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Rafael Lemos
Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da Língua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.
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Em 2006, escrevia minhas coluninhas no extinto RubroNegro.Net, site do meu amigo Franco (digo meu amigo, pois a amizade acabou ficando unilateral, desde a minha vinda para este fabuloso sítio que é a Furacao.com).
Franco, como diria o impagável Mauro Singer: “Me queira bem que não te custa nada!”. O veículo mudou, mas a estrada é a mesma, pois todos os caminhos nos levam sempre à Baixada.
Lá no RubroNegro.Net eu era o colunista mais humilde, pois revezava com feras imbatíveis como Valério Hoerner Júnior, Fábio Lubacheski, João J. Werzbitzki – JJ, Tibério Budola e Anderson Correa da Silva (aos velhos amigos, meu fraterno abraço e a admiração costumeira).
No dia 24/08/2006, publiquei a coluna “Vocês verão”, da qual transcrevo:
“As pessoas têm me perguntado a respeito do futuro do Atlético no Brasileirão 2006. Querem saber o que eu acho, querem saber dos meus vaticínios, como se eu tivesse uma bola de cristal capaz de antecipar o futuro, mas não tenho.
Não obstante, afirmo aqui meu pensamento de que o Atlético Paranaense não corre nenhum - e eu disse nenhum - risco de rebaixamento à Série-B 2007. Vou além. Serão rebaixados: Botafogo, Ponte Preta, Santa Cruz e Fortaleza, ainda que sejam agremiações simpáticas e merecedoras de todo o meu respeito, mas tecnicamente são as mais frágeis, o que é uma pena para suas torcidas.
O Atlético não corre risco de rebaixamento, mas anda de farol baixo, muito baixo, reconheçamos. A torcida anda desconfiada, a Diretoria inoperante, os jogadores desanimados, a comissão técnica sem criatividade e, diante desse quadro, eu mesmo, como colunista deste fantástico RubroNegro.Net, ando meio sem inspiração”.
Em 2007, cheguei à Furacao.com na condição de colunista mais humilde e mais bonito, status que ainda preservo, pois não há como igualar as letras de monstros como Carlos e José Henrique - nossos Magníficos Reitores, Rogério Andrade, Ricardo Campelo, Marcel Costa, Juarez Villela Filho, Rodrigo Abud, os Mestres Sérgios e Sílvios, além de Jean Claude e Wagner Ribas (assim como não há condições de lhes igualar a feiúra. Deus que me conserve sendo o mais bonito dentre eles. Aos novos amigos, meu abraço e a eterna gratidão).
No dia 05/08/2007, aqui mesmo na Furacao.com, publiquei a coluna “Acendeu a Luz Amarela”, da qual transcrevo:
“Com 32 anos de idade – 25 dos quais dedicados diariamente ao nosso querido Clube Atlético Paranaense – posso dizer que já vi e vivi muita coisa nesta minha existência.
A grande vantagem de já ter vivido um bom pedaço é que a gente não se ilude muito, não se desilude tanto, não se desespera fácil. Honestamente, afirmo a todos que lerem esta coluna que o nosso Atlético não cai para a Série-B (ainda que mereça e esteja fazendo por onde, mas não cai).
Não cai porque, a exemplo do que já aconteceu no ano passado, outros times mais fracos ocuparão as quatro vagas reservadas à degola no próximo mês de dezembro.
Porém, gostaria de deixar aqui bem claro que, em verdade, o Atlético não entra em campo desde aquele primeiro jogo da final da Libertadores-2005, em Porto Alegre. Naquela noite fria de julho, o Atlético colocou em campo – pela última vez – uma equipe competitiva, uma equipe que tinha alguma chance, alguma pretensão, algum futebol para mostrar.
Depois, não houve mais Atlético, pelo menos não houve mais um Atlético competitivo, valente, aguerrido. Aliás, já no segundo jogo da final, colocamos em campo um time abatido, vencido, alquebrado, frágil, entregue.
Naquela noite em São Paulo, a gente não saiu vice-campeão do estádio do Morumbi; a gente já entrou vice-campeão.
Nada está perdido, ainda tem muita coisa para acontecer neste brasileirão nivelado por baixo. Acredito no Atlético e vou com ele onde ele for.
Acredito que a “Falácia” – parece que é assim que andam chamando a nossa torcida – vai fazer toda a diferença, aliás, ela sempre fez. É hora de a massa ficar cega, uma vez mais, e amar o Atlético sobre todas as coisas.
Nada está perdido, acredito no Atlético e em seus Diretores, todavia gostaria de pedir aos nossos Diretores um pouco mais de humildade: ouçam a massa – ou a Falácia, se preferirem – não é possível que a verdade esteja apenas do lado de vocês. Nós, torcedores, também entendemos de Atlético e temos por ele um amor enorme.
Honestamente, reafirmo a todos que lerem esta coluna que o nosso Atlético não cai para a Série B, mas chegou a hora de a gente se unir e lutar para que isso não aconteça! Chegou a hora de virar o jogo, de honrar a camisa, de jogar além das forças, de gritar além do fôlego, de acreditar além da Fé.
Chegou a hora de sermos ATLETICANOS, como sempre fomos, ou como nunca imaginamos ser. Venceremos!”.
Hoje, a poucos minutos do início de um novo mês de agosto, deparo-me analisando o mesmo fato, repetido pelo terceiro ano consecutivo: o risco de rebaixamento do nosso Atlético.
Embora o tema seja o mesmo, meu otimismo, confesso, não se faz tão presente como em 2006 e 2007, oportunidades nas quais garanti, com todas as letras, que nosso Atlético não cairia.
Hoje, as estatísticas e os resultados são menos animadores. Fora de casa, perdemos. Em casa, empatamos a maioria dos jogos. O time não tem padrão de jogo e nossos jogadores são bem menos eficientes do que aqueles que figuravam nos elencos de 2006 e 2007, exceção feita apenas ao goleiro Galatto, este, atualmente, o melhor goleiro do Brasil, sem sombra de dúvida.
Hoje, 31 de julho, “o time está no limite da zona de rebaixamento, na 16ª colocação. O Furacão tem exatamente o mesmo número de pontos de Santos e Goiás, que abrem a lista dos quatro últimos clubes da competição, com 17 pontos. A vantagem atleticana é no saldo de gols.
Por causa dessa posição nada confortável, mais do que nunca o Furacão precisa fazer valer o “fator Baixada” nas próximas rodadas. O time tem dois jogos em casa no Brasileirão e precisa dos pontos para escapar das últimas colocações”.
Dias incertos na vida Atleticana, mas nada está perdido. Chegou, uma vez mais, a hora de sermos ATLETICANOS, como sempre fomos, ou como nunca imaginamos ser. Nada está perdido, ainda tem muita coisa para acontecer neste brasileirão nivelado por baixo (decréscimo técnico que acontece desde 2003, ano que marcou o início da Era dos Pontos Corridos).
Acredito no Atlético e vou com ele onde ele for. Venceremos, se Deus quiser! E, se Deus quiser, nunca mais a gente vai ter de escrever uma coluna dedicada a esse miserável fantasma do rebaixamento.
P.S.: Não fiz menção nesta coluna à nobre Colunista Michele Toardik por ter profundo apego à vida. Fizesse eu alguma alusão - que certamente seria positiva, pois a moça escreve muito bem - correria o risco de apanhar, até a morte, da minha doce patroa, Edith Aragão. Se acaso eu sobrevivesse à sova de minha querida cara-metade, coisa que julgo bastante improvável, ainda restaria apanhar do noivo da referida Colunista. Segundo relatos gerais, trata-se de um paranista que, de longe, assemelha-se a um armário embutido. De perto, segundo consta, não dá pra ver muita coisa em face da sombra que o sujeito projeta no solo, em geral, e na gente, em particular.
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