Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Voto de confiança

20/07/2008


"Eu não me envergonho de corrigir e mudar as minhas opiniões, porque não me envergonho de raciocinar e aprender."
- Alexandre Herculano

Faço questão de começar a minha coluna com essa frase, porque ela resume com perfeição a minha mudança de opinião em relação ao trabalho que vem sendo desenvolvido no time do Atlético sob o comando do técnico Roberto Fernandes.

O mundo do futebol é uma coisa fantástica e neste domingo a sensacional defesa de pênalti do goleiro Galatto serviu para que muitos torcedores, ao invés de criticarem o técnico Roberto Fernandes, conseguissem reconhecer e ver as qualidades de seu trabalho. Foi um detalhe – detalhes que faltaram nos empates contra Coritiba e Internacional e nas derrotas para Cruzeiro e Grêmio. Detalhes decidem jogos, decidem carreiras.

Futebol é impressionante, mas às vezes (mesmo sabendo que isso é muito difícil) é preciso analisar o jogo e não o resultado. Assim como no jogo contra o Cruzeiro, o Atlético foi bem neste domingo, contra o Vasco. Dentro das nossas limitações, o técnico Roberto Fernandes soube armar bem o time, neutralizar as jogadas do adversário e o que me deixa mais satisfeita: armar contra-ataques em velocidade, explorando muito o Ferreira e o Joãozinho. É o claro sinal de que o time está em evolução e o grande desafio agora é manter deste desempenho para melhor.

Mas, assim como no jogo contra o Cruzeiro, neste domingo Roberto Fernandes foi novamente vítima da falta de preparo físico do Atlético. É impressionante como lá pelos 15 minutos do segundo tempo o time literalmente morre em campo. O treinador fica que nem um louco à beira do gramado, pedindo para o time não recuar, mas é em vão: somos facilmente engolidos pelo adversário, que ganha o meio-de-campo e, na base do sufoco, encurrala o nosso time na defesa. Sem tempo para respirar, o sistema defensivo atleticano fica muito mais vulnerável às falhas. É o que vem acontecendo nos últimos jogos, quando levamos diversos gols no fim do jogo e por falha individual na marcação – exceção à derrota para o Fluminense, em que tivemos uma atuação desastrosa.

É muito preocupante essa falta de preparo físico. Ainda mais agravada porque, com a maratona de dois jogos por semana, não temos tempo para tentar uma recuperação física dos jogadores. Por outro lado, é animador ver que enquanto o time tem pernas, o esquema tático do Roberto Fernandes é sensacional, impondo um futebol rápido e envolvente em campo.

Eu já tinha tido uma boa impressão do trabalho técnico do Atlético na quarta-feira, após o bom jogo contra o Cruzeiro (e confesso que naquele dia já tinha me arrependido de apoiar uma possível mudança no cargo de treinador). Depois do jogo contra o Vasco, tive certeza que faltam detalhes ainda para o time melhorar, mas assim que conseguirmos ter um desempenho físico regular, sem oscilações nos 90 minutos de jogo, tenho certeza que o time vai decolar.

Quanto ao Roberto Fernandes, em primeiro lugar devo um pedido de desculpas. E uma garantia: ganhou meu voto de confiança!


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