Sergio Surugi

Sergio Surugi de Siqueira, 66 anos, é Atleticano desde que nasceu. Neto de um dos fundadores, filho de um ex-presidente do Atlético, pai e avô de Atleticanos apaixonados, é doutor em Fisiologia e professor. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Morte com dignidade

24/08/2008


Não faz muito tempo escrevi que lembrava de times piores do Atlético, mas não conseguia encontrar em meus registros um time tão apático como esse, nos cinquenta anos em que acompanho o meu Rubro-Negro. Escrevi também que era possível corrigir um time sem poder de reação, mas não um Clube acomodado e conformado com a sua sorte.

De lá para cá, passou-se um bom tempo. A diretoria acabou reagindo, mas com grande atraso acabou por demitir uma das comissões técnicas mais bizarras de nossa história. Que reagiu, reagiu, mas aí veio a pior armadilha, a ilusão. Ganhamos bem do Ipatinga jogando em casa e partir daí voltamos a atuar como se houvesse algo mais grave no Clube além da limitação técnica dos jogadores disponíveis.

A situação hoje é no mínimo insólita, com um número nunca antes visto de jogadores titulares vitimados por contusões graves e com aqueles que os substituem sem demonstrar a menor vontade de servir ao time.

Não me permito a especular, até porque não tenho motivos concretos para duvidar de que o que está acontecendo não seja consequência de uma imensa falta de sorte, porém seja como for, cabe à diretoria e à comissão técnica a tomada de providências imediatas para demonstrar respeito, senão aos torcedores, pelo menos aos associados, que hoje, segundo consta, chegam a dezoito mil almas inquietas.

Muito mais do que a capacidade de vencer sempre, a diferença entre um timinho e um time grande é a capacidade de indignar-se com a mediocridade e é exatamente aí que a diretoria deve encontrar o motivo para agir de forma radical.

Se vamos cair que seja com um mínimo de dignidade e consideração a uma camisa que já foi vestida por jogadores menos qualificados, mas nunca com tão imperdoável indolência.


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