Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Mudança de atitude

26/05/2008


O Atlético foi beneficiado pela tabela neste início de campeonato brasileiro. Largou contra o Ipatinga, time com traços de segunda divisão, e jogou o suficiente para vencer o jogo. Recebeu os reservas do São Paulo e deixou escapar, por puro comodismo, uma vitória que viria naturalmente caso o time jogasse com um mínimo de ousadia. Fez o gol e voltou a ser um time previsível, frágil e incapaz. Aí o Atlético mudou os planos, mudou o técnico e recebeu o Galo Mineiro, também em fase de mudanças, e por jogar mais uma vez na Baixada, a vitória seria algo simples, normal, comum, natural. Engano! Não bastava apenas entrar em campo. O Atlético não fez a lição de casa e outra vez perdeu dois pontos. Ou seja, de 6 pontos em casa, conseguimos apenas 2. Na Baixada, diante da sua imensa, apaixonada e incansável torcida, é pouco. Quase nada! Pontos que podem ser lamentados lá no final, em meados de novembro ou dezembro.

Ao sair da Baixada, após o fraco empate com o Galo de Minas, não acreditei que alguma notícia pudesse me confortar, depois de ver um time sem forças e sem alma em campo. Mas após a declaração de Danilo, comecei a refletir....

Um time que eu cheguei à conclusão de que não teve alma dentro de campo, também não teve atitude. Foi um time, mais uma vez, comum, previsível, de presa fácil. Alguns adversários custam um pouco a constatar isso, mas quando percebem a falta de harmonia entre os jogadores do Atlético, partem para cima e vislumbram a possibilidade de sair da Arena com, pelo menos, um ponto. O que vier daí para frente é lucro, e quem pode sair daqui com um ponto, pode sair com três.

Pois bem, o fato é que o zagueiro Danilo declarou publicamente que algo está errado no Atlético. Ou existe uma cambada que têm um profundo desejo de fazer do Atlético um “trampolim”, ou o ambiente está turbulento por alguma liderança negativa dentro do CT do Caju. Alguns podem achar que estou tentando encontrar pêlo em ovo, mas já alertei em outra coluna minha que alguma coisa muito estranha acontece no Atlético. Que precisamos de reforços, que a qualidade do elenco deixa a desejar, isso é chover no molhado, e estamos há muito tempo alertando a direção sobre o tema. O que me deixa confuso e preocupado é o comportamento dos que vestem a camisa atleticana. Observem a postura dos atletas dentro de campo e percebam como se estabelece uma espécie de “pane” em certa altura do jogo.

E diante de todos estes absurdos e a absoluta falta de qualidade técnica, Roberto Fernandes inicia efetivamente seu trabalho. Precisa mostrar sua competência e quem sabe exercer alguns milagres. Terá a missão de preencher o buraco que existe entre a defesa e o ataque. Terá também que fazer do ataque do Atlético, um ataque realmente ofensivo, veloz, agressivo. Terá que encontrar, em algum lugar do CT do Caju, um lateral esquerdo. Terá que resgatar a confiança dos atletas e passar uma borracha no mundo de fantasia da garotada que está começando agora. Terá que andar com um despertador e fazer valer a “hora de acordar”, antes que seja tarde. Roberto Fernandes, além de tudo isso, terá que ser o homem da motivação, o responsável por levar novamente aos jogadores o forte desejo de vencer.

E como se não bastasse apenas o seu trabalho, terá que esperar uma resposta dos atletas. Em outras palavras, a tal “mudança de atitude”. E foi exatamente o que Danilo declarou: “sem mudança de atitude, não adianta mudar o comando”. E aí Roberto Fernandes será apenas mais um.


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