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Sérgio Tavares Filho
Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa famÃlia 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.
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Essa foi a semana da nostalgia. Ao receber em casa a excelente Revista Superinteressante, encontrei numa das seções do exemplar vários tênis dos anos 70 e 80. Bamba, All Star, Ortopé e o inesquecÃvel Kichute são algumas das raridades tiradas do baú pelos editores da Abril. Quem nunca jogou futebol com um cadarço amarrado na canela ou até mesmo dando voltas por debaixo do pé? Era moda arrebentar o cordão e depois comprar um novo na banquinha. "Velhos tempos, belos dias", já diria Roberto Carlos.
Só que o tênis que eu mais gostava era aquele do Paraguai, com um bocado de estrelinhas e o solado verde. O famoso 'chinesinho'. Existiam dois modelos: o azul e o vermelho. Lembro-me bem de quando lançaram um parecido, só que mais 'bonito'. O tecido era preto e as estrelinhas amarelas. Foi um sucesso na turma. Um mês depois de mandar buscar na fronteira, o "Seu Henrique", em Matinhos, já disponibilizava o material na sua loja de variedades.
O tênis que para os meninos servia para jogar futebol de salão, para as nossas mães servia para jogar bolão, lá no SESC. Como o solado era de borracha, não precisava 'molhar o pé' antes de entrar na quadra. Maravilha.
Tudo isso eu passei antes de me mudar para Curitiba, em 91, e de estar mais perto do Atlético. No meu tempo de 'chinesinho', sofri com as dificuldades de se escutar os jogos em Matinhos (ainda hoje não é diferente), de agüentar na zaga jogadores como Fião e Roberson, e de lembrar da capa da Tribuna quando Tico, o artilheiro do Matsubara, foi contratado para defender o Furacão.
Hoje eu me pergunto: aquela época não era boa, mesmo com as dificuldades que o Atlético tinha? Era sim. Mesmo com Pedralli, Rizza, Oswaldo ou Heraldo em campo, o futebol era apaixonante. E a culpa hoje é de quem? Será de Mário Celso Petraglia, Ademir Adur, Valmor Zimermann ou de Ennio Fornéa? Não. Ninguém tem culpa de nada. O culpado é o próprio futebol, que evoluiu rápido demais em 15 anos.
Os negócios que são concretizados em 2003 têm cifras milionárias. Cito apenas o exemplo do Kleberson, que deixou o Atlético por quase U$8 milhões. Em 1970 nenhum campeão mundial pensava em ganhar isso.
O jeito é nos acostumarmos com a nova realidade. Se o futebol deu um passo enorme para a frente, o Atlético não ficou atrás. Tem um bom elenco (o time é bom, vamos parar de criticar), um belÃssimo patrimônio e uma torcida vibrante. Estamos preparados para novas conquistas.
E digo mais. Quem vive de passado, de Chinês, é um outro clube da capital.
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