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Ricardo Campelo
Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma famÃlia inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.
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Hermenêutica, este palavrão que entitula a presente coluna, não é mais um xingamento a ser desferido contra o árbitro de Grêmio x Atlético. Este termo, difÃcil de explicar, basicamente refere-se à interpretação de expressões ou textos. A hermenêutica é muito utilizado no direito, para buscar o real significado de comandos legais - o estudante gasta algumas horas sobre livros em disciplinas como Filosofia ou Teoria Geral do Direito.
Se o futebol é disciplinado por um conjunto de regras, o árbitro, responsável pela sua execução, deve interpretá-las. E o Sr. Guilherme Cereta de Lima mostrou-se um péssimo hermeneuta nesta partida, que acabou se tornando uma goleada do time gaúcho sobre o Atlético.
O curso do jogo foi alterado no primeiro tempo, quando foi marcado um pênalti em uma puxada de camisa do atleticano Fahel sobre um adversário. A análise do juiz foi simplista: puxão de camisa, falta. Faltou-lhe interpretar o contexto da jogada. Ambos os jogadores disputavam a bola, ambos exerciam pressão um sobre o outro. O puxão na camisa não foi responsável pela falta de êxito do gremista na jogada. Por isto mesmo é que o comentarista gaúcho do Premiere classificou a jogada como "o tipo de lance em que 'ninguém' marca pênalti". Ninguém marca pois não deve ser marcado, não há prejuÃzo ao atacante que enseje uma penalidade tão grave quanto o pênalti, que praticamente dá o gol ao adversário. A maioria dos juÃzes, com um bom senso de interpretação, deixaria o lance seguir.
Pior ainda, foi o cartão amarelo mostrado na jogada. Há um conceito totalmente errado no futebol, uma daquelas "verdades de Galvão Bueno", de que puxão de camisa deve ser punido com cartão. Não há qualquer comando normativo neste sentido. A regra estatui que enseja a advertência por cartão a falta com conduta anti-desportiva. A boa interpretação desta regra é de que deve ser punido o puxão quando há um flagrante e deliberado ato capaz de prejudicar o adversário - o que não foi o caso. Este cartão amarelo acabou por decidir o jogo já que o mesmo jogador, infantilmente, cometeu uma falta por empurrão na intermediária - este sim, digno de advertência por amarelo - e terminou expulso, arruinando as possibilidades de recuperação do Atlético.
Se a situação do Furacão já estava ruim, piorou quando duas novas penalidades inexistentes foram assinaladas. Primeiro, Roger se jogou após um toque na área. Mais uma vez, faltou interpretação ao árbitro. A falta deve ser marcada quando a intervenção do adversário impede a movimentação normal do jogador. Ora, o gremista recebeu um toque na área insuficiente para desestabilizá-lo, e então jogou-se ao chão, teatralmente, convencendo o ingênuo apitador a marcar o penal. O mesmo aconteceu no terceiro lance, com o agravante de que sequer houve um toque claro no jogador gaúcho.
Uma pena que, justamente quando mostrou certa evolução, o Atlético acabou tendo seu rumo alterado por uma arbitragem de baixÃssimo nÃvel. Para o torcedor, fica o consolo de ver que o time já é outro, com a presença de Ferreira, Márcio Azevedo, e do bom atacante Júlio César. A chegada de Dos Santos, Rafael Moura e, possivelmente, Kelly, semeia uma dose de animação entre a torcida. A vitória contra os coxas, no próximo domingo, seria a faÃsca para detonar uma nova fase neste Brasileirão.
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