Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Coragem

08/07/2008


O preço da coragem é alto. Ousadia, determinação e garra são alguns dos pressupostos para se ter coragem de tomar uma decisão e firmeza e retidão para se manter no caminho, que pode parecer errado no começo, mas ali adiante se mostra o acertado. Ainda se corre o risco de dar certo e julgarem o acaso ou a sorte como seu componente principal, e ser errado não vai ser por falta de aviso prévio.

O mundo hoje é repleto de covardes, gente que se esconde atrás de microfones, gente que usa laranjas, esquemas, muralhas de proteção e mesmo uma tela de computador por se achar imune aos críticos. Coragem hoje é artigo de luxo.

E com coragem que vejo mudanças na maneira do Atlético levar sua vida há quase um ano. Depois de tempos em que a distância do Atlético e sua finalidade básica que é a satisfação do seu torcedor estar cada vez maior, o clube sentiu que era passada a hora de se aproximar daquele que independente do tempo, de títulos, de CT moderno, de Arena high tech ama o Atlético e queria estar a seu lado, na tristeza, nas alegrias, nas comemorações, nas cobranças, nas glórias e nas lágrimas.

O erro na estratégia dos planos de sócios e os preços de ingressos e planos de associação proibitivos, além da série interminável de restrições, quase normas de comportamento dentro de nossa própria casa criaram um ambiente amplamente desfavorável dentro da Baixada, não à toa, além dos fracos times montados e insistência com treinadores picanheiros e covardes, é que tivemos nossos piores resultados dentro do Joaquim Américo nos vinte e tantos meses antes de agosto de 2007.

Com a redução no preço dos ingressos a Baixada voltou a incendiar! A campanha do returno ano passado não deixa dúvidas, empatamos uma partida e vencemos as demais dentro de casa com o apoio do torcedor após o barateamento das entradas! Um clima positivo tomou conta do ar e tivemos uma boa base para iniciar 2008 e o fizemos com a série invicta, o recorde de 12 vitórias consecutivas do Furacão de 1949 batido e a perspectiva do estadual mais fácil dos últimos tempos e poder, até que enfim, expulsar o fantasma das eliminações precoces que se tornou a Copa do Brasil para bem longe e quem sabe conquista-la.

Titulares se foram, contingência do mercado, fazer o que?! O problema foi não ter reposto nenhum dos jogadores e o preço a se pagar foi muito alto. Mais uma eliminação vexatória pelo torneio nacional em casa e a perda de um titulo estadual que parecia certo. Início do Brasileiro e mesmo com uma certa demora a direção parece que percebeu que o futebol é a coisa mais importante para o torcedor de futebol (parecia tão óbvio). Com coragem, buscaram reforços, com coragem para mudar, trocaram o comando técnico, sentiram-se incomodados com a derrota e procuraram acertar.

Coragem em dispensar aqueles que tiveram chances e não corresponderam. Coragem em desinchar um elenco enorme, um grupo de grande quantidade e relativa qualidade. Tiveram a coragem, e podem sim errar também, de mudar enquanto é tempo, de admitir erros e tentar corrigi-los o quanto antes.

Se eu, crítico como fui do comando atleticano no futebol por muito tempo ao não perceber mudanças, ao me irritar com a apatia, com o aparente estado de “está tudo bem” no grupo atleticano, desde sua cúpula diretiva até o departamento de futebol vislumbro essa mudança, convido você torcedor atleticano a refletir sobre o mesmo. Que se faça até como nosso atual treinador Roberto Fernandes, um jovem comandante de perfil arrojado e que injusta e duramente vem sendo criticado pela dita “crítica especializada” daqui faz: erra por ação e não por omissão.

Cabe a cada um de nós atleticanos ter coragem de tomar posição em relação aos interesses do clube nesta nova etapa em que a direção vem buscando ouvir o torcedor e saciar seus anseios. Associar-se ao clube, saber separar o joio do trigo na imprensa esportiva, aliar-se ao clube na questão, ainda na justiça, sobre a justa e correta cobrança que o clube pretende fazer para as rádios em transmissões do Atlético, dentro das possibilidades adquirir produtos do clube (oficiais ou licenciados sempre), cobrar também, ter voz perante o clube, mas também dar sua parcela de contribuição.

Mais coragem do torcedor em cobrar arbitragens dignas num campeonato em que os ditos “grandes” cada vez mais são beneficiados. Coragem, enfim, atleticanos, de assumir nossa posição de vanguarda, de enxergar lá na frente, de pensar grande para realizar com força. Coragem para enfrentar quem quer que seja de peito aberto, com a raça que caracteriza a nação atleticana.

ARREMATE

” Te ter e ter que esquecer/
É insuportável, é dor incrível ”
- TE VER, Skank.


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