Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Eu acredito!

25/08/2003


“O Clube Atlético Paranaense será um dos maiores clubes do nosso país”. A frase foi dita recentemente pelo presidente Mário Celso Petraglia. Alguém duvida?

O Atlético está prestes a completar 80 anos de existência. E a história do clube pode ser dividida em antes e depois da “Era Petraglia”. Amado por muitos e odiado por outros tantos, o que ninguém pode negar é que ele transformou o Clube Atlético Paranaense.

De um time modesto, que entrava nas competições nacionais brigando para não cair, que se contentava em ganhar um Atletiba por temporada e de vez em quando conquistar um título paranaense, a realidade do Atlético hoje é totalmente diferente. Tão diferente, que ninguém está satisfeito em ver o time na 15ª colocação do Brasileiro – até porque foi o próprio Petraglia que nos fez acreditar que o Atlético pode ser o melhor.

Eu não tenho dúvidas que com a base que o Atlético tem hoje pode brigar pelo título daqui a um ou dois anos. O elenco tem peças muito boas, jogadores com muito talento e que vão dar muitas alegrias à torcida atleticana. Principalmente porque o Atlético percebeu que no futebol moderno não se pode fazer planos a curto prazo. E, trabalhando com um planejamento para daqui a um ano, esse time tem tudo para crescer. Até porque essa meninada está sendo muito bem comandada pelo técnico Mário Sérgio, um dos maiores estrategistas do futebol brasileiro.

A reformulação no plantel tem o seu preço (e como está doendo a gente ver o Atlético fazer uma campanha irregular no Brasileiro, ainda mais quando se vê que o nível técnico das equipes está tão baixo, que dava para pensar em brigar pelo título). Não tem nenhum super-time, ninguém capaz de botar medo em ninguém. Em compensação, no planejamento de se montar um time para ser campeão brasileiro, fica a certeza de que o Atlético não está disposto a se desfazer de jovens craques, como Fernandinho, Jadson e Dagoberto.

Mas o Atlético ainda tem um diferencial da maioria dos clubes brasileiros. Além de investir em material humano, o Atlético está preocupado com sua estrutura – é o único clube do futebol brasileiro que investe no seu patrimônio. Em oito anos, o Atlético construiu um estádio (não um simples campinho, mas o melhor estádio de futebol do Brasil), adquiriu e estruturou seu Centro de Treinamentos (que é referência no Brasil inteiro).

Muita gente discutiu se o dinheiro da venda de Kleberson deveria ser investido na contratação de jogadores ou em melhorias no patrimônio do clube. Eu acho que a diretoria apostou suas fichas no lugar certo. A filosofia inovadora de Petraglia de que futebol só se faz com infra-estrutura pode causar desconfiança hoje. Mas daqui algum tempo, esse patrimônio vai fazer a diferença.

Qualquer torcedor atleticano que não faça parte da “geração Arena” (como muito bem definiu o Juarez), lembra do terror que era acompanhar os jogos no Pinheirão e das dificuldades que o time encontrava para treinar em qualquer campinho de várzea da cidade. E aí eu pergunto: como montar um time campeão nessa situação, se o jogador nem sabia onde iria treinar no dia seguinte? Daí a importância em se investir e estruturar o CT do Caju. Afinal, um time só é campeão se existir um trabalho na retaguarda que lhe de todas as condições de jogar seu melhor futebol.

O Atlético já está a anos-luz da maioria dos clubes de futebol do Brasil. Tem um elenco bom, com jovens promessas; tem um trabalho de base extraordinário, que sempre revela bons jogadores; tem um parceiro no interior do estado que colhe talentos que, mais tarde, serão aproveitados no clube; tem um patrimônio referência no Brasil inteiro, que dá todos os subsídios para o Atlético investir em seus jogadores; e tem uma política de auto-suficiência para o CT e para a Arena, que nos dá a certeza de que, quando se atingir esse objetivo, toda a receita do clube será investida exclusivamente no futebol. Daqui alguns anos, outros clubes vão perceber que essa é a fórmula do sucesso, e o Clube Atlético Paranaense, mais uma vez, vai servir de modelo no Brasil inteiro. Por tudo isso, faço de Petraglia, as minhas palavras também: “o Clube Atlético Paranaense será um dos maiores clubes do nosso país”. Eu tenho certeza!


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