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Marcel Costa
Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.
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O péssimo preparo físico do Atlético
31/07/2008
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Hoje deixarei de lado a incompetência e arrogância do nosso treinador, a má pontaria dos atacantes, o excesso de contusões e a fragilidade do time para focar em um assunto pontual que anda preocupando bastante a torcida: o preparo físico dos jogadores.
O Atlético fez uma das melhores partidas fora de casa neste Campeonato Brasileiro ontem no Barradão contra o Vitória, mas voltou a perder. Esta foi a sétima derrota em oito jogos fora de Curitiba. Novamente o Atlético sofreu um gol no final, desta vez do veterano Ramon que se arrastou por aqui no segundo semestre de 2007. Como bem falado pelo zagueiro Danilo após o jogo, melhor jogar mal e vencer do que perder jogando bem. Pior ainda é sofrer gols nos quinze minutos finais das partidas com absurda freqüência.
Nas minhas contas, ontem foi a sexta vez que sofremos um gol nos minutos derradeiros dos jogos. Gols estes que nos custaram dois pontos contra Coritiba e Internacional e um ponto contra Cruzeiro e Vitória. No duelo contra o Fluminense os dois gols no apagar das luzes custaram apenas um prejuízo no saldo já que perdíamos o jogo por 1x0. Com seis pontos a mais o rubro-negro estaria em sétimo, com 23 pontos, na posição do Coritiba que teria 22 com a derrota no clássico. Livre da ameaça da entrada na zona de rebaixamento e com chances de brigar por uma vaga na Libertadores no segundo turno.
Desde 2000, o Atlético conta com o trabalho de Antonio Carlos Gomes, Doutor em Treinamento Esportivo. Cumulado à excelente estrutura do Centro de Excelência (antigo Centro de Treinamento) Alfredo Gottardi imaginamos que o clube possa oferecer a melhor estrutura de fisiologia e treinamento esportivo aos seus atletas. E até foi assim nos primeiros anos da parceria CAP/ACG/CT do Caju quando o Furacão surpreendeu o Brasil no início deste século “voando baixo” dentro de campo e apavorando seus adversários.
Nos últimos anos, no entanto, o condicionamento físico dos times atleticanos já não é mais o mesmo de antes. Ontem isso ficou nítido ao vermos um jogador como o veterano Ramon correndo como um jovem os noventa minutos e achando espaço para definir a partida aos 88 minutos de partida. Este mesmo Ramon, quando atleticano, não corria, lutava ou vibrava como ontem. Parecia pesado, fora de forma, acabado para o futebol. Esta foi a impressão que tivemos deste jogador em 2007. Mas ontem a impressão foi outra, infelizmente!
Outro exemplo que não me sai da cabeça foi a atuação de Márcio Azevedo contra o Vasco. O lateral teve duas presenças distintas na partida. Destacou-se enquanto teve perna e quase colocou a vitória a perder no final do jogo quando Antonio Lopes ordenou que as jogadas de seu time fossem sempre por aquele setor. Em menos de dez minutos um gol e um pênalti, ambos aproveitando os espaços deixados pelo exausto Marcio Azevedo.
A justificativa talvez seja que o lateral não estava por aqui em janeiro e por isso não participou da pré-temporada realizada no clube, mas esta alegação não me convence, pois a partir dela teremos a convicção de que novamente faltou um planejamento para toda a temporada de 2008. Afinal, para compensar a falta de qualidade técnica do elenco foram contratados diversos novos jogadores a partir de maio. Sendo assim, de nada adianta planejar uma temporada para um grupo, em janeiro, que não será o grupo definitivo do clube, já que no segundo semestre contaremos com outros atletas para qualificar o elenco. Em 2004, Mario Sério, Antonio Carlos Gomes e companhia trabalharam com um grupo desde o início e fizeram deste um elenco vencedor. Nem na Copa do Brasil estávamos e mesmo assim já nos reforçamos desde o início do ano.
Atualmente, de acordo com o site oficial do clube, o preparador físico do Atlético é o Sr. Guilherme Bergamo. Infelizmente não o conheço, não sei de sua capacidade e nem tenho formação de fisiologia para avaliar seu trabalho ou métodos de preparação física. Leigo, percebo que o time não tem o mesmo condicionamento de outros anos, sofre no final das partidas e acredito, ainda, que sequer foi quem conduziu a pré-temporada do clube, pois parece que foi contratado junto à Roberto Fernandes.
A pergunta que faço e talvez não tenha resposta é se compensa termos toda esta estrutura física e técnica no Centro de Excelência se não a exploramos corretamente. Creio que se explorássemos esta estrutura adequadamente, com profissionais que fizessem uso daquilo que o CE os fornece, o rendimento físico seria outro. Conheço o CE do Caju e tenho absoluta convicção que a estrutura, aparelhos e tecnologia são excelentes, só não sei se o material humano é condizente.
Enquanto o preparo físico dos jogadores atleticanos continua aquém do exigido e o time constantemente perde pontos ao sofrer gols decisivos no final dos jogos fica a lição que o jovem piloto de F1 Nelson Ângelo Piquet aprendeu ao conquistar seu primeiro pódio na categoria duas semanas atrás: “Aprendi uma lição nesta corrida. O final de semana só acaba depois da bandeirada. Ontem [sábado] eu estava chateado, pra baixo, achando que meu fim de semana seria ruim e que eu poderia conseguir no máximo um 13º, 14º lugar. Mas graças a Deus não foi assim”. Afinal, como uma corrida de F1, um jogo de futebol só termina quando o juiz apita o final.
Amigo atleticano.
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