Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

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31/07/2008


Iria começar a escrever sobre o time e na verdade mais de 15 linhas brotaram da minha mente para a tela do computador com uma velocidade impressionante. Mas falar o que de um time formado por perdedores natos, jogadores que tem a cultura do caparanaense no DNA, pensam somente nos negócios, venda e ida para um time que lhes pague melhor e que lute por títulos e não para fugir do rebaixamento? Um time com medo de jogar em casa, onde o esforçado, raçudo porém limitadíssimo lateral Nei já afirma na noite de quarta que domingo vai ser complicado, onde o “Xerife de Pelotas” e ex-capitão Danilo aponta o dedo médio para os torcedores? Um time que conta ainda com o muito bem empresariado Rodriguinho, o mesmo que foi sem nunca ter sido e cuja maior lembrança remete a noite em que jogou a camisa, a sagrada camisa rubro-negra no chão quando ia ser substituído e acabou expulso?

Ctrl + t e Delete. Comecei de novo. Criticar a direção, a política burra do barato que sai caro, a insistência num treinador com números assustadores frente ao Atlético, índices dignos de Gilson Nunes, Cabralzinho e “Mestre” Giva que faz com que o picanheiro e itapaiveiro Vadão seja um Rinus Michel perto de Bob Fernandes. Não vale a pena gastar uma linha com os “donos” do caparanaense (outra invencionice ridícula) enquanto a preocupação forem apenas às finanças em detrimento de um mínimo de qualidade no futebol.

Penso em falar de algo bom, em falar de algo que valha a pena. Sou um otimista por natureza e por maior que seja o problema tento tirar uma boa lição dele e ao contrário da direção do Atlético, eu busco aprender com as lições e não lutar contra elas.

O Atlético, ou melhor, o caparanaense que emporcalha nossa camisa fez tudo para que abandonássemos o time nos últimos tempos. Proibições mil, brigas com as organizadas, ingressos caros e plano de sócios mal feito e extremamente caro. Quando o bicho pegou, liberaram bateria, depois faixas, hoje bandeiras, fomos chamados a, junto de boas contratações e um treinador de gabarito tirar o time da iminente segundona no returno ano passado e agora com um plano societário justo e decente damos a resposta.

Mesmo com a pane no sistema de informática, sem propaganda e nenhuma ação de marketing efetiva, sendo mais uma vez eliminados precocemente e por um time bizarro na Copa do Brasil em casa, perdendo o título para o maior rival novamente em casa, vendendo os destaques e trazendo lesionados ou dispensados de clubes periféricos, tendo quase meio time no departamento médico que mais demora para recuperar os atletas, mesmo com toda a tecnologia e modernidade do CT que adoramos mostrar pro mundo, mesmo com tudo isso temos mais de 18 mil sócios. Isso é somente paixão, amor cego ou é uma real prova de comprometimento dos torcedores com o clube que amam?

Há ainda alguma dúvida da vontade eterna que temos em ajudar o Atlético? O que mais querem de nós torcedores? Jogar na eternamente acumulada Timemania, cujas probabilidades de acerto são menores que a Mega Sena? E mais dinheiro para que, para mais obras que nunca acabam, para o prosseguimento do tal projeto iniciado em 1995, para terminar a Arena que deveria ter ficado pronta em 2002, depois estaria em pé em 2006 depois do episódio da final da Libertadores ou somente às vésperas da Copa de 2014, cuja confirmação de nossa cidade como sede ainda é incerta e questão essa que NUNCA havia sido colocada antes de 2004?

Se a voz do torcedor, do sócio deve ser ouvida, que os mandatários do Atlético tenham um pouco mais de consideração e respeito com aqueles que são os verdadeiros “acionistas” desta empresa; chegou a hora de gastar. É passada a hora de termos um planejamento estratégico de médio/longo prazo também no futebol. Se temos ações e medidas acertadas e inteligentes nos planos de administração das finanças, captação de recursos, equilíbrio contábil e em toda a área burocrática, nos falta um plano de futebol verdadeiro num clube, que até onde eu saiba não é um clube de investimentos, e sim um clube de futebol.

Dispensas foram efetivadas, e isso já foi um passo. Mas não é trazendo jogadores que levam meses e mais meses para entrar em forma, outros com eternas, incuráveis e misteriosas contusões, atletas em fim de contrato e dispensados de clubes até mesmo menores que darão solução ao grave problema de falta de qualidade que observamos já há três anos. Depois de muito tempo vemos talentos saindo do CT, pois não há como negar que Pimba, Chico, Renan e Douglas Maia possuem sim suas qualidades mas que só serão exploradas se eles jogarem junto de jogadores que as potencializem.

Kléberson só foi o que foi, destaque no Furacão e depois na Seleção do Penta por jogar junto de bons atletas que o fizeram se destacar. Jadson e Fernandinho se não tivessem jogadores como Washington, Fabiano, Diego, Marcão e Marinho não teriam se destacado tanto no time de 2004 que a bem da verdade não ganhou nada, mas que dava gosto ver em campo. Comprem a idéia de um time vencedor que a torcida faz, ou melhor, continua fazendo sua parte. É flagrante a fragilidade do atual elenco atleticano!

E para os que vão de cabeça quente no jogo domingo, lembrem que o silêncio é a melhor das respostas. Este time com apoio e incentivo já é vergonhoso, imagine sendo vaiado desde o começo. Não que tenhamos que tolerar tudo, erroneamente como a direção passar a mão na cabeça deste bando que o fraco Bob Fernandes coloca em campo, mas que o protesto seja silencioso. Chega de somente o sofrido e combativo torcedor atleticano fazer sua parte, vamos esperar eles fazerem a deles primeiro.

ps. serão os últimos jogos com venda de cerveja no estádio. Imagina ver essa várzea sem umas cervas...vai ser de matar mesmo!

Amigo atleticano.
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ARREMATE

“No porque hayas caído tu luz es menos alta” Nicolas Guillén sobre o comandante Che, 1967.


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