Carlos Antunes

Carlos Roberto Antunes dos Santos, 79 anos, é professor de História e foi Reitor da Universidade Federal do Paraná entre 1998 e 2002. Filho do ex-treinador Ruy Castro dos Santos, o famoso Motorzinho, técnico que criou o célebre Furacão de 1949. Nos anos 50 e 60, jogou nos juvenis do Atlético, sagrando-se bicampeão paranaense. Foi colunista da Furacao.com entre 2007 e 2009.

 

 

A síndrome dos cinco minutos finais

18/07/2008


O Atlético deveria enviar um ofício à FIFA solicitando que uma parte das regras que regem o futebol profissional mude: o tempo das partidas do CAP daqui pra frente deveria ser de 85 minutos. Portanto, legislar em causa própria seria fundamental para o Atlético sair com vantagens das suas últimas partidas. Nos jogos contra o Coritiba, Inter e Cruzeiro, os cinco minutos finais se constituíram numa tragédia, sendo que "no crepúsculo do jogo" deixamos escapar cinco pontos. Em síntese, com 18 pontos estaríamos hoje em oitavo lugar. Mas aqui fica a pergunta que não quer calar: por que nadamos, nadamos e morremos na praia? Nas entrevistas, alguns jogadores lamentam o castigo de final de jogo, outros acusam a desatenção e o treinador Fernandes normalmente tem culpado as arbitragens ou a falta de pontaria. E assim caminha a humanidade e o Atlético para a zona de rebaixamento, pois futebol tem ao menos noventa minutos de duração.

Os últimos jogos do Atlético revelam uma verdade: o Ferreira embarcou o seu futebol num tapete mágico para as Arábias (Al-Shabab) que de lá não retornou. A impressão que se tem é que o Ferreira desaprendeu de jogar futebol, pois desde que voltou não realizou uma partida decente. No jogo contra o Cruzeiro, ele poderia ter matado a partida no primeiro tempo, pois perdeu duas oportunidades imperdíveis. Em outros momentos e com um ataque de melhor qualidade, o Ferreira poderia ir para o banco. Por outro lado, o Anderson Aquino em duas ou três jogadas fez mais do que o Marcelo Ramos em diversos jogos, demonstrando que pode dar uma grande contribuição para o reencontro do Atlético com aquilo que é a razão de ser do futebol: fazer gols. No momento, dos 20 clubes da Série A somos o terceiro ataque menos positivo.

No andar da carruagem, em virtude dos longos estágios no estaleiro, continuamos sem alguns jogadores que poderiam, em conjunto, melhorar o desempenho do Atlético no ataque, dentre eles Netinho e Júlio César. Hoje não temos um executor de um dos mais interessantes fundamentos no futebol que é o lance de bola parada, pois falta na meia lua para o Atlético é executada como se fosse tiro de meta.

Do exposto, a cura para a síndrome dos cinco minutos finais é colocar em campo uma equipe que possa dar a necessária demonstração de poderio, com atitude, confiança e disposição para superar os desafios impostos por esse disputado Brasileiro. Estes são os valores que poderão impedir que a Baixada deixe de se transformar em salão de festas para os nossos adversários. Nesse sentido, se enfileirarmos três vitórias seguidas no Vasco, Sport e Figueirense não só nos afastamos da zona de rebaixamento como será possível retomar a mística da Baixada, onde torcida ganha jogo sim!


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