Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Papo com a Ingrid

11/07/2008


- Ingrid Betancourt, fiz umas comunidades para você no Orkut.
- O quê? Virou latifundiário? Pelo amor dos outros reféns... não quero isso.
- Calma, Ingrid. Orkut é só uma rede social na internet. Pode ficar tranqüila.
- Que susto. Não quero me meter em confusões, por favor.
- Que nada. A internet ajudou bastante os seus "fãs". Inclusive há vários vídeos no Youtube sobre o seu resgate.
- Eu tubo? Ficou maluco, menino? O que você andou fazendo nestes seis anos em que fiquei longe?
- Eia, Ingrid. Youtube é uma página, também na internet, onde as pessoas colocam vídeos. É bem bacana e revolucionou o mundo.
- Nossa. Essa eu também não conhecia. Deve ser legal mesmo. Conte-me mais novidades.
- Futebol?
- Adorei a cabeçada do Zidane no Materazzi em 2006.
- Vixe... por aqui a gente até tinha esquecido disso. Aliás... Quem ganhou mesmo a Copa?
- No cativeiro me falaram que foi a Itália.
- Isso. Isso mesmo. Itália.
- Mas me diga, brasileiro. Aquele time que foi campeão em 2001, o Atlético Paranaense?
- O que tem, Ingrid?
- Quando eu fui seqüestrada, em fevereiro de 2002, ele estava na Libertadores. Tinha um soldado que torcia para o América de Cali que vibrou com o empate de 1 a 1 no Brasil.
- Pô, Ingrid. Assim você me quebra. Lá vou saber o grupo do Atlético Paranaense na Libertadores em 2002?
- Mas eu lembro, brasileiro. Bolívar, Olmedo e América.
- Ahhh... lembrei. Em 2002 o Atlético foi eliminado na primeira fase da Libertadores.
- Que pena.
- Mas três anos depois quase foi campeão. Chegou até a final e só perdeu para o São Paulo.
- Que pena. Que pena. Simpatizo bastante com as cores rubro-negras.
- É, Ingrid. Mas as coisas mudaram.
- Eu sei. Você chega me falando em "orcute", "eu tubo"... Assim eu fico mais pinel do que o Fidel.
- Ahahahahaha... Ele deixou o cargo também, Ingrid.
- Isso eu sei. Os soldados sabiam de tudo sobre política latino-americana na selva. Menos da tecnologia avançada na internet.
- Essa internet. Parece que ninguém vive mais sem ela.
- Sério?
- Sério, Ingrid. Só para te dar um exemplo. Uma coluna que um torcedor fez no site oficial do Atlético serviu como pólvora para o Fluminense.
- Fluminense?
- Sim. Um time do Rio de Janeiro.
- O que ele escreveu?
- Não vem ao caso, mas os torcedores e a imprensa carioca acharam agressivo e ficaram empolgados para o jogo de quarta-feira.
- E o Atlético? Usou o texto a favor também?
- Nada, Ingrid. Parece que o técnico nem leu.
- Mas e daí, rapaz. Desembucha. Quem ganhou?
- O Fluminense. Três a zero indiscutível.
- Ai, ai, ai.
- Ai, ai, ai, digo eu, Ingrid. Aqui entre nós. Parece que tem gente lá dentro do Atlético que torce pro Fluminense.
- Não acredito.
- Nem eu, mas fontes seguras afirmam isso.
- Pô, rapaz. Esse cara está jogando contra, então?
- Não sei. Parece que gostam do trabalho dele.
- Será que gostam?
- Não sei, Ingrid. A pergunta é muito difícil de responder.
- Conte mais como estão as coisas. Seis anos são seis anos. Estou com saudades de todos.
- E eu, Ingrid? Você está tão magrinha. Tá parecendo que fez cirurgia de hérnia de hiato.
- Bom se fosse, menino. Vá comer sopa de rã todo dia para ver se você não emagrece.
- Sopa de rã não desce. Mas, voltando ao futebol, voltando ao Atlético, a gente engole cada sapo que até as FARC duvidam.


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