preço da incompetência, teimosia e burrice que assolou o departamento de futebol nos últimos anos. O Furacão brinca de fazer futebol desde 2006, inventando Matthaus, Givalnildos e Bob´s da vida, repatriando Dinei, Rodriguinho e mantendo em campo jogadores símbolos da era de fracassos como Alan Bahia e Danilo, concedendo-lhe ainda a braçadeira de capitão dessa nau a deriva que se tornou a equipe atleticana em campo.

Jogadores sem a menor identificação com a nação atleticana, aliás, torcida que é algo fenomenal, apóia, se associa, ajuda o time mesmo nessa draga e continua lotando o estádio e gritando a plenos pulmões por uma cambada de zumbis que enverga a camisa que só se vestia por amor. Jogadores que quando se tornam ídolos, logo são negociados e o pior, não sendo repostos nos fazendo perder tempo com tentativas, dinheiro com contratações no atacado na hora do desespero e sendo obrigados a se curvar aos seus caprichos, fruto da falta de planejamento e boa execução no departamento de futebol do rubro-negro.

Não vamos morrer e nem fechar as portas com uma queda, mas ficar parado, esperando a banda passar nos custará muito caro. O Atlético não pode cair nunca, o espaço adquirido com boas campanhas, com o respeito que os outros tinham por nós nos últimos anos custará o dobro de tempo e dinheiro para ser reconquistado e não temos tempo a perder.

O Atlético tem que fazer sua lição de casa e como aponto há meses a forma mais simples de o fazer é contratando com qualidade, melhorando o elenco, inchado e demasiadamente fraco, além de sem personalidade e extremamente passivo. O momento não é de “revolução”, até porque teremos eleições no final do ano e pessoas como eu por exemplo querem muito mudar uma série de coisas lá dentro, especialmente focar melhor as prioridades de um clube de futebol. Mas medidas urgem serem tomadas, senão pagaremos pelo mal maior. E não fazer nada decididamente não tem explicação!


ARREMATE

“Não deixe o sol morrer/
Errar é aprender”
ENQUANTO ELA NÃO CHEGAR– Barão Vermelho


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