Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Antagonismo

19/08/2008


Podemos sim amar várias coisas e das mais variadas formas ao mesmo tempo. As mulheres (sim, aqueles seres maravilhosos que nos hipnotizam somente com um olhar, um cruzar de pernas ou uma ajeitada no cabelo), em geral, têm uma dificuldade enorme em entender que nós homens não as amamos menos que ao clube do coração, que não deixamos de gostar delas tanto quanto dos jogos de futebol às quintas, ou os happy hours de sexta, ou que gostamos tanto delas como de nossa mãe! Não é questão de gostar mais ou menos, de preferir isso ou aquilo, é questão de gostar diferente! O homem que tem uma mulher que entenda isso é feliz. Eu sou feliz....

Tenho duas sobrinhas. O amor, afeto e principalmente o contato que tenho com a mais velha são diferentes do que tenho com a pequena Alice que há pouco completou sua primeira primavera. Nem por isso gosto mais de uma ou de outra: gosto diferente. Cabe ainda uma boa dose de amor à minha afilhada Ana Luiza, que se não tem comigo os laços sanguíneos de minhas sobrinhas, tem nutrida por mim uma gratidão eterna aos seus pais por terem me dado à honra de batizá-la e compartilhar meu carinho em sua vida desde o princípio. São amores diferentes.

Assim como parece ser o “amor” que a imprensa local tem pelo Atlético. A grama deles é sempre mais verde, o 1 X 0 deles é melhor que o nosso 5 X 0, enfim, o eternamente contestado, o “craque” cujo futuro parece nunca chegar, parecendo com Evandro por aqui, o jovem Marlos é destaque: nosso paraguaio, jogador de seleção, sujeito que brilhou em Libertadores e que estava sem ritmo de jogo é como todo bom paraguaio, falso. Não joga nada e os críticos têm dificuldade até em reconhecer que ao menos diante do Ipatinga Julio dos Santos fez de tudo: passes milimétricos, abriu espaços, jogou com inteligência e deixou os companheiros na cara do gol.

Pedro Oldoni é outro. O cara só faz gol feito, contra o lanterna até eu, coisas assim fomos obrigados a ouvir no último sábado. Se é tão fácil fazer gols no Ipatinga, porque Washington não os fez evitando a derrota do Flu diante deles, ou porque os craques do São Paulo, o time mais invejado por aí afora não evitaram um empate dentro de casa? E quem mais fez 3 gols no time do interior mineiro senão Pedro Oldoni?

Convido os jornalistas, os críticos, os analistas, enfim os “especialistas” que vão comentar um jogo sem saber sequer quem apita o jogo e seu histórico a vir pro lado de cá da mesa, de ser como eu e outras dezenas de palpiteiros, mas que pagam ingresso, compram camisa e não usam de microfones ou linhas de periódicos para destilar seu veneno, raiva e inveja do Furacão. Sejam como nós, meros torcedores que gostam de dar pitaco no time que amam. Mas não se tranvistam de imparciais quando é notória a má vontade com o Atlético.

Sem demagogia, vejam o espaço destinado ao Paraná Clube na imprensa. É um espaço diametralmente oposto ao seu verdadeiro tamanho, a importância deste time com menos de duas décadas de existência. Pegar um programa esportivo, espaço de jornal ou de sitee dividir em três fatias iguais para Coritiba, Atlético Paranaense e Paraná Clube é ume heresia. A dupla Atletiba tem seu tamanho, se não reconhecida nacionalmente pelas suas histórias, títulos, patrimônio solidificado em quase um século de vida, ao menos no número de torcedores. O Paraná é o América Mineiro, é a Tuna Luso, é a Portuguesa, o Ameriquinha carioca do futebol paranaense e querer tratá-los como iguais é não coadunar com a verdade dos fatos. Aliás, os coxas aceitarem receber o mesmo que eles pela transmissão do estadual é de uma pequenez atroz!

Foram fazer protesto no aeroporto e tinham....dois torcedores! Iriam parar a Avenida Kenedy em frente à sede social do clube (mas o problema não é no departamento de futebol?), com carro de som, mobilização, esperando mil torcedores e aparece 10% disso. Uma torcida que protesta “OOO queremos jogador” , “Fora Vavá”, que grita impropérios para seus dirigentes mas que só comparece para ver o único grande as segundona, o Corinthians em casa? Por favor! Se espelhem, na pior hipótese, nos coxas ano passado que levavam de 15 a 20 mil pessoas por jogo, independente do adversário a fizeram a diferença nos jogos no Couto e ajudaram o clube na bonita conquista da série B, fato que em breve deve se repetir. Qual a contrapartida que a torcida do Paraná tem dado para exigir do clube o que exige? Venda de títulos de sócios em profusão? Venda maciça de camisas oficiais? Estádio lotado todo jogo?

Ano passado, com algumas boas contratações para o elenco, do competente Ney Franco, o melhor comandante rubro-negro em anos e em especial com a união da torcida, o Atlético não só escapou do rebaixamento tendo feito um grande returno como beliscou mais uma vez a Sulamericana. Quem sabe se o clube do viaduto não tivesse sido tão arrogante, tão petulante, se não tivesse encarado o Atlético como inimigo, mas como adversário, pois sequer rival os consideramos, hoje o Furacão poderia emprestar alguns jogadores que poderiam ser úteis ao tricolor. Um João Leonardo, um William, quem sabe os jovens Roberto e Eduardo Salles não seriam melhor aproveitados jogando uma dura, mas fraca tecnicamente segundona e se destacando que somente no time B atleticano?

E por tudo isso que me conforta ser torcedor do maior clube do Estado. Um time que a gente ama por amar, que a gente colabora, confia, deposita as esperanças na base do amor mesmo, do amor que só pede em troca também uma boa dose de amor. Um sentimento tão profundo, mas antagônico que não tem como explicar. Um sentimento que somente o torcedor atleticano, aquele que bate no peito e veste a camisa com orgulho mesmo na má fase, até porque torcer na facilidade qualquer um faz, esse sentimento puro e nobre que nos diferencia. É o que torna o atleticano um torcedor único, sempre invejado, tentado ser igualado e jamais superado.

ARREMATE

“ A ado , A ado/
Cada um no seu quadrado.”
- DANÇA DO QUADRADO, da poetisa Sharon Axé


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