Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Colcha de retalhos

03/08/2008


Mário Celso Petraglia admitiu, após a partida contra o Botafogo, rever o projeto do futebol do Atlético em 2008. Restando quatro meses para o fim do ano, devemos começar a segunda-feira com um novo treinador, preparador físico e auxiliar-técnico. Quem chegar, vai ter de fazer mais remendos na colcha de retalhos que se transformou o time rubro-negro. Um clube com um CT moderno, um estádio de Copa do Mundo, reconhecido internacionalmente pelas bonitas campanhas de marketing e uma torcida apaixonada, merecia um projeto que chegasse ao fim com sucesso. Dentro de campo, não há o espelho da estrutura que se criou fora dele.

Vem treinador, chega treinador e os resultados não aparecem. Há três anos o Atlético não levanta nem um mísero Campeonato Estadual, as contusões no púbis e nos adutores da coxa viraram rotina no departamento médico e o coração de quem torce nas arquibancadas pelo sucesso do time continua, como diria Gonzaguinha, sangrando. A torcida, aliás, faz o papel de mulher de malandro: apanha, apanha, apanha e continua apaixonada.

Mas já ouvi pessoas falarem que vão parar de pagar os carnês do Sócio Furacão, só voltarão à Baixada quando o time voltar a vencer e convencer ou outros exemplos que só quem anda pelos corredores da Arena e tem contato com o povão sabe. Isso sim vai levar o clube ao inferno. Eu não vou dar o exemplo e pular do barco agora. Prefiro me remoer de raiva na Baixada do que me acovardar em casa assistindo Gugu e falar um "eu não disse que esse time não presta?".

Continuo atleticano. Vou morrer atleticano, mas está na hora do "boom" do futebol rubro-negro acontecer. O acaso não pode fazer parte da nossa rotina. Chegar a uma final de Libertadores deve fazer parte do projeto. Ser Campeão Brasileiro deve fazer parte do projeto. Lotar a Baixada era parte do projeto e a torcida respondeu. Concordo que não se podem fazer loucuras na administração de um clube, mas como os coxas trouxeram Carlinhos Paraíba do Nordeste? Como o Vitória conseguiu fazer um time com Carlos Alberto, Ramon e Dinei que por aqui eram escanteados? E o Sport? Com Durval na zaga conseguiu ser campeão da Copa do Brasil e está na Libertadores do ano que vem.

E nós? Até quando iremos perder para Corinthians de Alagoas? Perder um título fácil contra os coxas? Ser humilhado contra o Botafogo?

O ambiente é pesado no CT do Caju. E nesta hora de fervura, vou dar um palpite típico de corneteiro. Há cinco anos o torcedor rubro-negro pede a volta de Geninho. Tenho certeza que se ele vier, as duas mil cadeiras que restam na Baixada, vão ser vendidas em 15 dias. Se Geninho desembarcar no Aeroporto Afonso Pena, Julião e seus amigos da Fanáticos vão fazer carreata, o Nei, o Márcio Azevedo, o Julio dos Santos e o Ferreira vão jogar aquilo que realmente sabem e a estrutura do Atlético dentro de campo vai voltar a ser o espelho do que é fora.

Vai ser algo fora do projeto. Se não der certo, Petraglia, faça igual Poncio Pilatos. Lave as mãos e diga que pelo menos a sua parte foi feita.

Mas não tem como dar errado.

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