Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Escassez de gols

16/07/2008


O ataque atleticano é apenas o 16.º entre os vinte times do Campeonato Brasileiro de 2008. Somente Goiás, Fluminense, Santos e Sport fizeram menos gols que o Atlético na competição e destes, apenas o campeão da Copa do Brasil está à nossa frente na classificação. A zaga funciona bem, sofreu 12 gols e é a sexta melhor entre todos os times, mesmo tendo sofrido metade destes gols contra Grêmio e Fluminense nas duas últimas apresentações fora de casa.

Estes números poderiam ser encarados como normais, especialmente se torcêssemos pelo outro time da capital que ao longo da história caracterizou-se como uma equipe de poucos gols sofridos e marcados, mas o Atlético não é assim. O Furacão ganhou este apelido em 1949 pelo seu instinto matador, um time ofensivo, de muitos gols a favor e contra também, mas sempre prevalecendo o ataque. E isto não mudou ao longo do tempo. Em 1999, 2000, 2001, 2004 e até mesmo nas campanhas ruins, o Atlético marcou muitos gols, teve atacantes memoráveis e sonoras goleadas na Baixada. Um exemplo disto é o Campeonato Brasileiro de 2006, onde o Atlético encerrou a competição na fraca 13.ª colocação, mas mesmo assim teve o quarto melhor ataque da competição.

Os ídolos atleticanos do passado são na maioria grandes atacantes que brilharam individualmente ou coletivamente. Washington, em 2004, destacou-se com a camisa atleticana e superou o recorde de gols em um campeonato brasileiro. Em 2001, o rubro-negro fez o segundo maior número de gols na competição pré-pontos corridos.

No atual campeonato, por sua vez, o Atlético tem um dos piores retrospectos ofensivos entre todos. O fato de ser o quinto pior neste quesito é mais determinante para o clima ruim que ronda o clube do que para a má campanha, pois alguns times conseguem a fórmula de vencer sempre por 1x0, empatar sem gols, perder (pouco) pelo placar mínimo e chegar assim entre os melhores, mas a série de empates e poucos gols na Baixada está acabando com a paciência do torcedor.

O cúmulo disto foram os dois últimos jogos em casa quando o treinador Roberto Fernandes substituiu nossos atacantes por um zagueiro, no Atletiba, e por um volante contra o Internacional. Isto sem falar na tentativa de “consertar” a substituição, sacando o Renan para recolocar um atacante em campo. A emenda, contudo, saiu pior que o soneto e, impaciente, a torcida não suportou. Não concordo com vaias antes do apito final do árbitro, mas dificilmente alguém assistiria aquilo sem mostrar insatisfação.

Roberto Fernandes ao chegar no Atlético fez a seguinte declaração: "Quem acompanha meu trabalho sabe que gosto de equipes ofensivas. No Náutico, tivemos o segundo melhor ataque da competição”. Na prática, desculpe-me o treinador atleticano, mas salvo raríssimos momentos não consigo vislumbrar um Atlético ofensivo. Por mais que falte um atacante matador já que não foi dada uma oportunidade para Marcelo Ramos recuperar-se da má fase com uns jogos no banco, Joãozinho ainda busca seu ritmo ideal, Julio César está contundido e Rafael Moura não tem condições de jogo o time pouco tem criado e finalizado a gol.

O torcedor atleticano está ansioso por uma recuperação, mas a falta de gols tem tirado a paciência da maioria. Na era Roberto Fernandes foram oito gols em oito jogos, sendo cinco na goleada contra o Goiás. Se não contarmos esta jornada extremamente positiva, o rubro-negro marcou apenas três gols em sete partidas, dois de pênalti, um de cabeça, sempre com Alan Bahia, nunca fora de casa. Isto é preocupante!


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