Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

A novela continua

16/07/2003


“Kleberson está indo embora”. Quantas vezes não lemos ou ouvimos esta manchete? Desde a final da Copa do Mundo, vários boatos sobre a venda de Xaropinho surgiram e nenhum se concretizou. Agora, com a viagem do presidente Petraglia para a Inglaterra, parece que as negociações evoluíram e a despedida do pentacampeão parece próxima.

Parece, porque nem mesmo a comissão técnica do Atlético sabe de alguma definição. Para o jogo desta quinta-feira, contra o São Paulo, o técnico Vadão não sabe se poderá contar com seu camisa 10. Alguns apostam que esse jogo será a despedida do pentacampeão no Atlético; outros cogitam a hipótese dele nem jogar, pois já estaria negociado; e tem ainda aqueles que ainda sonham com a permanência, cada vez mais remota, do jogador no clube.

Será que a diretoria do Atlético não aprendeu que essa novela da venda de Kleberson já prejudicou o jogador e o time? Faz um ano que a gente escuta a mesma ladainha; faz um ano que o jogador vive a expectativa de realizar seu sonho: jogar no futebol europeu; faz um ano que Kleberson não consegue mostrar seu melhor futebol, porque vive nessa incerteza; e faz um ano que a torcida do Atlético não suporta mais ver o jogador vestindo a camisa do clube.

Sim, não suporta mais, porque um time que tem no hino que “a camisa Rubro-Negra só se veste por amor”, não pode tolerar que um jogador jogue aqui pensando nos dólares do futebol internacional. Que essa negociação se concretize o mais rápido possível - será melhor para o Atlético, para o Kleberson e para a torcida atleticana.

Após o mundial, eu era do time que torcia pela permanência de Kleberson no Atlético. Acreditava que ele seria uma peça importante na disputa do Brasileiro/2002 e sua experiência na Copa poderia fazer a diferença para o Rubro-Negro, rumo o bi-campeonato. E, principalmente, acreditava que, mantendo Xaropinho, o Atlético mostraria sua força, com o slogan “eu tenho um jogador campeão do mundo”. É evidente que só pensei no lado das conquistas atleticanas dentro de campo e esqueci o lado financeiro. Mas, surpreendentemente, o próprio Atlético não soube usar e valorizar a presença de um pentacampeão em seu elenco.

Hoje, um ano depois da conquista do Penta, mudei de idéia e sou favorável à negociação de Kleberson o mais rápido possível. Primeiro porque ele quer. Segundo porque sua negociação representa um alívio financeiro aos cofres do time. E terceiro porque o Kleberson precisa relaxar, esquecer as pressões da torcida, da diretoria e da comissão técnica em sempre ter que estar bem, correspondendo às expectativas que um campeão do mundo traz consigo. É momento de mudar de ares.

Eu tenho a impressão que Baixada, Curitiba, o Paraná e o Brasil ficaram pequenos para Kleberson e seus sonhos. Só espero que ele não se decepcione lá fora. Mas eu não faço parte daquele time que acha que ele “já vai tarde”. Pelo contrário, sou eternamente grata por tudo o que ele fez para o Atlético - foi peça fundamental na conquista do Brasileiro 2001, além de colocar o nome o clube no seleto roll dos campeões do mundo.

E que o dinheiro da venda do jogador se transforme em reforços de qualidade para o Atlético. Porque com a negociação de alguns jogadores, com as constantes convocações de Dagoberto e Fernandinho para a seleção e as deficiências que o time tem em determinados setores provam que o Atlético precisa, mais do que nunca, de peças de reposição. A campanha do time no Brasileiro só vai melhorar se isso acontecer.


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