Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Sai Ney Franco, chega quem?

19/05/2008


Era o Atletiba decisivo do campeonato estadual, e o treinador atleticano escalou dois centroavantes: Marcelo Ramos e Pedro Oldoni. O segundo estava fora do time há várias partidas, e apareceu surpreendentemente como titular. Ousadia do técnico atleticano? Na época, achei sem sentido. A ineficiência de dois jogadores grandes, "de área", já ficara clara na Copa do Mundo de 2006, após o fracasso brasileiro com as "torres gêmeas", Ronaldo e Adriano.

Depois do jogo, começaram a surgir boatos da venda de Pedro Oldoni, sobre sua retirada de passaporte europeu, e tudo mais. Passei a achar que talvez, naquele Atletiba, houvesse algum empresário europeu "com muita vontade" de ver o atacante em ação. A escalação do jogador ficou um pouco mais clara.

Começou o Brasileiro, e novamente quando o Atlético veio a jogar em casa (Domingo, contra os juvenis do São Paulo), Pedro Oldoni voltou a campo. Mais uma vez fiquei sem entender, dois centroavantes que não vêm jogando nada, e os dois titulares. Enquanto isso, Rogerinho, a esperança do torcedor, só tem chances nos minutos finais. E Wallyson, então, que chegou festejado do ABC de Natal, sequer teve uma oportunidade decente de jogar, o que mostra que a prioridade do Atlético não é dar chances a quem não está na hora de ser vendido.

Tudo é muito estranho no Atlético. Quero avaliar objetivamente a atuação de Ney Franco, mas não consigo dissociá-la destes fatos que pra mim não são claros. Quero comentar se a perspectiva do time melhora com a troca no comando técnico, mas não sei se a diretoria está disposta a investir em um treinador qualificado (o que seria novidade), ou buscar algum treinador da Ilha da Madeira, que se preocupe mais em colocar pela primeira vez um clube grande em seu currículo, do que impor suas opiniões.

O fato é que há anos o time vem deixando a desejar tecnicamente. O maior armador é o zagueiro Danilo, com seus balões pra frente, principal jogada do Atlético juntamente com o arremesso manual para a área, grande invenção rubro-negra que nunca deu certo. Também são anos sem ter um goleiro em quem possamos confiar. Será que nossa estrutura de PHDs e profissionais especializados funciona mesmo? É de se pensar.

Sinceramente, creio que a saída de Ney Franco não deve melhorar nada no Atlético. O time é limitadíssimo, e pelo visto os reforços que estão vindo são novas apostas - que podem dar certo, ou não. Vamos torcer para que o time se acerte, senão a diretoria correrá atrás do prejuízo quando estivermos na zona de rebaixamento, como aconteceu no ano passado.

Continuo sem entender muita coisa no Atlético. Mas talvez eu não deva entender mesmo. Talvez meu papel se resuma a pagar minha mensalidade de sócio e torcer, sem questionar nada.


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