Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Valores

18/06/2008


Há muito o que se questionar sobre a postura da Seleção Brasileira de Futebol. É um futebol que já não empolga mais, e tornou-se chato, muito embora não se discuta a qualidade individual de muitos atletas que atualmente vestem a amarelinha.

As dúvidas que surgiram a partir da derrota diante da Venezuela transformaram-se em certeza após a péssima apresentação contra a seleção paraguaia: a seleção brasileira está, aos poucos, deixando o tempo apagar os seus valores. Valores que são muitos, desde honrar a camisa que se veste até a tradição e a admiração de um povo ao esporte mais popular do Brasil. Portanto, quem enverga um escudo como o nosso, não pode, sob hipótese alguma, entrar em campo sem o compromisso e sem o desejo de se doar ao máximo, do início ao fim.

Vejam, por exemplo, o nosso Atlético. Longe de querer comparar a qualidade individual e longe também de querer fazer qualquer analogia, mas às vezes me parece que o clube não transmite aos seus jogadores a importância da sua história, de seus valores e de sua torcida. É importante que este tema seja esclarecido ao jogador e que se cobre uma postura e uma atitude de qualquer atleta que vestir um manto com o qual tantos e tantos jogadores já escreveram suas histórias. Quando a camisa rola no peito e cobre o jogador, é preciso que uma transformação seja realizada imediatamente, no sentido de se respeitar toda uma tradição e respeitar todos aqueles que esperam, no mínimo, raça, suor e determinação.

Mesmo com a evolução do futebol, é fundamental que a essência deste esporte jamais seja esquecida no tempo. É muito importante que, aliado ao bom salário que hoje em dia faz parte dos profissionais da bola, seja mantido o compromisso e o respeito com o clube. A falta disso nos dá a impressão que estão ficando para trás os grandes valores do futebol.

O que a Seleção Brasileira precisa fazer hoje em Belo Horizonte, é reconquistar o povo brasileiro, demonstrando pelo menos o desejo de vencer, com seriedade, dedicação e compromisso. A partir daí pode ser que o Brasil resgate a magia de uma seleção cinco vezes campeã do mundo.

O jogo de hoje, contra a Argentina, talvez seja a melhor oportunidade para se levantar e dar a volta por cima. É preciso, mais do que vencer, voltar a estampar no peito os valores do esporte mais tradicional do país, o futebol.


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